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O que o Pentágono tem a dizer sobre UFOs deve mudar a Ufologia

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A matéria do jornal New York Times, aparentemente antecipando os resultados do relatório de inteligência sobre óvnis que será entregue pelo Pentágono ao Congresso dos EUA até o final do mês, provocou na Ufologia manifestações que vão de um extremo a outro no espectro de reações. A narrativa dúbia de que a investigação “não conseguiu concluir que são alienígenas mas também não pode descartar a hipótese” mexeu com céticos e ufólogos ao mesmo tempo.

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Não será surpresa se o acesso antecipado do NYT ao conteúdo do relatório for um balão de ensaio do próprio governo. E é preciso avaliá-lo no contexto de outra fala, a do novo chefe da NASA, Bill Nelson. Ainda em seu primeiro mês na função, ele disse em entrevista estar preparando um esforço para ampliar os estudos sobre os fenômenos aéreos não identificados.

O que isso tem a ver com o relatório e a reação das pessoas envolvidas com a Ufologia? Tudo. Há uma boa chance dessa iniciativa ser uma espécie de passo atrás do governo norte-americano, no sentido de devolver o tema óvnis para o lugar do qual ele foi premeditadamente retirado mais de 70 anos atrás: para os domínios da Ciência. E por isso era de se esperar que o resultado incomodasse tanto.

É ingenuidade e ao mesmo tempo paradoxal acreditar que o aparato governamental seria capaz de simplesmente virar uma chavinha e de uma hora para outra admitir que o controverso fenômeno dos óvnis tem origem extraterrestre. Os próprios ufólogos não fecham questão sobre essa teoria, indo de dimensionais a viajantes do tempo em alguns casos. Ou alguma coisa completamente diferente e ainda intangível, como propõe um dos poucos cientistas notoriamente envolvidos com o tema, como o astrônomo e cientista da computação Jacques Vallée.

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E se for esse mesmo o conteúdo do relatório que será liberado em breve, ou mesmo próximo disso, a comunidade de inteligência dos EUA ainda está prestes a fazer um movimento gigante, que mudará para sempre a Ufologia. Finalmente o establishment estará devolvendo à comunidade acadêmica e científica o benefício da dúvida: “espere aí: então os tais UAPs são realmente outra coisa, e não um monte de fraudes e erros de interpretação? Mas o que são então?”.

Pentágono: relatório estoura a “bolha” da Ufologia?

Para quem acompanha a Ufologia há 10, 20 ou 50 anos, isso parece muito pouco. É natural que a informação em si tenha frustrado muitos ufólogos que esperavam uma declaração aberta ou bombástica, a revelação da origem alienígena. Ou que signifique apenas mais do mesmo para aqueles — e não são poucos — que não esperam absolutamente nada dos governos. Mas o movimento do Pentágono não vai se encaixar em nenhum dos dois campos. Ele é outra coisa.

Por razão equivalente, mas oposta, vimos muitos céticos de plantão igualmente frustrados. A alegação de que a investigação da Força Tarefa UAP não pode descartar uma origem não terrestre para o fenômeno o deixa definitivamente num campo novo. Sim, novo e de desconfortável incerteza para quem está habituado a descartar de pronto qualquer teoria que não tenha a ver com Vênus, gás do pântano, erro de radar ou fraude, para citar exemplos simplistas.

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Em ambos os casos, há de se considerar que o movimento da Força Tarefa, e portanto do governo em si, gera desconforto de ambos os lados justamente porque estoura essa bolha dos “envolvidos com Ufologia” e se propõe a ampliar o diálogo com novos atores de forma a buscar amplificar o conhecimento acerca do próprio fenômeno.

Não é de hoje tenho defendido uma opinião polêmica na Ufologia: a de que superestimamos (muito) o que o(s) governo(s) realmente sabe(m) sobre os óvnis. Acostumados a lidar com várias teorias, algumas mais conspiracionistas que outras, e às vezes por consumir informações não confirmadas, muitos na “bolha da Ufologia” acreditam que o grande acobertamento trate-se de alguma forma de um acordo obscuro com extraterrestres ou a exploração às escondidas de tecnologias originárias de engenharia reversa.

É impossível negar um elaborado acobertamento de toda e qualquer informação ufológica em posse governamental. Mas o efeito disso, ao longo do tempo, foi uma armadilha custosa para os próprios interesses dos acobertadores: eles não avançaram nos conhecimentos e domínio das potenciais tecnologias envolvidas e ainda afastaram a comunidade científica que poderia ajudar nesta compreensão.

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A arapuca do governo

Desde o Relatório Condon, no final da década de 1960, os militares americanos trataram de desestimular o envolvimento de cientistas com a Ufologia ou o fenômeno UFO em si. O que o Projeto Blue Book fez ao transformar um cético inicial — do calibre de Josef Allen Hynek — num entusiasta, os esforços oficiais seguintes trataram de “corrigir”.

De fato, a possibilidade dessa tecnologia ser dominada era uma vantagem bélica importante e valia evitar o risco de a informação circular livremente na comunidade acadêmica. E havia ainda dois benefícios adicionais: tanto o insólito servia de cortina de fumaça para seus próprios testes de novas tecnologias, quando podia ser usado como uma espécie de recado de superioridade para adversários céticos e igualmente beligerantes.

Isso foi eficiente nas primeiras décadas, mas virou uma arapuca nos tempos atuais. Com o acúmulo de registros, as iniciativas de investigação de outros países e os vazamentos, ficou provavelmente impossível se beneficiar da dúvida como vantagem diplomática na demonstração de forças, ao mesmo tempo em que ela, ao afastar a ciência da equação, mantém inacessível uma potencial tecnologia desconhecida.

Por isso, mais de 70 anos depois do início da Era Moderna da Ufologia, que provavelmente não por acaso será lembrado justamente em 24 de junho — um dia antes do prazo final para a apresentação do relatório do Pentágono — caso o teor do documento for de fato compatível com o que antecipou o New York Times, ainda assim será um ponto de virada para a Ufologia como a conhecemos.

Pela primeira vez o governo dos Estados Unidos estará admitindo oficial e definitivamente que há um fenômeno estranho acontecendo; pode haver alguma tecnologia desconhecida envolvida e precisamos descobrir o que é. E isso vai virar a cabeça de uma enorme comunidade científica e acadêmica que, até hoje, tudo o que fez foi se escudar em explicações simplistas e sem dados concretos apenas para não ter de lidar com o tema seriamente.

Jeferson Martinho é jornalista e editor do Portal Vigília

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