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Um legítimo caçador de UFOs

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Ele passa pelo menos três meses por ano viajando em busca informações sobre fenômenos insólitos. Nascido na cidade de São Paulo, mas morando em Madri, na Espanha, tem na família, que ainda vive no Brasil, sua forte ligação com o país. Solteiro, aos 34 anos –nove deles na profissão– o jornalista Pablo Villarrubia Mauso pode ser considerado um verdadeiro caçador de UFOs. Como repórter das revistas espanholas “Año Cero”, “Enigmas de Actualidad” e “Mas Alla de La Ciencia”, percorre localidades de língua espanhola e portuguesa investigando e reportando acontecimentos inexplicáveis.

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Nesta entrevista exclusiva ao Portal Vigília, quando em mais uma viagem de pesquisas no Brasil, no início de 1997, ele falou sobre sua formação profissional como auxiliar na interpretação do Fenômeno UFO e comentou a situação da Ufologia em diversas partes do mundo.

Sempre descontraído e sorridente, Villarrubia dá a receita para fazer dinheiro não ‘da’ pesquisa ufológica, mas ‘para’ ela. Em breve ele lançará um livro de crônicas de viagem que reúne turismo, arqueologia, ecologia e Ufologia.

Num dos poucos momentos em que tirou o sorriso do rosto, revelou seu temor de não vir a saber a verdade sobre o Fenômeno UFO ainda em vida.

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Vigília: como surgiu seu interesse pela Ufologia?

Pablo Villarrubia: Comecei a me interessar pela Ufologia aos 12 anos de idade. Aos 14 formei um grupo de investigações chamado Gifet (Grupo de Investigações de fenômenos extraterrestres, que atuava na Vila Guilherme, com mais ou menos umas 7 ou 8 pessoas participando. Já fazíamos pesquisas de campo naquela época. Um dos casos que pesquisamos foi a queda de um suposto OVNI na Serra da Cantareira, se não me engano em 1978. Fizemos umas três vigílias nacionais naquela época, congregando grupos do Nordeste, de Brasília, São Paulo e do Rio de Janeiro.

Mais à frente comecei a me dedicar um pouco à parapsicologia e à arqueologia, que paralelamente, me interessaram também. E já no jornalismo, no Shopping City News (nota do webmaster: jornal de bairro em São Paulo), escrevi uma coluna chamada Vida Alternativa. Durante 4 anos fiz esta coluna semanalmente, além de fazer também a parte de ciência para o jornal. Fazia um pouco de tudo, em contato com as ditas paraciências, e foi importante por adquirir experiências e a partir daí estabelecer critérios e padrões comparativos.

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V: Estas experiências deram-lhe habilidade para colaborar com diversas revistas. Quais?

Pablo: Na Espanha, a Año Cero –que também circula por praticamente toda a América Latina– e a Mas Alla de La Ciencia. Há também a a Enigmas de Actualidad, esta mais recentemente. São revistas hoje consideradas entre as melhores do mundo pela qualidade de impressão, das fotografias, das informações. São realmente muito boas. Algumas, digamos, têm realmente sua faceta sensacionalista, porque precisam vender. Dependem de serem vendidas para se manter, mas ao mesmo tempo trazem uma informação fidedigna, de pesquisadores com seriedade, e para um público bastante amplo. Algumas têm edições em outros países, como a Mas Alla, que tem uma edição francesa, ou a Año Cero, que circula na América Latina. Elas chegam a ter uma tiragem de 300 mil exemplares.

V: Você, por conta da colaboração com estas revistas, percorre o mundo atrás de discos voadores?

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Pablo: Na realidade, percorro por conta própria, porque, principalmente, não dá para viver da Ufologia. Aí, como jornalista, vou atrás de assuntos gerais também, como ecologia, arqueologia e turismo –principalmente turismo ecológico– escrevendo matérias para os jornais locais.

Nestas viagens, eu faço um investimento. Vou atrás do que interessa na América Latina, Norte da África e Península Ibérica. Só aí já tem muita coisa para ser vista, principalmente pelo seguinte motivo: acho que a lingüa é fundamental quando se faz uma pesquisa de campo. Um bom conhecimento lingüístico lhe permite travar um bom relacionamento com as testemunhas e logicamente essa empatia que surge vai facilitar, e muito, conseguir os dados que sejam fundamentais para a pesquisa.

V: Sua formação profissional auxilia nesse trabalho de investigação?

Pablo: Muito. Acho que o jornalismo me serviu bastante porque me dá condições de saber como me movimentar pelo mundo, que contatos estabelecer e qual a melhor forma de me aproximar das pessoas.

E é fundamental a expressão jornalística; como você enfocar um assunto de acordo com o interesse do leitor. Eu me coloco muito na condição de leitor. O que o leitor quer saber? Porque o leitor somos todos nós. Qualquer ser humano, qualquer que seja a cultura, que esteja lendo essa matéria, quer saber de onde vem isso, quais são os dados, quais as provas.

O aspecto “lead” da notícia é a mesma coisa que faz um pesquisador de campo. Você pode comparar a técnica jornalística à técnica da pesquisa de campo na Ufologia. O “lead” são todos os dados fundamentais para você escrever uma matéria. O “o que”, “onde”, “quando”, “como” e “porquê”. Todos esses dados são praticamente os mesmos que um ufólogo de campo vai utilizar. E o jornalismo dá esta experiência. E você une estas ações, como jornalista e ufólogo.

V: Você trabalha mais em campo, ou escrevendo, numa redação?

Pablo: Bom, eu gostaria só comentar uma coisa sobre trabalho de campo e o trabalho de gabinete. Eu acho fundamental o trabalho de gabinete. Diria que viajo normalmente 3 meses por ano. Agora estou viajando um pouco mais, uns 4 a 5 meses nos últimos três anos. Mas o resto do ano passo em Madri, na Espanha, na minha casa ou nas bibliotecas espanholas. Trabalho muito também respondendo cartas, me correspondendo com especialistas no mundo inteiro.

Preciso ir às bibliotecas consultar muitos livros, não só na área ufológica. Eu acho que o ufólogo não pode se restringir ao que existe na Ufologia, tem que partir para a parapsicologia, sociologia, comportamento de massa. Tudo é fundamental para desenvolver um trabalho. Eu digo mesmo que estou mais tempo enfurnado nas bibliotecas que talvez no campo. Logicamente é impossível estar viajando por 6, 7 ou 8 meses. É uma questão financeira até. E, outra, também não é bom estar viajando tanto tempo porque você precisa de um tempo para analisar aquelas informações que recolheu. Se você acumula muitos dados e não vai destrinchando estes dados, se você não vai analisando isso, perde a informação, não consegue assimilá-la.

V: A Ufologia vive hoje um grande drama. São 50 anos de pesquisa e até agora os pesquisadores não conseguiram dar à humanidade a conclusão sobre a existência do fenômeno e sua origem, se é extraterrestre ou não. A que você atribui a dificuldade em chegar a esta conclusão?

Pablo: A questão de chegar a uma conclusão sobre o fenômeno OVNI dependeria de provas materiais. Provas que se pudesse reproduzir em condições de laboratório. E como isso não é possível, assim como muitas vezes acontece também na Parapsicologia –e eu comparo muito a Ufologia à Parapsicologia–, dificilmente vai se chegar a uma conclusão. Uma das principais características do fenômeno, por isso mesmo, é a de ser intangível.

Agora, devido à grande quantidade de relatos, até fotografias e provas indiretas da existência desses objetos, pode-se afirmar –e realmente eu afirmo: o fenômeno em si é verídico. Os Objetos Voadores Não Identificados, tal como diz a expressão, são reais. Não cabe nenhuma dúvida. O problema é justamente dizer se estes objetos são extraterrestres. As primeiras correntes ufológicas se inclinaram em favor dessa perspectiva, a exobiológica. Mas com a evolução da Ufologia, e os próprios avanços da Ciência, surgiram outras hipóteses, tal como teoria de universos paralelos, armas secretas…

V: E o que mais seria preciso para conseguir essas provas?

Pablo: A maior dificuldade seria realmente formar grupos de pesquisadores sérios que se reúnam para estudar o fenômeno oficialmente. Extraoficialmente sabemos que existem grupos entre os militares e alguns governos que estão pesquisando. Agora, oficialmente, não.

Outro empecilho para que isso ocorra, a formação desses grupos civís, é que a Ufologia é um campo que tem se prestado muito a fraudes e à descrença em geral por conta do surgimento de muitos charlatães, que tem prejudicado enormemente a pesquisa.

V: E os charlatães buscam o que? Notoriedade? Dinheiro?

Pablo: Notoriedade, dinheiro, às vezes são fanáticos, loucos e seitas religiosas que se formam até nem por dinheiro, mas por uma questão egocentrista, de ordem mística. E isso leva realmente a uma descrença maior da Ufologia.

V: Você já deve ter pesquisado muita coisa na Ufologia. Deve ter havido algum caso que tenha chamado mais a sua atenção.

Pablo: Eu tenho pesquisado em países como Portugal, Espanha, Marrocos, México, Guatemala, Honduras, Brasil, Argentina, Paraguai e Chile. Basicamente esses países. Mas eu acredito que um dos casos mais extraordinários foi realmente o fenômeno chupa-chupa, da região do Norte e Nordeste do Brasil. Ele se manifestou entre 77 e 78. Isso não significa que não tenha existido antes, mas uma onda desses objetos surgiu neste período.

Como principal característica, são objetos que disparam feixes de luzes nas pessoas e as queimam. Houve também possíveis mortes provocadas por estes objetos. Casos como foram verificados nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Ceará. Posteriormente também apareceram relatos –mas não com casos de mortes e ferimentos– na Paraíba.

V: Mas ainda têm aparecido casos semelhantes?

Pablo: Com as características antigas não. Bom, há alguns casos esparsos de pessoas machucadas, mas com as queimaduras que frequentemente aqueles objetos provocavam na época, não. Mas agressões de algum modo, como paralisação do corpo, emissão de gases que paralisam as pessoas, sim. Inclusive em Guarabira (Paraíba), mais especificamente em Mamanguape, próxima da cidade, houve um caso de um moço atingido por uma espécie de gás emitido por um desses objetos. Esse moço foi hospitalizado.

O chupa-chupa me fascina porque ele tem um padrão até geográfico. Ele segue uma linha geográfica que vem do Oceano Atlântico, entra pela Paraíba, conforme alguns casos registrados em 77, em Jacareu, interior da Paraíba; desloca-se do Ceará para o Maranhão, seguindo os cursos de água, e vai entrando pelo Pará, onde penetra pelo Rio Amazonas. Eu cheguei até a região de Santarém, agora no final de 1995, e lá registrei casos. Até uma moça que abortou por ter sido atingida por um feixe de luz.

V: Como você vê hoje, comparando com os pesquisadores do mundo com os quais você tem contato, a Ufologia Brasileira.

Pablo: Ela está num fase de desenvolvimento. E eu cito grupos como o CEPEX e o GUG como exemplos exponenciais desse desenvolvimento, já que têm Ufologia com trabalho de campo, de ir atrás dos fatos. E porque têm uma orientação científica. Mesmo que, digamos, não sejam cientistas, têm essa orientação e estão pedindo realmente a colaboração de cientistas para que a Ufologia se encaminhe nesta direção, com uma proposta muito mais séria de análise e sem precipitações. Isso é fundamental.

Agora, logicamente, existem muitos grupos dispersos pelo país, muitos aficcionados, grande quantidade de amadores. Isso não significa que, de certa forma, todos nós não sejamos amadores; afinal não existe, que eu conheça, Ufologia profissional, a não ser talvez nos Estados Unidos, onde se ganha muito dinheiro com a Ufologia, vendendo produtos ufológicos. Vejo com bons olhos a tendência no Brasil

V: Sob seu ponto de vista qual é, no mundo em geral, a situação da Ufologia?

Pablo: No mundo, infelizmente, os Estados Unidos são o pior exemplo de Ufologia que se possa dar neste momento. Salvo algumas exceções –alguns grupos que têm a vontade de fazer algum trabalho sério– é um país dado a especulações e fantasias. O fenômeno de paranoia é corrente, desde a época do Macarthismo até hoje. Me desculpem os pesquisadores americanos –e realmente tem gente boa também, que está pesquisando de forma séria– mas é um pouco complicada a Ufologia nos EUA. É diferente por exemplo da linha da Ufologia francesa. É uma pesquisa mais cartesiana, com pesquisadores como o próprio Aimèe Michael e Jacques Vallèe.

E, talvez, um dos países mais avançados na Ufologia seja Portugal. Lá a Ufologia já está dentro da universidade, na Universidade do Porto. É dirigida por um grupo, o CNIFO, e cercada de físicos, historiadores, biólogos, trabalhando com o aspecto multidisciplinar da Ufologia, com os pés no chão, em contato com os principais centros mundiais.

Eles têm um boletim muito bom, um anuário, chamado Anomalia. É um boletim de nível acadêmico eu diria, e que tem se prestado a divulgar, em língua portuguesa, o que há de melhor na Ufologia mundial. (Nota do Webmaster: veja link na seção UFOlinks nacionais).

V: Você está escrevendo um livro com uma tese interessante, relacionada ao fenômeno UFO. Fale-nos um pouco desse trabalho.

Pablo: Não queria falar muito sobre o livro para não gorar a negociação com a editora [risos]. Mas está praticamente tudo pronto, com contrato assinado. Talvez o título mude, mas a priori chama-se “Os mistérios do Brasil, 20 mil quilômetros através de uma geografia oculta”. Tratam-se de 4 meses de viagens pelo Brasil, do final de 1995 até princípio de 1996, visitando primeiramente a região Sul e depois os estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Paraíba, além de regiões inóspitas como o alto Rio Negro.

Esse livro contém não só informações ufológicas como também -e principalmente- arqueologia. Talvez 50% seja sobre enigmas arqueológicos do Brasil, 30% Ufologia e 20% de Ecologia. É uma espécie de uma crônica de viagem, mas fundamentado também no aspecto da geografia, com entrevistas com ufólogos, ecologistas e arqueólogos.

O que eu coloco como teoria, ao final, é de que nos muitos sítios arqueológicos no Brasil, com grande concentração de figuras rupestres e inscrições, coincide, muitas vezes, a ocorrência de fenômenos ufológicos e até parapsicológicos.

V: Você se considera um caçador de UFOs?

Pablo: Acho que virei mesmo caçador de UFOs [risos]. Porque veja bem, você está no campo e acaba perguntando mesmo… Ainda que esteja escrevendo sobre outra coisa, como as matérias que lhe falei sobre turismo ou ecologia, você está num meio rural, onde isso é propício. Logicamente acontece na cidade também, mas no meio rural é mais interessante porque você está em contato com o caboclo, com o matuto ou com o caipira, que têm um nível de expressão próprio e muito autêntico, pelo qual você infere que muitas vezes a contaminação informativa não é tão grande.

Isso significa que você pode dar um grau de credibilidade maior a uma testemunha com essas características do que a uma pessoa do meio urbano, que já tem um conhecimento maior sobre o que é um UFO e coisa e tal.

Por isso creio que o meio rural é o melhor lugar para a pesquisa, e é importante que o ufólogo não interfira procurando dar explicações sobre o fenômeno para essas pessoas.

Não é uma questão de má vontade, mas porque prejudica a própria Ufologia. Se você coloca teorias para essas pessoas, de repente elas assimilam de uma certa forma que não retrata a realidade do fenômeno, até porque só temos teorias. E isso contamina o ambiente ufológico.

V: A sua experiência na Ufologia lhe dá alguma indicação de qual a melhor forma de chegar a uma conclusão sobre o fenômeno?

Pablo: Eu diria que, sem querer ser pessimista, acho que vou morrer sem saber a verdade sobre os discos voadores, assim como a maioria dos ufólogos. Não acredito necessariamente que a gente descubra algo. Posso estar errado. Espero que eu esteja errado. Gostaria muito de saber, antes de morrer, o que é o fenômeno OVNI. Mas se temos 50 anos de pesquisa sistemática e até agora não tivemos uma resposta definitiva, não creio que nos próximos 50 anos a tenhamos. Contudo, se vier, será bem vinda…

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