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Cientistas explicam a estranha aceleração do “alienígena” ‘Oumuamua

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Um estudo recente garante que o primeiro objeto interestelar encontrado visitando nossas cercanias planetárias é apenas um cometa “diferentão”. Segundo a nova proposta, a expressão “alienígena” na definição do exótico corpo celeste chamado ‘Oumuamua representa mesmo apenas a sua origem de fora do Sistema Solar.

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Em um artigo publicado na última quarta-feira (22 de março de 2023) na prestigiosa revista Nature, os pesquisadores Jennifer Bergner, astroquímica da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Darryl Z. Seligman, da Universidade de Cornell, afirmam ter encontrado “uma explicação surpreendentemente simples” para a brusca e misteriosa aceleração que intrigou cientistas no mundo todo.

‘Oumuamua, que significa “mensageiro distante” em havaiano, foi descoberto pelo telescópio Pan-STARRS1 no Havaí em outubro de 2017, quando já estava se afastando do Sol após uma passagem próxima. Os astrônomos estimaram que o cometa tinha cerca de 400 metros de comprimento e 40 metros de largura, com uma forma alongada e achatada. Eles também notaram que ele tinha uma órbita hiperbólica, o que significa que veio de fora do nosso sistema solar e não voltaria mais.

O visitante interestelar virou objeto de fascínio logo após a descoberta, sobretudo por causa de sua curiosa aceleração à medida que se afastava do Sol. Agora, uma equipe de cientistas apresentou uma explicação plausível para este fenômeno: jatos provocados pela sublimação de hidrogênio (h2) formado no próprio gelo do corpo celeste.

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Desde o início sabia-se que sua intrigante aceleração era não-gravitacional, ou seja, um aumento de velocidade que não podia ser explicado apenas pela atração gravitacional do Sol e dos planetas. Normalmente, os cometas apresentam este tipo de aceleração quando os seus núcleos gelados se aquecem e liberam gases que atuam como propulsores. No entanto, ‘Oumuamua não mostrou sinais visíveis de atividade cometária, como uma cauda ou uma coma.

O fato levou ao surgimento de teorias diversas. Porém, a que mais ganhou força foi a possibilidade de tratar-se de um artefato extraterrestre enviado ao sistema solar por alguma inteligência alienígena distante. A tese, impulsionada por ninguém menos que o chefe da cadeira astronomia da Universidade de Harvard (EUA), Avi Loeb, virou até livro do cientista.

Um cometa com capa protetora e conteúdo volátil

Para resolver este mistério, os pesquisadores realizaram simulações numéricas e análises espectroscópicas e testaram a hipótese de que ‘Oumuamua era um cometa primitivo formado nas regiões externas de um sistema planetário distante. Eles sugeriram que o cometa tinha uma crosta espessa e porosa de material rico em carbono e gelo, formado durante milhões de anos de bombardeio por radiação cósmica. No interior, esse cozimento duradouro levou à formação de hidrogênio puro.

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Quando ‘Oumuamua se aproximou o suficiente do Sol, a proteção externa da crosta não foi mais suficiente para impedir a sublimação do hidrogênio em forma de micro jatos imperceptíveis para as observações da Terra, insuficientes para produzir uma cauda, mas capazes de impulsionar seu movimento.

“Esta é uma explicação natural para ‘Oumuamua”, disse o astrônomo Darryl Seligman, da Universidade de Chicago, um dos autores do estudo publicado na revista Nature. “Ele é consistente com tudo o que observamos sobre este objeto”.

Os cientistas também já afirmaram que a forma incomum de ‘Oumuamua pode ser resultado da sua rotação rápida e irregular, que teria causado tensões internas e fraturas na sua superfície. Eles calcularam que o cometa girava em torno do seu eixo mais longo a cada sete horas e meia.

“É possível que ‘Oumuamua tenha sido esculpido por processos naturais durante a sua longa jornada”, disse o astrônomo Gregory Laughlin, da Universidade Yale. “Ele pode ter sido originalmente mais esférico e ter perdido massa ao longo do tempo”.

Em 2020 Laughlin foi autor de outro estudo que à época foi considerado quase tão “exótico” quando a visitação alienígena: a de que o visitante interestelar seria uma espécie de iceberg de hidrogênio. Ele foi orientador de Seligman, que inclusive foi co-autor do artigo publicado por eles naquele ano.

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Ainda há controvérsias

A controvérsia, no entanto, não deve evaporar tão cedo. O pesquisador Avi Loeb já declarou discordar da nova explicação.

“Os autores do novo artigo afirmam que era um cometa de gelo de água, embora não tenhamos visto a cauda do cometa”, disse Loeb em um e-mail. Ele acrescentou: “Isso é como dizer que um elefante é uma zebra sem listras.”

Os cientistas reconheceram que há ainda muitas incertezas sobre a origem e a natureza de ‘Oumuamua, mas esperam que futuras observações possam revelar mais objetos interestelares semelhantes. Eles estimaram que há cerca de um trilhão destes objetos vagando pela nossa galáxia.

“Estes objetos são como sondas naturais enviadas pelos sistemas planetários vizinhos”, disse Seligman. “Eles podem nos ensinar muito sobre como os planetas se formam e evoluem”.

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