5 anos depois, Caso Varginha continua um mistério
No dia 20 de janeiro desse ano completou seu 5º aniversário o já mundialmente conhecido episódio que ganhou o nome da cidade mineira que lhe serviu de cenário: o Caso Varginha. A história continua intrigando os pesquisadores e despertando a curiosidade das pessoas, interessem-se ou não pela Ufologia. A tal ponto que a ocorrência é hoje comparada (e não em menores proporções!) ao também famoso Incidente em Roswell, como ficou conhecido o relato sobre uma nave alienígena que teria se espatifado no Novo México, nos EUA, para ser posteriormente recuperada pelas forças militares daquele país.
Como já fez seu parente importado, o Caso Varginha caminha rapidamente para fixar-se com um dos mais conhecidos eventos da Ufologia Mundial. Com a vantagem, avaliam os pesquisadores brasileiros, de sua pesquisa ter começado praticamente logo após os primeiros comentários a respeito dos estranhos fatos sucedidos no município do Sul de Minas. Roswell, ao contrário, precisou de 40 anos para começar a despontar para o lugar de destaque que ocupa hoje nas fileiras da Ufologia.
Depois de virar objeto de inúmeros textos jornalísticos e documentários televisivos no Brasil e no Exterior –com o mérito de ter conquistado elevada seriedade na maior parte das abordagens apresentadas–, o Caso Varginha hoje já dá nome a livros, jogo de computador e está virando também o foco central de uma grande campanha oficial para fomentar o turismo na cidade de Varginha e adjacências.
Resgatando a história
Naquela fatídica tarde de 20 de janeiro de 1996, a vida de três meninas em Varginha nunca mais seria a mesma. As jovens Kátia Andrade Xavier (22 anos à época), Liliane Fátima da Silva, (16 anos) e Valquíria Aparecida da Silva (14 anos) avistaram um estranho ser agachado num terreno baldio no Jardim Andere.
Terreno, na rua Benevenuto Braz Vieira, ao lado do n° 76, já cedeu lugar a uma construção, mas a história contada pela três jovens nunca mudou desde então. Junto com sua posição firme, a descrição nada comum da criatura: olhos vermelho-sangue, grandes e saltados; aproximadamente 1,60 metro de altura; magro; pele de marrom brilhante, como que oleosa, com veias aparentes; pernas alongadas e finas; enormes pés com dois dedos; mãos com apenas três dedos, uma cabeça enorme com três protuberâncias ósseas (duas de lado e uma no centro da cabeça) e nada de pêlos.
Muita gente ainda acredita que o caso tornou-se famoso apenas pela história contada pelas meninas. Mesmo com a ampla divulgação dada à época, as pessoas não atentam muito para os detalhes que são, para os Ufólogos, o que mais contribui para dar credibilidade ao caso. Por exemplo, o relato de um casal de fazendeiros, Eurico Rodrigues de Freitas, de 40 anos, e Oralina Augusta de Freitas, de 37. Poucas horas antes do susto vivido pelas jovens, Eurico e Oralina viram algo parecido com um “submarino”, do tamanho de um “microônibus”, lentamente sobrevoar sua propriedade, mostrando o que parecia ser uma avaria na parte traseira e seguindo em direção ao Jardim Andere.
Mas há mais: chama a atenção a movimentação militar incomum na cidade nos dois dias que se seguiram ao evento. Ou ainda a interdição de toda uma ala no Hospital Humanitas, na periferia da cidade, logo após a chegada de “algo” em remoção saída do Hospital Regional, menos aparelhado e mais próximo do centro da cidade.
Esse “algo”, segundo os ufólogos que pesquisam o incidente do Sul de Minas, pode ter sido não uma, mas pelo menos três criaturas alienígenas capturadas numa ação que envolveu a polícia militar, o Exército e o Corpo de Bombeiros.
Claro, tudo isso sem contar os depoimentos de civis e militares que teriam participado da operação, a maior parte deles gravados, segundo garantem os pesquisadores do caso Varginha. Todos ainda mantidos em sigilo para preservar a privacidade e a segurança das testemunhas, justificam os ufólogos.
As ramificações e desdobramentos da história já envolveram nomes famosos; do escritor espanhol J.J Benítez, autor da série “Operação Cavalo de Tróia” e de muitos livros tratando da Ufologia, até o não menos polêmico legista Fortunato Badan Palhares. Não falta, na Internet, são sites com descrições detalhadas do episódio (confira no rodapé várias sugestões).
Versões oficiais
Oficialmente, como Roswell, Varginha já ganhou várias versões. Do tradicional “nada de anormal”, passando pela versão de que a criatura vista pelas meninas teria sido um conhecido mendigo da cidade, portador de doença mental, até uma mistura de todas elas, recentemente divulgada no canal de TV por assinatura argentino Infinito (transmitido no Brasil pela operadora DirecTV). Em entrevista à equipe do canal que esteve no Brasil, o Major Kauso, falando em nome da Escola de Sargentos de 3 Corações (ESA), centro nervoso da suposta operação de captura, novamente lançou mão do doente mental como justificativa para o encontro inusitado das jovens.
Dessa vez, no entanto, Kauso foi mais contundente: para explicar a movimentação militar na tarde daquele sábado de chuva torrencial (uma chuva que não ocorria há 25 anos), voltou a utilizar a história de um balanceamento às pressas nos caminhões da ESA, mas adicionou uma carona a um casal de anões cuja mulher, grávida, não tinha outro modo de deslocar-se ao hospital que não fosse o caminhão do Exército. Pronto, preparado o caminho para explicar mais “criaturas” que por ventura outras testemunhas relatem…
Pouca novidade, muita promoção
Do que foi dito e publicado nos primeiros meses que se seguiram ao acontecimento, pouco ou nada de realmente contundente surgiu. Ou pelo menos, nada de verdadeiramente concreto dos boatos e comentários que se espalham aos quatro cantos do mundo, sobretudo depois que a Ufologia oficializou seu feliz casamento com rede mundial de computadores, a Internet.
Quase que semanalmente, quer seja nas listas de discussão ou nas mensagens dos pesquisadores para grupos de amigos e interessados, Varginha sempre é tema de suposições, comentários e muitas afirmações incríveis e chocantes, quase sempre creditadas a anônimos que “um dia poderão falar”. Agora não.
Se no âmbito da pesquisa aparecer pode ser prejudicial, já no campo turístico, o lema em Varginha agora é capitalizar o ET. A Prefeitura, movida pelo espírito de renovação das recém realizadas eleições municipais, programa toda uma campanha em torno do assunto para atrair turistas à cidade. E, claro, junto com os turistas, dinheiro e desenvolvimento.
O próprio prefeito, Mauro Teixeira, do PT, no dia 20 de janeiro, em solenidade realizada no “Theatro Capitólio”, entregou troféu e prêmio ao estudante Flávio Henrique Oliveira Matos, de 20 anos, vencedor de um concurso de desenhos que definiu a imagem do ET que será símbolo do município. Como ele, participavam outros 60 concorrentes.
Além disso, também no Capitólio, foi montada uma exposição de reportagens sobre o assunto, organizada pelo Centro Cultural Oneida Alvarenga (Cecoa) com material cedido pelo advogado e ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues, um dos principais pesquisadores do caso.
Ubirajara Rodrigues diz não estar diretamente envolvido na organização ou consultoria do evento, restringindo sua participação ao fornecimento de material para consulta. “Estou como um mero espectador nesse processo”, diz. Vigília perguntou-lhe o que acha da iniciativa, mas o pesquisador preferiu não comentar. Afirmou apenas que “é um momento em que a gente tem que ter muita perspicácia e cautela”, fazendo referência ao potencial de desgaste do caso frente à exploração comercial. Mas destacou, otimista: “a Administração está levando isso extremamente a sério”.
Do ponto de vista de público, a exposição de reportagens tem sido um sucesso, recebendo em média mais de mil pessoas por dia. E já está nos planos da Secretaria de Turismo montar um museu ufológico, à semelhança do que existe em Roswell, contando a história do caso que ganhou o nome da cidade e de outros episódios famosos da Ufologia.
Quanto à investigação do caso, Ubirajara admite não ter no momento nada realmente novo e importante a ser destacado.
No entanto, nota alusiva ao aniversário do Caso Varginha veiculada nas listas de Ufologia na Internet pelo engenheiro e ufólogo Claudeir Covo, outro importante pesquisador do episódio, alerta: “ainda recentemente, recebemos mais uma carta anônima, com novos dados. Tais dados foram investigados e confirmados. Posso garantir que algumas coisas no Caso Varginha irão mudar. Coisas que pareciam desinformação agora fazem sentido. Acreditem, o que já foi divulgado sobre o Caso Varginha não é nem a metade do que realmente aconteceu em Varginha e cidades vizinhas…”, concluiu Claudeir na mensagem que mantém o suspense.
O jeito é esperar para conferir. Porém, para aliviar a tensão e a ansiedade com tanto mistério, pode-se tentar viver uma aventura baseada no famoso caso com o jogo “Incidente em Varginha”, da empresa brasileira de software Perceptum Informática. No site da empresa pode ser baixado um “demo” jogável, que traz apenas uma fase (o jogo completo custa R$ 45,00, na PlugUse). Jogo em primeira pessoa, ao estilo “Doom”, Incidente em Varginha mistura um pouco de Varginha com Roswell, Área 51 e chupa-cabras. Mas para os amantes dos jogos em 1ª pessoa, é diversão garantida, com a assinatura de Marcos Cuzziol e Odair Gaspar, nomes bem conhecidos no circuito internacional de programação de games.