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Opinião

Contra fatos não há argumentos

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A frase que dá título a este editorial é um chavão já bastante desgastado, mas encaixa-se bem ao tema Ufologia, embora, ressalto, particularmente não concorde com ela. Explico: um fato, por mais concreto que seja, vai interferir –ou não– nas nossas vidas de acordo com filtros pessoais. Vai descartar alguns argumentos contrários, sim, tornando-os incompatíveis com a observação, mas restarão outros enquanto a componente ‘interpretação’ subjetivar sua avaliação.
É simples exemplificar isso. As pessoas vão ao show do ilusionista David Coperfield para vê-lo fazer um trem desaparecer e pagam para ser iludidas. A platéia deixa mesmo de ver o trem, isto é um fato. As pessoas ficam encantadas em imaginar como ele consegue fazê-lo. Há muitas evidências de que ele realmente fez o trem desaparecer aos olhos dos observadores. Apenas um detalhe impede que interpretem que o ilusionista de fato o “desmaterializou”. Esse detalhe é uma ” verdade coletiva”: todos já assimilaram a idéia e sabem que se trata de um truque.
No mesmo exemplo, por trás de um fato concreto, reside um mistério, que, se revelado, fará o show perder o encanto. Por isso, nenhum espectador vai realmente querer desmascarar o ilusionista, até porque não fará mais sentido pagar para se encantar novamente.
A idéia de que podemos ter vizinhos em outros mundos e, mais, a de que eles podem estar nos visitando são, até hoje, apenas argumentos. Transformá-las em verdades coletivas ultrapassa a busca por fatos, evidências e a própria guerra de argumentos. Significa poder apresentá- las a bilhões de pessoas no planeta colocando-as em contato direto com essa realidade, mostrando-lhes o ‘truque’, sem medo de fazê-lo perder o encanto.
O caminho não é fácil. Para tanto, todo o processo –desde as fontes até os métodos utilizados para se conseguir as evidências– precisam já haver se tornado eles próprios em verdades coletivas, irrefutáveis e amplamente assimilados pela absoluta maioria da população, independendo do grau de instrução, credo, time de futebol ou filosofia de vida de cada um.
Se um dia acontecer isso, será fácil descobrir. Caso os visitantes existam mesmo, qualquer pessoa –do astrônomo ao pastor– poderá comprovar pela simples observação. Provavelmente as redes de TV do mundo todo irão transmitir imagens que, ao mesmo tempo, despontam em várias partes do globo. Deverá haver uma comoção mundial e muitos assuntos que estão na ordem do dia –como a crise no Oriente Médio ou a idéia de sexo para Bill Clinton– perderão importância no noticiário. Em uma semana, possivelmente, a Terra e a nossa sociedade já não serão mais como as conhecemos.
Aí sim, quando o fato for incorporado pela grande maioria da população, teremos no fenômeno uma ‘verdade coletiva’. O encanto com o mistério terá ruído, assim como as brechas das quais se aproveitam os charlatães. Mas isso não significa que não haverá mais a necessidade de buscarmos respostas. Ao contrário, só então é que terá valor a busca por transformar em irrefutáveis os argumentos para explicar o ‘como’ e os ‘porquês’ dessa verdade.
Até lá, qualquer fato não será mais do que um bom argumento.

Boa navegação!

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