Mistério dos “OVNIs” no céu de São Paulo finalmente desvendado
Tomada pela surpresa, a cidade de São Paulo acordou no último dia 1º de abril com vídeos que começaram a viralizar já no dia anterior, 31 de março, nas redes sociais. As imagens mostravam luzes misteriosas descendo dos céus, próximas da região da Vila Mariana. Os vídeos alimentaram teorias sobre a presença de OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados) na capital paulista, gerando especulações e debates acalorados entre entusiastas da ufologia.
Na véspera, em seus perfis no Facebook e Instagram, o Portal Vigília divulgou um desses vídeos ressalvando que o padrão de descida das luzes nas imagens era compatível com a prática de paraquedismo, com o uso de sinalizadores nos tornozelos dos paraquedistas, o que os praticantes do esporte radical chamam de “chuva de prata”.
Ver essa foto no Instagram
Não, não foi uma brincadeira de 1º de abril; o mistério foi rapidamente desvendado quando a produtora Batoque Filmes assumiu ser uma das responsáveis pelo espetáculo, organizado pelo time de paraquedistas Flybrothers Wingsuit. Em entrevista exclusiva ao Portal Vigília, Fábio “Binho” Benvenuti, proprietário da Batoque Filmes, explicou todos os detalhes por trás da ação que causou tanto burburinho.
“Estamos produzindo um documentário sobre voo noturno, a princípio chamado ‘Asas sobre o Concreto’,” revelou Binho. “Já realizamos alguns saltos desses. Era para ser no dia 24 de janeiro, na madrugada do aniversário de São Paulo, mas a meteorologia não permitiu.”
Segundo o produtor, organizar esse tipo de evento é uma tarefa complexa que demanda pelo menos 40 dias de preparação e uma série de autorizações de órgãos como a NOTAM [Aeronáutica], Guarda Civil e a Prefeitura. Após vários adiamentos, a data ideal finalmente se apresentou na madrugada do dia 31 de março.
“Nem imaginávamos que ia dar essa história toda. Estamos até pensando em mudar o contexto do doc por conta disso,” comentou Binho, se referindo à enorme repercussão causada pelas luzes que pareciam “meteoros” ou “OVNIs” descendo do céu.
O espetáculo envolveu uma equipe de quatro paraquedistas experientes, sendo três atletas de “wingsuit” e um praticante de “pouso de performance”.
“O time chama-se Flybrothers, liderado pelo Flavio Jordão, proprietário da Flybrothers Wingsuit. Eles são responsáveis por obter todas as autorizações necessárias,” explicou Binho.
O efeito luminoso que intrigou os paulistanos foi causado pela “chuva de prata”, uma técnica utilizada pelos paraquedistas em que pequenos sinalizadores são acoplados aos tornozelos, criando um rastro brilhante durante o salto. “É como um fogo de artifício, uma faísca elétrica. Mas isso dentro de um helicóptero pode ser perigoso, então há toda uma preparação de segurança envolvida,” esclareceu o produtor.
Apesar da grande repercussão, Binho enfatizou que o documentário não tem como objetivo incentivar a prática de saltos noturnos, que é “algo muito, muito, muito, muito específico, super difícil de fazer e nem é saudável”. Pelo contrário, a intenção é mostrar os bastidores e todo o planejamento meticuloso por trás de grandes eventos desse tipo.
“As pessoas veem esses grandes feitos e acham que é um bando de loucos fazendo, mas tem todo um estudo por trás, durante meses: linha de voo, trajetória, altura, autorizações, equipamentos, backup de equipamento, enfim, toda a parte de segurança,” ressaltou.
Com o mistério desvendado, os paulistanos podem respirar aliviados – ao menos até o próximo salto. Mas algumas outras cidades do país podem se preparar, que já que estão planejados novos saltos em outros estados. Benvenuti não quer revelar os locais exatos para não estragar a surpresa. Enquanto isso, os entusiastas da ufologia terão que continuar aguardando por evidências mais concretas da existência de vida extraterrestre.
Outros casos de saltos de paraquedas confundidos com OVNIs
Luzes misteriosas no céu, mesmo que pareçam ter comportamentos insólitos, nem sempre são indícios de visitação extraterrestre. Frequentemente essas ocorrências acabam tendo explicações bastante terrestres, ainda que impressionantes, e podem acabar ofuscando ocorrências verdadeiramente insólitas que mereceriam maior atenção dos ufólogos.
Outro caso recente envolvendo paraquedistas aconteceu recente em São Paulo, resultado de uma ação publicitária da Red Bull. O efeito de “divisão” e movimentos circulares era resultado da formação inicial dos atletas utilizando sinalizadores, seguida da abertura dos paraquedas individuais.
Situação similar ocorreu em 2015 em Milwaukee, quando uma apresentação noturna de paraquedistas do exército americano foi inicialmente confundida com uma “flotilha de OVNIs”. Só depois veio o esclarecimento de que eram os integrantes do “Gold Team” do famoso Exército Dourado (Golden Knights).
Esses exemplos nos lembram da importância de manter a objetividade e cautela ao analisar eventos estranhos, evitando conclusões apressadas sobre origens extraterrestres. Por mais tentador que seja enxergar sinais de vida alienígena, muitas vezes a explicação está mais próxima do que imaginamos.
No entanto, um fator que torna esses casos tão fascinantes é justamente o fato de que, por um breve momento, mesmo alguns observadores mais céticos se permitiram imaginar o que aconteceria se aquelas luzes realmente fossem nave alienígenas. A emoção de um possível contato nos lembra por que a ufologia continua cativando mentes de todos os tipos.
