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Fenômeno em Porto Alegre: faróis, starlinks, drones e, talvez, óvnis?

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Um provérbio popular histórico, de origem desconhecida, diz que quando “a esmola é demais, o santo desconfia”. Ele parece se aplicar perfeitamente a recente onda de avistamentos de óvnis na região de Porto Alegre, em Santa Catarina.

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A comunidade ufológica — ao menos entre aqueles pesquisadores que se deram ao trabalho de minimamente pesquisar a sequência de acontecimentos — parece estar chegando à conclusão de a rede de satélites Starlink, da SpaceX, a empresa do bilionário Elon Musk, é a grande culpada pela maior parte dos relatos. Mas será que essa explicação prosaica consegue abranger toda a gama de avistamentos relatados por pilotos de aeronaves comerciais, gravações de câmeras fixas e filmagens de celulares em solo e em voo que já estão circulando nos noticiários e redes sociais?

A resposta talvez esteja num olhar mais minucioso dos próprios relatos, para além das filmagens produzidas. O que é um paradoxo, na medida em que, de um ponto de vista científico, o depoimento do observador em si deva ser levado em consideração com redobrada cautela. Ainda assim é preciso lançar de uma avaliação criteriosa desses relatos para analisar o caso dos óvnis de “Porto Alegre” (as aspas aqui são propositais, porque nem sempre eles foram avistados de fato SOBRE a região).

Recentemente, o pesquisador Rony Vernet realizou uma live em seu canal no Youtube com uma simulação impressionante. Utilizando o software gratuito Stellarium, disponível gratuitamente, carregado com dados públicos da rede de satélites Starlink, ele mostrou a incrível correspondência em relação à quantidade e trajetórias das luzes com as quantidades conhecidas de satélites da rede da SpaceX nos mesmos dias e horários das observações.

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“Quando eu vi os primeiros céticos e debunkers* para falando sobre isso eu também não acreditei. Mas então resolvi fazer a simulação e me convenci”, disse Vernet durante a live.

[*Nota do Editor: debunker é um termo geralmente usado para definir supostos detratores da Ufologia, em especial da hipótese alienígena]

Baseado e outras simulações que, seguindo ele, apontavam para a possibilidade de serem starlinks, mas continham dados incorretos, o pesquisador resolveu ele próprio fazer uso das ferramentas e corrigir as informações. Surpreendentemente, ainda assim acredita ter demonstrado que de fato os starlinks são os grandes responsáveis pela maioria das observações.

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Mas por que AGORA são starlinks?

Os entusiastas mais antenados da Ufologia acostumaram-se a identificar facilmente relatos, fotografias e filmagens de óvnis provocados por starlinks, mas numa situação muito específica: pouco depois de seu lançamento. Visíveis em horários e regiões específicas logo após a liberação pelo foguete que os carrega, os equipamentos costumam ser vistos como longas fileiras de luzes rasgando os céus. Havia uma disputa constante em relação aos céticos que tendem a explicar tudo como starlinks.

Mas os relatos de Porto Alegre que podem ser relacionados à rede de telecomunicação agora são diferentes.

A chave é a quantidade desses equipamentos nos céus. Dados oficiais da SpaceX dão conta de que a rede já atingiu a impressionante marca de mais de 3 mil equipamentos colocados na órbita baixa da Terra. E vai piorar, pois a meta da empresa é chegar a incríveis 42 mil satélites em orbita.

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O prejuízo para a observação celeste é tamanho que as reclamações da comunidade astronômica levaram a empresa a criar a versão Starlink 2.0, em substituição à 1.5, para mitigar o problema do brilho dos equipamentos no espaço. Mas a nova geração, neste momento, representa apenas uma pequena fração dos equipamentos em órbita.

Conforme mostram várias simulações, para esta época do ano, estão transitando sobre a região Sul do Brasil centenas desses equipamentos e, por uma combinação de fatores que vão desde as condições de visibilidade atmosférica à inclinação do planeta, dezenas deles ficam momentaneamente visíveis ao refletir a luz do Sol (já bastante baixo no horizonte) para observadores olhando em direção ao sudoeste.

É o chamado “flare” e trata-se de um fenômeno absolutamente novo (ao menos para starlinks) já que, no ano passado, na mesma época, essa enorme quantidade de equipamentos ainda não estava em órbita.

Essas “aparições” seguem um padrão. Em geral descrevem uma trajetória sul-oeste (mas não obrigatoriamente, já que há pequenos grupos com trajetórias diferentes), estão próximas da linha do horizonte e ficam visíveis durante poucos segundos. Como são muitos, e na mesma região do céu, podem parecer a um observador desavisado que trata-se “da mesma luz”, ou seja: algo que some de um local e reaparece pouco à frente. Uma interpretação incorreta, pois, na verdade, provavelmente tratam-se de outros starlinks ficando visíveis.

O voo Azul 4517 e porque starlinks NÃO explicam TODOS os relatos

Apesar dos satélites de Elon Musk serem os candidatos perfeitos para explicar a histeria causada pelos óvnis no Sul do país — e provavelmente na Argentina, segundo a quantidade de relatos que começam a aparecer em situações semelhantes no país vizinho — eles provavelmente não são uma panaceia. E então voltamos ao estopim da explosão de relatos na região: o voo Azul 4517, de 22 de outubro 2022, e a importância da atenção aos detalhes de cada relato.

Naquela noite, o piloto da aeronave Airbus A320, prefixo PR-YRX, reportou ao controle de tráfego aéreo o avistamento de uma luz “como se fosse um farol de aeronave” girando 360º. O fato ocorreu a partir das 22h30 da noite e, apesar da intensidade da luz, o controle confirmou que não havia nada no radar que explicasse a aparição.

O detalhe aqui é que a duração do avistamento, que não aconteceu sobre Porto Alegre, mas a partir de Bom Retiro (SC), em direção a Porto Alegre. Diferentemente de um flare de starlink, a observação foi de vários minutos. O tal “giro” das luzes, a informação da sobreposição de duas das três luzes observadas e o espaçamento entre elas, posicionadas no intervalo entre 10 e 12 horas em relação à proa da aeronave (ou seja, quase de frente), parece indicar que o piloto estava observando outro tipo de fenômeno.

Algumas noites depois, no dia 31 de outubro, vários pilotos voltam a protagonizar o estranho encontro. Curiosamente, o voo Azul 4517, que fazia novamente o trajeto, reporta as mesmas luzes “bem no horizonte, pouco acima da camada de nuvens. São duas. Elas acendem, voltam a apagar e acendem novamente. Uma sobreposta à outra”. Não ficam claras as descrições dos demais pilotos, exceto do Gol 1270: “(são) duas (inaudível) ali, próximas do litoral, próximas à linha do horizonte. Com uma luz solitária, estática, em alta altitude. E após (inaudível)”.

Nos dois casos, os relatos dos óvnis na direção de Porto Alegre indicam que a duração aparente e o comportamento das luzes não se encaixa com o avistamento de starlinks.

Isso não significa, ainda, que é possível lançar mão de uma teoria alternativa, como a visitação de alguma tecnologia estrangeira (ou alienígena) sem avaliar outras hipóteses. Uma dessas hipóteses, inclusive, foi proposta pelo pesquisador Jorge Uesu Júnior, e apresentada pelo Portal Vigília em matéria intitulada “Mais pilotos relatam óvnis na região de Santa Catarina”, de 5 de novembro de 2022.

Uesu observou que, exatamente nas direções apontadas pelos pilotos, em especial o Azul 4517, estão localizados três faróis marítimos: Itapuã, Capão da Marca e Farol da Barra. O pesquisador fez questão de ressaltar que a visibilidade dos sinalizadores a tamanha distância das aeronaves é um incógnita, mas destacou a incrível coincidência de posição, duração, rotação e sobreposição das luzes caso algum fenômeno atmosférico e climático peculiar estivesse possibilitando a visualização a tão grande distância.

A contaminação do clima e novos “tipos óvnis” em Porto Alegre

A partir da atenção nacional e internacional que o caso ganhou, explodiu a quantidade de registros de luzes “estranhas”. Já há quem esteja denominando o caso de “Noite Oficial 2.0”, numa referência ao episódio de Maio de 1986, com a visualização e detecção radar de pelo menos 21 objetos sobre os céus entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Diferentemente daquela época, dessa vez parece que nada foi detectado pelo Comando de Defesa Aéreo Brasileiro. Já desde o segundo caso envolvendo relatos de pilotos, o Portal Vigília entrou em contato com o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) para saber o que seria feito a partir dos “reportes” que os pilotos foram solicitados a fazer para o Centro de Controle de Curitiba (CINDACTA II), a quantidade de relatos e se alguma coisa diferente havia sido detectada nos radares.

A resposta da assessoria de imprensa da FAB limitou-se a tratar protocolarmente da questão do radar para as noites então mais recentes de avistamentos — 4 e 5 de novembro — e não respondeu às demais perguntas, a despeito da insistência da nossa reportagem:

“Na sexta-feira (04/11) e no sábado (05/11), o controle do espaço aéreo ocorreu dentro da normalidade, não havendo registro de ocorrência aeronáutica no Estado do Rio Grande do Sul. Nenhum objeto desconhecido foi identificado pelos radares de defesa aérea”, respondeu a assessoria de imprensa da FAB.

A falta de registros de radar, a observação de starlinks e até, possivelmente, uma reflexão incomum das distantes luzes dos faróis no Rio Grande do Sul parecem fortalecer as hipóteses prosaicas, mas não permitem ainda descartar que ALGUNS pilotos de aeronaves realmente tenham visto uma atividade incomum, de fato relacionada ao fenômeno óvni.

Contudo, de pronto, é provavelmente seguro afirmar que não está acontecendo uma invasão de óvnis — enquanto potenciais máquinas tecnológicas físicas — em Porto Alegre. Embora, pelas muitas filmagens que ora estão circulando na Internet, agora já seja até possível notar luzes em menor altitude, voos mais elaborados e com padrões similares a drones, fruto de oportunistas em busca de alguns minutos de fama num vídeo nas redes sociais.

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