O engenheiro Ricardo Correa Varela transformou-se numa referência nacional para a analise de fotos e vídeos de Ovnis. Não poderia ser diferente: ele leva ciência a sério e trata com profissionalismo cada nova imagem que recebe para analisar.
Seu conhecimento sobre fenômenos atmosféricos também ajuda. Ele conta com a experiência dos anos a fio em que chefiou o setor de balões meteorológicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), instituição em que ainda trabalha.
Varela é também consultor da Revista UFO e membro do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA).
Na seqüência do projeto “Entreviste o Ufólogo”, confira como o engenheiro Ricardo Varela desenvolve seu trabalho e suas opiniões a respeito de temas polêmicos da Ufologia.
1) Que hardware e software você usa para fazes as pesquisas nas fotos e filmes?
Hardware: Scanner para digitalizar fotos; microscópio digital acoplado ao micro para estudo de negativos (aumenta até 300x); microscópio ótico comum (aumenta até 750x); videocassetes acoplados ao microcomputador; placa de captura de imagens da ATI. Software: Photoshop – para verificar sombras e bordas; Photo Paint – para verificar distribuição de pixels; Director 6 – edição de videos; Videotrope – análise de movimento com inversão negativa ou emboss para verificação de bordas e sombras em movimento. MatLab image toolbox – quando desejo inspecionar bordas com mais detalhes (só se a foto merece, porque é bem trabalhoso). Quando a foto merece mesmo: IDL – um software profissional de análise de imagens e de dados. Muito poderoso e muito chato de usar – por isso eu o evito.
2) Hoje em dia, com a tecnologia que temos em matéria de software para tratamento de fotografias, é quase impossível de detectar uma foto ou filme falso de um verdadeiro ou não?
Quando há erro no negativo, é fácil detectar. Manchas, defeitos de material, sujeira no negativo (um acaro dá uma excelente nave espacial), dobras do negativo (formam belíssimos discos) ou erros de revelação são facilmente detectáveis no microscópio.
Fraudes por edição de imagens são difíceis de detectar, quando feitas por profissionais.
As imagens que aparecem são normalmente produzidas por não profissionais e por isso, uma análise atenta de bordas e sombras pode identificar uma fraude.
Na maioria das vezes ocorre a tentativa de se colocar um modelo na foto. Numa visita ao local com algumas medidas, é possível identificar a fraude.
Existem muitos vídeos e fotos que são fraudes não intencionais. A filmagem/foto de Vênus ou Marte ou anomalias óticas (principalmente reflexos) são comuns e facilmente identificadas.
Fotos de pequenos objetos atirados ao céu e fotografados são difíceis de identificar devido às suas dimensões.
3) Você acredita nas fotos de Eduard Billy Meier, todas as fotos tiradas por ele são falsas? E as de Adamsk?
Algumas impressionam pela clareza, outras decepcionam pela visível fraude. Algumas fotos, se foram feitas com modelos, implicam em modelos muito grandes.
Já os vídeos com modelos são escancaradamente falsos.
Acho que os dois tiveram contatos importantes, mas depois caíram na síndrome do contactado, onde é imperativo mostrar que estão certos e portanto fraudam descaradamente.
4) gostaria de saber que tipo de equipamento fotográfico e de vídeo um ufólogo e pesquisador leva para uma vigília?
Aqui depende do saldo bancário.
O ideal seria uma filmadora com baixíssima sensibilidade e de preferência pegando a parte inferior do espectro do vermelho ou ampliando a faixa do verde. Melhor ainda acompanhar uma outra camera infravermelho. Um espectrógrafo seria ótimo.
A máquina fotográfica deve ser manual, zoom manual (o mesmo para a filmadora) e com filme de alta sensibilidade.
Tripé para os dois e fotos e filmagens do local com luz natural e ao entardecer, visando identificar estradas, lâmpadas de casas, etc…
5) Muitas das técnicas usadas em TCI são utilizadas para provar contatos com ETs, conforme já foi noticiado na mídia (SBT Repórter). Ricardo já se interessou ou analisou psicoimagens que são obtidas através da TCI?
Psicoimagens, não. Apesar de já ter visto algumas que impressionaram, a pessoa não deixou eu acompanhar o processo de obtenção das imagens – o que já me deixou com a impressão de se tratar de fraude.
Já tentei reproduzi-las sem sucesso. Já fiz algumas experiências com áudio que foram impressionantes.
Obtive ruidos estranhos e algumas frases desconexas.
De qualquer forma, nos dois casos é importante o isolamento eletromagnético (se possível, isolamento acústico) do local durante a realização do experimento.
6) Algum governo tem sistema acoplado a radar, para fotografar automáticamente OVNIs que apareçam?
Um radar não fotografa. Ele detecta movimento de grandes massas e isso é gravado, o movimento do objeto. A função disso é proteção e controle do tráfego aéreo no caso de acidentes.
De tempos em tempos essa gravação é apagada e no caso de contato com testemunhas de outras aeronaves, o material é transcrito e enviado ao COMDABRA (Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro) que o cataloga e manda apagar a fita.
7) Isso é factível?
Não é possível fotografar um ufo através do radar. Mesmo fotos de satélite são impossíveis, pois estão com foco para imagens no solo. Temos alguns relatos de contatos com radar que direcionam militares para o local e estes conseguem fotos.
8) Um videoteipe gravado por equipamento normal pode ser transformado depois para se verificar se o OVNI esquentava o ambiente circundante?
A luminosidade emitida pelo aparelho e seu reflexo em material conhecido permite uma análise das temperaturas envolvidas.
