Pentágono lança novo relatório e refuta origens exóticas para UAPs
O Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, divulgou um relatório detalhado em 8 de fevereiro de 2024 sobre o fenômeno conhecido como Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAP, na sigla em inglês). O relatório nega a existência de qualquer evidência que aponte para uma origem “não humana” ou extraterrestre para esses fenômenos.
O documento de 63 páginas é a refutação mais abrangente que o Pentágono emitiu nos últimos anos para rebater alegações de que reúne informações sobre visitas ou tecnologia extraterrestre. O relatório concluiu que, se dados de melhor qualidade estivessem disponíveis, “a maioria desses casos também poderia ser identificada e resolvida como objetos ou fenômenos comuns”.
Patrick Ryder, porta-voz do Departamento de Defesa, afirmou que o Pentágono abordou o relatório com a mente aberta e sem preconceitos, mas simplesmente não encontrou evidências para respaldar alegações de programas secretos, tecnologia alienígena oculta ou qualquer outra coisa extraterrestre. Ele disse: “Todos os esforços investigativos, em todos os níveis de classificação, concluíram que a maioria dos avistamentos eram objetos e fenômenos comuns e resultado de identificação errônea”.
Mais ainda, o Pentágono acusou um “pequeno grupo” na comunidade de inteligência de manter forçosamente o assunto UAP na agenda com a “recirculação” de fatos distorcidos.
Depois de diversos vazamentos e testemunhos de depoentes juramentados afirmando a existência desses programas e operações envolvendo UAPs e talvez engenharia reversa, o maior avanço do relatório do Pentágono aparentemente foi escancarar um novo esforço do Departamento de Defesa em tentar dar um fim ao tema. No entanto, ao que tudo indica, o movimento teve efeito contrário e acabou acirrando o debate.
Relatório desagradou (muito) a comunidade UFO
Diante das negativas do Pentágono, a reação da comunidade ufológica e personalidades envolvidas nessa fase “oficial” da Ufologia norte-americana foram as esperadas: o relatório desagradou e recebeu reprimendas de todos os lados.
Lue Elizondo, ex-chefe do Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais do Pentágono, expressou sua severa desaprovação do relatório do Pentágono. Ele rotulou o relatório como “intencionalmente desonesto, impreciso e perigosamente enganoso”. Elizondo acusou a liderança do Pentágono e os ex-chefes da AARO de tentarem deliberadamente desacreditar denunciantes, ignorar evidências substanciais e ocultar a verdade tanto do Congresso quanto do público.
Jeremy Corbell, cineasta e entusiasta da Ufologia, expressou em seu perfil no X que o “exame histórico” do Pentágono sobre OVNIs é um insulto a qualquer pessoa que esteja prestando atenção. Ele questionou se “eles pensam que você é burro? Ou crédulo? É cômico”.
Christopher Mellon, ex-vice-secretário assistente da Defesa para a Inteligência durante os governos dos ex-presidentes Clinton e Bush, nos EUA, compartilhou sua opinião de que este novo relatório “não vai satisfazer ninguém”. “Para começar, é um caso do DoD e da comunidade de inteligência investigando a si mesmos sem sequer a independência que os Inspetores Gerais desfrutam. Obviamente, há um enorme potencial de conflito de interesses”.
Eric Weinstein, físico teórico e defensor de um envolvimento maior de cientistas com a Ufologia, disse que muitos seguidores estão pedindo uma reação dele em relação ao relatório recém-divulgado. Mas, segundo ele, “há muito a dizer”. E ele quer “pensar cuidadosamente antes de dizer mais”. No entanto, esclareceu que “não é insensível às necessidades de segurança nacional dos EUA neste assunto”.
Uma coisa, no entanto, é fato: o tema está longe de se esgotar. Diante do cenário político tenso em torno do assunto e das promessas de que algo novo deve surgir em breve para chacoalhar a cena UFO, como tem reiterado o ex-oficial Luis (Lue) Elizondo, a polêmica deve persistir.
