UFO Crônica: Lixeira ufológica
Longe dos holofotes, dos streams e das redes sociais, em suma, longe dos olhos aflitos e exigentes do público, a ufologia é sorrateiramente varrida e lançada, junto a poeiras e cacos, em sacos plásticos, para em seguida ser despejada nas caçambas compactadoras dos caminhões de coleta urbana.
É certo, que no dia a dia, eventualmente acabamos jogando algo importante fora. Quem nunca perdeu aquela nota fiscal para abater no imposto de renda, ou mesmo coisas mais importantes como uma receita médica ou um documento. Já presenciei caso em que o cartãozinho azul do CPF foi parar na lata de lixo, sendo resgatado no último instante por um marido bravo. Fiquei sabendo também, de outro azulzinho, não o documento, a pílula, que também foi lançado ao vento, ou melhor à lixeira, este sem resgate, deixando uma esposa decepcionada.
Entre tantas e outras perdas, que no dia a dia se vai com a limpeza, seguem também as provas; ah, as tão sumárias e cabais provas que poderiam tirar a ufologia do hall da marginalização heróica.
Não basta a maior parte da sociedade tratar a ufologia como coisa a ser esquecida na gaveta de trecos, um souvenir desbotado, apenas esperando o dia do despejo final. Aqueles que deveriam preservá-la, tendo em suas mãos essas provas, tratam de descartá-las com a mais rápida diligência, como se o ano novo se aproximasse e a faxina de dezembro fosse urgente.
Trago, nesta descartável crônica, dois casos, em que, possivelmente, teríamos que revistar os aterros sanitários para reaver importantes provas das visitas de seres não terráqueos.
O primeiro, são os vídeos da operação prato. Estes sequer sabemos se realmente estão no lixo. Felizmente, digo, pois seria degradante demais ver nossos marginais-heróicos ufólogos, trocando seus binóculos e câmeras por pinças e pás e seus coletes por roupas protetoras, deixando de olhar para os céus para catar entre os restos.
O fato é que os militares alegam que as fitas com os vídeos não estão em sua posse. Quem sabe, um faxineiro desavisado não as empurrou para seu latão. Um fim certamente indigno, mas condizente com a praxe dos governos de empurrem a ufologia para debaixo do tapete. Assim, é provável que tais vídeos tenham encontrado seu fim entre os dentes famintos dos trituradores de um lixão qualquer.
Porém, o caso mais curioso é o do médico Janini, que analisou os órgãos do soldado morto após a suposta captura do ET. de Varginha. O patologista, afirma haver uma grande possibilidade da bactéria que infectou o militar ser de origem extraterrena. Porém, o que realmente parece extraterreno é a vontade deste médico em colaborar com a ufologia.
Isso porque, segundo o próprio, as amostras da bactéria foram mantidas em sua posse por vinte anos, nunca foram reanalisadas, e depois simplesmente descartadas. Em outras palavras, o lixo genético espacial que poderia reciclar toda a nossa compreensão do universo, por falta de coleta seletiva, não foi devidamente resguardado. Agora, se é que a prova existia, não existe mais.
Todavia, ainda há esperança, podemos resolver o problema. A ideia é simples, vamos colocar, ao lado das lixeiras de papel, plástico, metais, orgânicos, mais uma categoria: as lixeiras ufológicas. Afinal, como dizem, o lixo de uns é o luxo de outros.