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Força Aérea Brasileira recebe ufólogos e reconhece Operação Prato

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…”Relatório da Missão – Operação Prato – fls.19…
(…)
DATA/HORA – 05 Nov 77, às 18:26P – Colares –

Observado o deslocamento de um corpo luminoso, a baixa altura (4.500 a 5.000ft), rumo SW/NE, cor amarelo avermelhada clara, emitindo lampejos azulados compassados, velocidade média, trajetória reta,sendo visíveis seus lampejos até quando bastante afastado. Sua distância mais perto do observador foi estimada em 1.200m, ângulo vertical 10,4o, tamanho aparente 2,5cm. Foram verificados após sua passagem alguns fenômenos eletroestáticos e magnéticos: O Hand Talk usado em varredura (como antena direcional), deixou de captar sinais estáticos ou vozes em uma estreita faixa (aproximadamente 30o) compreendida entre 360o e 030o, durante um espaço de tempo estimado de 20 (vinte) minutos. A bússola do Teodolito (amarração) deixou momentaneamente de marcar o Sul (index), ficou vibrando e movimentando-se de uma extremidade a outra. Estes fenômenos foram apontados aos companheiros de Equipe que se movimentaram do Ponto 2 (Orla marítima), para o Ponto 8 (Campo de Aviação). Âng. vert. 12.6,08.3 e 05.9 – horz. 042.1,221.2 e 220.3 (obtidos por teodolito).
(…)”

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O relato acima é um pequeno trecho extraído do espesso volume genericamente chamado pela comunidade ufológica brasileira de “Relatório da Operação Prato”, empreendida durante os anos de 1977 e 1978 pelo 1o. Comar – Comando Aéreo Regional. O 1o. Comar é o órgão responsável pela execução das ações da Força Aérea (na época subordinada ao Ministério da Aeronáutica) para a região amazônica. (Saiba mais sobre a Operação Prato clicando aqui)
O comandante da operação, então capitão Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima, já coronel reformado, veio a público no ano de 1997 para confirmar que havia chefiado a iniciativa. Hollanda suicidou-se pouco depois de relatar suas experiências à frente da operação, para a qual fora designado pelo então chefe da Segunda Seção do 1º Comar, coronel Camilo Ferraz de Barros.
Sua contribuição foi fundamental para estabelecer a certeza de que a Força Aérea Brasileira esteve envolvida com a coleta sistemática de informações sobre Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) na Bacia Amazônica, bem como na produção de registros fotográficos e avaliações médicas de centenas de populares que se diziam vítimas de um feixe de luz vermelha emitido por objetos desconhecidos. Na ocasião, o fenômeno ganhara o apelido de “chupa-chupa”, pelas suspeitas de provocar anemia nas vítimas.
Apesar do depoimento do Coronel Hollanda e do conhecimento público do Relatório da Operação Prato, que mesmo sob a designação de documento confidencial “vazou” quase uma década antes, a Força Aérea Brasileira nunca havia assumido oficialmente a iniciativa.
Mas a situação começou a mudar no último dia 20 de maio, mais de um ano depois do lançamento da Campanha “UFOs: Liberdade de Informação Já”, liderada pelo editor da Revista UFO, Ademar José Gevaerd. Nesta data, ele um grupo de pesquisadores foi recebido em Brasília a convite do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer) para conhecer as instalações de defesa aeroespacial e discutir com oficiais da FAB o polêmico tema: OVNIs. O grupo se intitula Comissão Brasileira de Ufólogos, e, além de Gevaerd, é formado pelos co-editores da Revista UFO, Marco Antônio Petit, Claudeir Covo, Rafael Cury, Fernando de Aragão Ramalho e Reginaldo de Athayde. Este último, por motivo de saúde, foi substituído às vésperas da reunião pelo consultor da publicação Roberto Affonso Beck.
O encontro começou a ser delineado meses antes, em fevereiro. Mas a pouco menos de semanas da reunião, depois que o tema foi objeto de uma reportagem da Revista Istoé, mais duas organizações, polêmicas no cenário ufológico, entraram em contato com os militares cobrando o mesmo tratamento: a seita Projeto Portal, representada pelo auto-declarado paranormal Urandir Fernandes de Oliveira, e o Grupo Ufo-Gênesis, entidade com sede em Piracicaba, no Interior de São Paulo, que foi representada por Clovis Roque Xavier.
Além dos ufólogos, uma equipe do programa Fantástico, da Rede Globo, teve autorização para acompanhar a visita, que ganhou repercussão em todo o país graças à matéria exibida no dia 22 de maio.

Esforço de relações públicas e documentos confidenciais

No roteiro do encontro, ficou clara a intenção do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica de empreender um esforço de relações públicas para promover uma aproximação com os ufólogos. Acompanhados do Brigadeiro do Ar Antonio Guilherme Telles Ribeiro, chefe do Cecomsaer, eles tiveram acesso às instalações do Cindacta 1 (sistema de monitoramento do espaço aéreo brasileiro) e do Comdabra – o Centro de Defesa Aeroespacial Brasileiro, onde foram recebidos pelo chefe do órgão, Brigadeiro Atheneu Azambuja. O Comdabra é um comando combinado ligado diretamente ao Presidente da República e, em tempos de paz, subordinado ao Comando Geral do Ar.
Em cada uma das instalações, os visitantes tiveram explicações sobre o funcionamento do sistema de defesa aeroespacial brasileiro e sobre a forma como são tratados pela FAB casos de Objetos Voadores Não Identificados, chamados de “Tráfego Hotel” pelo sistema de monitoramento.
Num dos momentos mais esperados da visita, os pesquisadores puderam ver alguns documentos da FAB a respeito de OVNIs. Pastas apresentadas aos visitantes continham relatórios de três episódios acompanhados pela Força Aérea. Um deles, o relato de um avistamento por um piloto da Varig em 1954, Nagib Ayub, durante um vôo no Rio Grande do Sul. O caso nunca chegou ao conhecimento dos ufólogos.
As outras duas pastas continham informações de casos já bem conhecidos. Um deles, o episódio de maio de 1986, quando 21 objetos foram detectados por radar e avistados por pilotos da FAB entre os céus de Rio de Janeiro e São Paulo. Na ocasião, os militares chegaram a falar publicamente sobre o assunto. (Saiba mais sobre a “Noite Oficial do OVNIs” clicando aqui)
Por último, uma pasta com documentos da Operação Prato, assunto até então não abordado oficialmente pela Força Aérea. Nesta compilação, além de diversas páginas do relatório já divulgado via Internet pelos ufólogos através da campanha “UFOs: Liberdade de Informação Já”, os visitantes puderam ver mais de uma centena de fotos produzidas pelas equipes militares no Pará e Amazonas.
Em e-mail ao Portal/Revista Vigília, o brigadeiro Telles Ribeiro explicou que “a principal missão da FAB é manter a soberania no espaço aéreo nacional com vistas à defesa da Pátria e, para isso, ela conta com um sofisticado sistema de vigilância do espaço aéreo, composto por uma rede de radares posicionados em pontos estratégicos ao longo do território”.
Segundo o brigadeiro, “para cumprir essa missão, mantém, ainda, aeronaves e equipagens de combate em alerta de defesa aérea diuturnamente, que podem ser acionadas durante todo o ano, para realizar interceptações de alvos radar não identificados (tráfegos desconhecidos) pelo Sistema de Defesa Aérea Brasileiro.”
A aproximação, por si só, entusiasmou a comissão de ufólogos. Gevaerd acredita que foi “um primeiro passo” na direção de uma parceria civil-militar em busca do entendimento do fenômeno OVNI. Em entrevista ao Portal/Revista Vigília (veja abaixo a entrevista completa), o editor da Revista UFO revelou que cartas dos ufólogos pedindo a liberação dos arquivos confidenciais e a estruturação de uma pesquisa conjunta serão entregues pelo Brigadeiro Telles Ribeiro ao Comandante da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Luiz Carlos da Silva Bueno, ao Ministro da Defesa, o vice-presidente José Alencar, e ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Reconhecimento oficial

Apesar de seu caráter de relações públicas, o encontro produziu um fato histórico para os entusiastas da Ufologia. Pela primeira vez na história documentos relativos à Operação Prato foram oficialmente apresentados a pesquisadores civis.
Em e-mail ao Portal/Revista Vigília, o chefe do Cecomsaer admite a existência da operação, mas procura descontextualizar a empreitada que durou pelo menos dois anos. “Com relação à Operação Prato, o Comando da Aeronáutica possui apenas registros baseados em dados que teriam sido repassados por um dos participantes dessa atividade. Foi produzido um relatório com diversos depoimentos, aparentemente sem fundamentação científica.”, escreveu.
Quanto à confidencialidade dos registros, a qual sempre foi combustível para diversas teorias conspiracionistas no meio ufológico, o brigadeiro Telles Ribeiro esclarece que “é importante ressaltar que a Aeronáutica mantém apenas os registros de relatos da visualização de fenômenos aéreos que a ela são informados. No intuito de resguardar a privacidade daqueles que prestam esse tipo de informação, os registros são classificados e guardados conforme legislação específica.”
A ênfase da FAB no enfoque desmistificador da questão tem respaldo num ponto em especial, em que ufólogos e militares parecem concordar: os dados não representam, em essência, estudo apropriado. “Muitas vezes pode-se imaginar que a Aeronáutica realize investigações científicas a respeito de todo tipo de fenômeno aéreo. Na verdade, o Comando da Aeronáutica não dispõe de uma estrutura especializada para empreender tal atividade.”, explica o chefe do setor de comunicação da FAB.

Leia a entrevista do editor da Revista UFO,
Ademar José Gevaerd, ao Portal/Revista Vigília:

Vigília: Além do acesso aos relatórios, para simples conferência, foram fornecidas cópias para os pesquisadores?

Gevaerd: Apenas para simples conferência. Foram 3 pastas que representam certamente algumas gotas no oceano de informações que a FAB tem. Nossa interpretação, após examinar o material, é que a FAB quis “adoçar nossa boca” e nos manter animados para continuar a campanha, que terá que obter em definitivo os documentos seguindo o trâmite sugerido nas cartas e no Manifesto da Ufologia Brasileira, entregues ao Comandante da Aeronáutica, ao ministro da Defesa e ao Lula.

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Vigília: Houve alguma tratativa no sentido de efetivar de fato a parceria? O que ficou definido neste campo?

Gevaerd: A parceria é informal, no momento. Não há ainda uma comissão de investigação mista, como desejávamos. Isso também está para acontecer através do trâmite indicado acima. Os brigadeiros Atheneo Azambuja, chefão do Comdabra, e Telles Ribeiro, do Cecomsaer, foram enfáticos em dizer: “Iremos abrir todas as portas”.

Vigília: Haverá acesso posterior aos materiais para pesquisa?

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Gevaerd: Sem dúvidas. Nossa campanha perseguirá esse objetivo, que é o de dar acesso a toda a sociedade brasileira a boa parte dos documentos, através de um procedimento apropriado que deverá ser criado. Mas, mais do que ver documentos, queremos participar na investigação de casos de detecção de “tráfegos H”, como são conhecidos os UFOs, em meio a uma grande quantidade de outros fenômenos detectáveis.

Vigília: Qual foi, em síntese, a abordagem da FAB no encontro? Havia uma proposta elaborada, ou foi uma iniciativa mais de relações públicas da instituição para com os ufólogos?

Gevaerd: Fomos excepcionalmente bem atendidos, com uma demonstração visível de respeito ao nosso trabalho. Grandes equipes do Cindacta, Comdabra e Cecomsaer se engajaram no atendimento à gente. Fizemos tour por áreas que nem militares de baixa patente entram e pudemos ver, sem restrições, como funciona o sistema de defesa aérea e controle de tráfego. Em cada caso, recebemos briefings dos chefões das entidades. Tudo foi muito bem planejado por parte deles e da gente.
Vigília: Quem foram os representantes militares do encontro? E a negociação para a marcação que, pelo que você já publicou, partiu da FAB: em que termos foi colocada?

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Gevaerd: Os representantes, entre outros, estão citados acima. O contato inicial deu-se a partir de um telefonema do major Lorenzo, aviador e jornalista, do Cecomsaer. Partiu dele o convite para irmos à FAB, em reconhecimento ao nosso trabalho. Foram quase 2 meses de tratativas até que o formato do encontro e o conteúdo dos diálogos e trocas de informações estivessem definidos.

Vigília: Há aspectos da visita que ficou convencionado não tratar ou não revelar, ao menos ainda?

Gevaerd: Não. A FAB apenas prefere que não escrevamos ou afirmemos coisas do tipo “militares reconhecem os UFOs”. O que eles reconhecem é que há um fenômeno, o qual eles têm registrado desde 1954, e que cabe aos ufólogos esclarecer. Deixaram claro que podemos usar expressões tipo “militares reconhecem a Ufologia e os ufólogos”. Alegaram e demonstraram efetivamente ter grande respeito pelo nosso trabalho. Todos, quase sem exceção, conheciam a [Revista] UFO e muitos a lêem com freqüência. Inclusive, por incrível que pareça, o brigadeiro J. Carlos, superior de todos os citados e um dos 7 brigadeiros que ocupam a posição de controle máximo da Aeronáutica. “Leio a UFO sempre e adoro. Devo ter comigo em casa pelo menos as últimas 4 edições”, disse ele. É mole ???

Vigília: Na sua avaliação, o que foi apresentado à CBU é tudo de que dispõe a FAB sobre o assunto?

Gevaerd: De jeito nenhum. O que vimos são gotinhas no oceano. Como eu disse ao brigadeiro Telles Ribeiro, sobre a Operação Prato eu tenho mais coisa em casa do que eles têm na pasta deles. Ele riu.

Vigília: É possível, a partir do que foi apresentado a vocês, diferenciar o que sempre divulgou-se na Ufologia acerca do que se acreditava estar em domínio militar e o que efetivamente está?

Gevaerd: Acho que podemos continuar o mesmo discurso. Nada mudou. Os militares têm de fato o que sempre dissemos que eles têm.

Vigília: Quais os próximos passos da campanha pela liberdade de informação, a partir de agora?

Gevaerd: Aguardar que o brigadeiro Telles Ribeiro entregue nossas cartas ao Comando da FAB, ao ministro da Defesa e ao Lula, o que se iniciará nesta terça-feira [24 de maio]. Estamos absolutamente convencidos de que nosso pleito vai ser atendido, e temos a garantia pessoal dos chefões acima citados de que se empenharão por isso. Quando ocorrer, aí sim teremos tido êxito total em nossa campanha. O que ocorreu em Brasília agora foi apenas mais um momento dela, o principal até aqui, mas uma etapa do processo.
Deixe-me acrescentar que tenho a suspeita, compartilhada por alguns integrantes da CBU, de que o Comdabra se preparava para mostrar mais do que mostrou a nós. Mas eles foram surpreendidos pela solicitação veemente e inesperada do UFO-Gênesis e Projeto Portal, que praticamente demandou “um tratamento idêntico ao dispensado à Revista UFO”. Deu para perceber o constrangimento desse ato. E, claro, os militares sabem quem é quem. Isso deve ter sido um dos elementos que restringiram uma ação maior dessa vez. E, ao que parece, a intenção do UFO-Gênesis e Projeto Portal parece ter sido essa mesmo.

Leia mais sobre a Operação Prato e outros episódios envolvendo militares nos links indicados abaixo:

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