Exploração espacial é fuga para milionários em caso de colapso da Terra, dizem especialistas
Coronavírus, mudança climática, superpopulação, aumento do nível do mar e a sempre presente ameaça de guerra nuclear. Com tantas questões evidentes, certamente muitas pessoas deixariam o planeta Terra em caso de um colapso, se pudessem. E talvez algumas pessoas possam.
Vários multimilionários – especialmente Elon Musk, Jeff Bezos, Richard Branson e Yuri Milner – despejam há anos enormes quantidades de suas fortunas em viagens espaciais. Talvez eles estejam apenas desperdiçando sua riqueza inimaginável em foguetes da mesma maneira que meros milionários compram iates.
Mas algumas pessoas estão especulando que os mega-ricos podem estar planejando fugir do planeta.
Os ricos estão deixando a Terra
Em um artigo do New York Times intitulado “Os ricos estão planejando deixar este planeta miserável”, Michael Suffredini, que lidera a criação de uma nova estação espacial de luxo chamada Axiom, revelou os detalhes do novo habitat orbital.
Segundo ele, um feriado em Axiom custaria US $ 55 milhões. Para fazer jus a esse montante ele recrutou ninguém menos que o mundialmente famoso designer francês Philippe Starck para criar o interior da nova estação. Seu objetivo era oferecer espaços sob medida – como ternos – aos multimilionários.
De acordo com Suffredini, três pessoas já haviam se candidatado, embora a estação espacial ainda não tenha sido lançada. A estação está programada para receber seus primeiros convidados em 2022.
Espécie multiplanetária
Elon Musk foi outro que não escondeu planos de estabelecer um assentamento permanente em Marte. Ele enfatizou a importância de garantir que a humanidade seja uma espécie multiplanetária, para que não seja deixada para trás se o pior acontecer.
Para o ricaço dono da Space X e da PayPal, apenas no século passado houve duas grandes guerras mundiais e uma terceira de grandes proporções se a Guerra Fria for contabilizada.
E embora o bilionário não preveja um conflito global tão cedo, ele diz achar improvável que nunca mais haja outra guerra mundial.
Fuga para os super ricos
O documentarista e escritor norte americano Douglas Rushkoff vai além e acredita que o objetivo central do desenvolvimento tecnológico é criar uma rota de fuga para os super ricos.
Ele ressalta que os robôs criados a partir da Inteligência Artificial protegeriam os bilionários restantes na Terra quando as mudanças climáticas chegassem. E uma planejada colônia em Marte criada por Elon Musk serviria apenas como uma continuação da diáspora humana e não como um bote salva-vidas para a saída do planeta.
“Eles certamente podem pagar por esse “barco salva-vidas”, afirma Rushkoff.
Isso porque as pessoas mais ricas do planeta viram sua participação na oferta total de moeda do mundo aumentar de 42,5% – no auge da crise financeira de 2008 – para pouco mais de 50% no final de 2017. Isso totaliza cerca de US $ 140 trilhões, de acordo com um relatório do Credit Suisse.
Estabelecendo uma base fora da Terra
O portal Daily Star Online perguntou a Cheryl Warner, da NASA, se havia algum obstáculo sério ao desenvolvimento de uma base lunar com a tecnologia atual. Ela respondeu:
“Do ponto de vista técnico, estamos mais perto de retornar à Lua do que nunca, desta vez com sistemas modernos que fornecerão mais acesso à superfície lunar e nos permitirão permanecer na superfície por longos períodos de tempo”.
Ainda segundo ela, a Casa Branca pediu que o retorno à Lua fosse acelerado. “Estamos trabalhando diligentemente para pousar a primeira mulher e o próximo homem na Lua até 2024 e estabelecer uma exploração lunar sustentável até 2028”, continuou.
“Isso nos preparará para a exploração mais distante do sistema solar, incluindo o envio de astronautas para Marte em meados da década de 2030”, resumiu.
Substituto para o ônibus espacial
Mark Hempsell, da sociedade interplanetária britânica, disse ao Daily Star Online que, quando se estabelecer um habitat orbital permanente, o único obstáculo será a necessidade de desenvolver um substituto para o ônibus espacial. “A principal nova abordagem necessária para que tudo isso aconteça é a reutilização”, disse ele. “E é isso que a SpaceX e a Blue Origin estão abordando”, continua.
“No entanto, as abordagens que eles estão usando poderiam ter sido feitas há 30 ou 40 anos atrás. Então, eu diria que os entraves são todos políticos e econômicos”, ressalta.
Mark diz que um veículo de lançamento com sede no Reino Unido, atualmente na prancheta, poderia transportar pretensos colonos para e da órbita em breve, se o orçamento permitir.
E acrescenta: “Os estudos que fiz foram centrados no britânico Skylon, da Reaction Engines. Esses estudos sugerem que o Skylon sozinho pode apoiar uma colonização espacial significativa em uma base econômica, sem a necessidade de outro sistema de lançamento”.
Impacto da baixa gravidade
Mark acredita que milhões, potencialmente bilhões, poderiam um dia prosperar em colônias orbitais.
Ele diz que as soluções para os problemas de suprimento de alimentos e oxigênio são mais viáveis do que muitas pessoas imaginam. Entretanto, acredita que menos certo é o impacto do efeito a longo prazo da baixa gravidade de Marte ou da Lua no corpo humano.
“Isso sim é um problema”, lamenta.
Correntes de especialistas não acreditam nos efeitos de uma exposição de longo prazo a um ambiente de gravidade zero nos corpos de astronautas treinados, mas nos dos bilionários tecnológicos afinados por academias com dinheiro para queimar e um desejo de explorar a natureza além da fronteira mais alta e mais selvagem, sim.
Dando as costas para a Terra
Escrevendo no Guardian, a editora e jornalista Jess Zimmerman perguntou: “Ao pular para fora enquanto ignoram os problemas que causam ao planeta, os bilionários da tecnologia estão efetivamente criando uma classe alta galáctica que dá as costas para a Terra?”
“Seja guerra ou desastre natural, a humanidade enfrentará uma luta por sua sobrevivência no próximo século. E as pessoas com maior probabilidade de escapar desse gargalo evolucionário são as poucas que têm dinheiro para orbitar muito acima do desastre”, finaliza.