Óvnis ou drones? Investigação esclarece vídeos de luzes misteriosas
Na noite de 21 de dezembro de 2023, por volta das 20h50, o dentista Jeancarlo Fiorin Nicola, de 41 anos, caminhava pelo centro de Santiago, RS, quando avistou uma estranha esfera luminosa circulando no céu noturno. Rapidamente, tirou o celular do bolso e gravou dois vídeos do fenômeno. O dentista registrou não apenas uma, mas duas curiosas luzes aparentemente manobrando no céu.
Nicola ficou observando os estranhos objetos por cerca de 15 a 20 minutos, tempo suficiente para registrar as imagens e ficar intrigado com o que via. Ao chegar em casa, decidiu enviar os vídeos a alguns grupos ufológicos para tentar descobrir o que poderiam ser aquelas misteriosas luzes.
Os vídeos logo chegaram ao pesquisador Rodrigo Moura Visoni, que resolveu fazer uma apuração completa sobre o caso. Afinal, as imagens mostravam objetos brilhantes que ora pareciam estáticos, ora faziam movimentos rápidos, além do que pareceram ser mudanças abruptas de velocidade e direção. Num dos vídeos, quando uma segunda luz junta-se à primeira, elas chegavam a dar a impressão de voar em sincronia.
Filmagens intrigam ufólogos
As filmagens circularam no grupo de Whatsapp do ufólogo Rony Vernet, que fez um vídeo avaliando a possibilidade de se tratar claramente de “um registro raro e importante de um encontro entre dois OVNIs nos céus do interior gaúcho”.
Vernet detalhou sua análise em live recente: “Aqui já é um vídeo gravado pelo seguidor que é o Jean (…) olha que movimento louco que esse vídeo deu bastante trabalho de analisar, ó ele dá um chicote né, ele sai da árvore e volta, o que é algo bem estranho”. Sobre outro trecho, comentou: “Aqui (…) outro objeto gravado nesse mesmo dia você vê que ele faz um zigzag no céu”.
Mas a explicação insólita não convenceu de pronto todos os interessados no assunto. Afinal, vistos de longe à noite, drones luminosos poderiam facilmente ser confundidos com óvnis.
Especialista replica manobras
Intrigado, o arquivista Rodrigo Moura Visoni iniciou uma investigação metódica sobre as filmagens. Consultou o experiente operador de drones Ronaldo Mascetra para avaliar se poderiam, de fato, tratar-se de drones com luzes de pouso ligadas. Mascetra mesmo ofereceu-se para replicar as manobras com seus aparelhos DJI Air 3 e DJI Mini 3 Pro.
“Esses são os óvnis que eu trabalho! Por isso não posso responder de imediato”, brincou Mascetra, que realiza manutenção de drones profissionais.
O teste foi realizado em Bauru, SP, mas não conseguiu equalizar por completo os movimentos e velocidades vistos nos vídeos originais. Ainda assim, para Visoni, a primeira luz poderia perfeitamente ser um drone; a segunda, porém, exibia capacidades além dos modelos atuais.
Conclusão: prováveis satélites
Após ampliações e estabilizações não revelarem novos detalhes, Visoni concluiu, em extenso parecer, que o objeto do primeiro vídeo era compatível com um drone, mas não poderia assumir a mesma semelhança quanto ao comportamento do segundo objeto por devido às características singulares.
A história, porém, ainda reservava surpresas. Posteriormente, Jeancarlo voltou a flagrar luzes semelhantes no local e submeter ao grupo de Vernet para a análise. Com a ajuda do pesquisador e uso de softwares de mapeamento de objetos celestes conhecidos, eles chegaram à conclusão que todo o fenômeno se devera, na verdade, ao cruzamento de satélites Starlink, cujo movimento aparente foi distorcido pelo zoom do celular de Nicola.
“O Jean, [quando estava se posicionando] para filmar melhor, pra tentar enquadrar o objeto, deu uma caminhada, uma andada, e também moveu a câmera. E quando você faz essa caminhada junto com o movimento de mover a câmera, dependendo do ângulo que você tá, vai gerar esse movimento que é muito influenciado pela estabilização do iPhone, do Samsung, que tem nesses celulares novos quando você tá no modo vídeo”, explicou Vernet. “Então, claro, se vocês verem [na hora], é possível dizer ‘olha tá acontecendo’. Mas se você viu só na câmera, aquilo ali não tá acontecendo”.
A minuciosa investigação de Visoni e Vernet, e o intenso debate no grupo até a conclusão do caso, mostram um pouco de o quão complexa e detalhista precisa ser a análise de qualquer registro até que se possa excluir possibilidades mais triviais. Mas é disso que é feita a investigação Ufológica e, neste caso, mais um mistério foi esclarecido pela investigação racional e minuciosa.
Veja mais na live em que Rony Vernet comentou o registro: