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É possível ser um jornalista com os pés no chão, olhos no céu e pouco dinheiro no bolso?

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O título deste texto é propositalmente uma pergunta. A resposta é sim. Claro que é possível ser um jornalista com esse perfil. Basta que você, por pura curiosidade, ou pelo fascínio de uma estranha luzinha algum dia avistada no céu, decida-se a ser um “jornalista de Ufologia”.
Jornalista de Ufologia? Outra pergunta. Infelizmente, é impossível não inundar você, que está lendo este texto, com perguntas e mais perguntas. Afinal, a única certeza que esta atividade pode oferecer a um jornalista, ao final de anos de atividade e dedicação, é um universo cada mais maior de perguntas.
Mas voltemos à questão jornalismo de Ufologia. Para respondê-la, precisamos primeiro pensar um pouco a respeito do que seja jornalismo.
Sentadinhos nas cadeiras das universidades, os estudantes de jornalismo, aqui ou em qualquer lugar do mundo, aprendem que o jornalista tem seis perguntas fundamentais para responder aos seus leitores: quem? o que? quando? onde? como? por quê?
Quando se trata de um mero acontecimento na superfície do planeta, desses com os quais nos acostumamos, impressos nos extensos cadernos dos nossos jornais diários, ou no jornal da tevê, a coisa é fácil. Por exemplo: um homem (quem) matou outro (o que) ontem (quando) na Vila Zelão (onde) com dois tiros (como) por ciúmes (por quê).
Agora faça um exercício pessoal de transpor essas perguntas –que obrigatoriamente devem ser respondidas por um bom jornalista– para o mundo dos óvnis, ETs, abduções, quedas, acobertamentos, enfim, para o universo da Ufologia.
Quem?
Geralmente a resposta a essa pergunta envolve um ET. Mas o que é um ET? Em alguns anos como “jornalista de Ufologia” e mais anos ainda como interessado no assunto, fui inundado por uma miríade de descrições de seres cujo efeito pirotécnico só poderia ser comparado ao das galáxias em colisão no centro da Via Láctea.
Os ETs têm inúmeras procedências, tipos físicos, gostos, roupas, línguas. Os mais conhecidos, inclusive da criançada, são os baixinhos cinzentos, de cabeça grande e olhos escuros e puxados semelhantes aos de esquilos. Talvez o fascínio por eles venha do fato de parecerem bichinhos de estimação, bonequinhos de chaveiro. Mas dizem que eles são maldosos e costumam enfiar objetos na gente, ou retirar esperma sabe-se lá para que. Vestem roupas colantes e diz-se que soltam estranhos sons quando conversam entre eles, algo parecido com grunhidos de cachorros.
Outros são muito semelhantes a nós, embora mais altos, de cabelos louros lisos. Esses são evoluidos e bons. Vestem geralmente roupas longas, brancas e se comunicam por telepatia. Não atraem tanto a atenção como personagens, talvez por serem muito semelhantes a humanos terráqueos.
Tem também o chupacabras. Esse é um mistério. Ninguém nem sabe se existe mesmo, ou se é onça, gato do mato, cachorro bravo, ou alguma espécie de mutante de tatu. Alguns ufólogos de destaque no exterior levantam até a hipótese de que ele exista, mas seja um ser mutante que está sendo produzido com altas técnicas de clonagem, em laboratórios militares. Serviriam como soldados convencionais em operações de guerra, peões de um xadrez em carne e osso.
Por falar em militares, aí a coisa esquenta. Militares, governos e cientistas enquadrados conspiram para desmentir a existência dos óvnis e dos extraterrestres, ao mesmo tempo em que mantêm pequenos seres presos, vivos ou mortos, e estudam suas naves em bases secretas nos desertos norte-americanos. Uma vez alguém me perguntou: quem tira o lixo dessas bases secretas? Até hoje estou procurando uma resposta. Mas acredito que elas existam, sim. O que pode ser tema de outro artigo, um dia talvez.
Outra coisa muito interessante são as origens.dos extraterrestres. Até agora, confesso, não consegui chegar a nenhuma conclusão. Viriam das Plêiades, de Ganimedes, de Io, de Magônia, ou do centro da Terra, como querem alguns? Ou de universos paralelos, como querem outros?
Portanto, a primeira pergunta fundamental da missão jornalística não encontra uma resposta clara, embora seja muito mais fascinante do que um serial killer no Bronx. Pelo menos para quem gosta.
O que?
Eis ai outra pergunta difícil. Se não sabemos quem, como podemos saber o que? Se não temos o sujeito, como ter o objeto? Mas a missão do jornalista é dura mesmo. Tem que se virar, pois milhões de pessoas esperam que ele venha sempre com novidades ou, quem sabe, com a suprema informação: o presidente Clinton apareceu no horário nobre da CNN e reconheceu que estamos em contato com eles há muito tempo e que em breve teremos uma declaração pública do comandante da frota, o venerado Ashtar. Se você prestar atenção, vai perceber que o jornalista, hoje, deixou praticamente de ser um canal de informações para se transformar no próprio agente da história. Ele acaba governando, policiando, denunciando, administrando o trânsito, perseguindo corruptos, escalando time de futebol.
Bem, já que essa é a sua sina aqui na Terra, na Ufologia isso também precisa ser feito. Mesmo sem saber quem estava fazendo, o “jornalista de Ufologia” tem a obrigação de descobrir o que está sendo feito. Aliás, a hipótese de que alguma coisa está sendo feita por ninguém acaba tendo que ser aceita. O objeto existe e o sujeito é oculto.
O que os extraterrestres fazem aqui, mesmo que não saibamos direito quem são eles? A história que eu acho mais interessante na literatura ufológica brasileira é a de Antonio Villas Boas, um agricultor mineiro que foi levado à noite para o interior de um óvni e transou com uma etezinha que, pela descrição, era carinhosa como uma gueixa. Sorte dele. Outros abduzidos tiveram destino pior: pequenos chips enfiados no nariz, tubos no ânus e na uretra, levitações, pesadelos, até morte por efeitos de radiação.
Não posso admitir que “eles” (quem será que são eles?) estejam aqui para isso apenas. Eu não quero ser visto como um ratinho de laboratório. Se bem que talvez seja. Mas é estranho. Alguns extraterrestres fazem isso com a gente, outros nos tratam com a santidade de anjos, transmitindo informações divinas sobre um mundo de paz e harmonia que está diante dos nossos narizes e não conseguimos ver. Será que eles são de vários tipos? Será que, como nós, são diferentes não só nos corpos físicos, mas também na qualidade das almas?
Eles estão fazendo tudo isso, mas o espetáculo mais majestoso é quando aparecem nos céus do planeta, em formas de discos, charutos, triângulos, emitindo luzes coloridas, do tamanho de um pequeno pires ou maiores que dez jatos de passageiros. Muitos, dizem, estão até caindo por aí. Fazem piruetas nos céus, perseguem carros, um espetáculo cada vez mais popular e freqüente.
Quando?
Veja você como as respostas estão ficando complicadas. O coitado do jornalista não sabe quem, mas sabe que algo está feito, embora não saiba direito do que se trata. E agora perguntam: quando?
Se alguém fez algo no passado fica fácil. Por exemplo, nós sabemos que o Ezequiel bíblico subiu aos céus num carro de fogo. Moleza. Deus o levou e pronto. Sabemos também que rodas luminosas traziam anjos e deuses em quase toda a História passada, o que está comprovado em gravuras rupestres de cavernas pré-históricas, desenhos assírios, fenícios, sioux, incas, astecas, tupis-guaranis.
Sabemos também que “eles” andam aprontando em Guarabira, na Paraíba, em Massapé, Ceará, na Austrália, no Arizona, na África, na China e até aqui, em cima das cabeças dos poluídos paulistanos, como se nós já não tivéssemos preocupações suficientes com nossos parceiros terráqueos que desenvolveram formas de botar a mão no dinheiro alheio inimagináveis nos mais criativos recônditos galáticos.
Mas o problema é que “jornalista ufológico” acaba tendo que ler Einstein, Bohm, Buda, Eisenberg, e acaba se convencendo de que o tempo realmente não existe. Portanto, o “quando” acaba sendo uma pergunta sem sentido. Entretanto, nossa reportagem precisa ser escrita. E lá vamos nós.
Como?
Graças à minha ansiedade, acabei respondendo um pouco dessa pergunta ali atrás. Desculpe, o tempo continua correndo de forma linear para mim e para você e isso acaba sendo inevitável.
Como é que eles chegam até nós? A grande questão, hoje, na qual até a NASA está envolvida, é tentar descobrir se é possível viajar a velocidades superiores à da luz. Einstein disse que não, mas até suas sensacionais teorias estão ficando confusas quando colocadas na panela da Ufologia. Supondo que os óvnis viajem a velocidades superiores à da luz, mesmo assim parece não ser por aí a resposta. Eles teriam que viajar a velocidades muito, mas muito mesmo, superiores à da luz para chegar até nós de pontos tão distantes do Universo. Assim, tendemos para outras respotas, como passagens interdimensionais, os chamados buracos de minhoca. E a missão do pobre jornalista fica mais difícil, pois ele tem que conseguir explicar ao seu leitor, uma pessoa comum, preocupada com sua poupança e seu emprego, que a física contemporânea acha possível que existam universos paralelos, dobrados uns sobre os outros como camadas de uma cebola, convivendo no mesmo espaço mas em dimensões e tempos diferentes.
Algumas teorias dizem que eles vêm do futuro. É interessante, mas funde a cuca. Se eles vêm do futuro, teríamos que admitir que frequentam o passado. Quer dizer que eles vão até 4 mil antes de Cristo e podem ver Moisés recebendo as tais tábuas da lei? E Moisés fica lá, o tempo todo, repetindo sempre a mesma coisa? Como diz um amigo freqüentador de várias listas de Ufologia na Internet: penso, logo desisto.
Por quê?
Antes de desistir, vamos tentar responder a alguns porquês, já que as perguntas anteriores ficaram, sem trocadilho, praticamente no ar.
O porquê mais comum, sempre um forte argumento de quem não acredita, é a pergunta incisiva, geralmente acompanhada de um sorrizinho no canto da boca: por que eles não descem na Praça da Sé ou no Rockefeller Center? A melhor resposta para isso foi a que recebi de um amigo, anos atrás, comandante de jato de passageiros. Ele me respondeu com outra pergunta: por que nós não nos comunicamos com as formigas?
A resposta foi uma porrada. Não só explicou razoavelmente o fato de possíveis extraterrestres não se comunicarem conosco, como me jogou na cara, como uma bofetada, a nossa miséria intelectual em relação a outras formas de vida aqui mesmo, em nosso planeta. Como somos (ou sempre pensamos ser) o centro da Criação, porque desenvolver tecnologias para nos comunicarmos com as formigas, as abelhas, as lesmas? Ora, são formas inferiores de vida. Vamos à procura dos nossos pares, os filhos de Deus, obras-primas da Criação.
Apesar da lógica da resposta, eu me nego a aceitar que a relação entre “eles” e nós seja tão grande. Mesmo que fosse, uma civilização assim tão evoluida não teria que, necessariamente, ser evoluida apenas tecnologicamente. O que aconteceu conosco, um imenso desenvolvimento tecnológico convivendo com um pobre crescimento humano e moral, não precisa necessariamente ser padrão para o Universo. Noto que as pessoas, principalmente grande parte dos ufólogos (o que será isso?) presumem que uma civilização extraterrestre seja mais avançada que nós em termos tecnológicos. Um avanço espiritual e moral superior ao nosso, muito superior, teria que presumir comportamentos e atitudes diferentes. Querer encontrar respostas para o comportamento “deles”através de comparações com o nosso é, no fundo, o mesmo que ainda achar que o Sol gira em torno da Terra.
Outro porquê muito comum é aquele que tem a ver com esta pergunta: por que eles vêm aqui? E eu sei? Alguém sabe? Se você navegar pela Internet, ou ler revistas especializadas, vai encontrar explicações e mais explicações. Eles estariam aqui para nos advertir sobre o fim do mundo, a catástrofe nuclear, o Armagedon. Ou para coisas mais simples como tirar esperma humano para fazer clonagens. Seriam anjos, mensageiros de Deus. Estariam organizados em frotas estelares, protegendo o planeta e as circunvizinhanças. Talvez estejam só passando por aqui, em infindáveis viagens dimensionais pelo espaço-tempo. Ou talvez sejam apenas curiosos, fazendo pesquisas sobre nossa flora e fauna como nós costumamos fazer em sítios arqueológicos ou em comunidades primitivas.
De todas essas perguntas, essa é aquela cuja resposta eu mais gostaria de ter. Já tentei de tudo para isso. Já fiz meditações embaixo do sereno. Entoei mantras. Tentei a telepatia. E nada. Fiz promessas de abandonar tudo e me dedicar a eles, à sua mensagem para a Humanidade, e não consegui ouvir nada além do barulho dos grilos. Minhas últimas tentativas foram marcar encontros em lugares ermos, o que me levou a descobrir que eles ou não gostam de mim, ou não tenho nada a oferecer, ou são mais espertos do que eu pensava.
Essa é, enfim, a sina de um jornalista que resolveu escrever sobre Ufologia. Felizmente, tenho outras atividades profissionais que me permitiram sustentar minha família e encaminhar meus filhos no caminho da escola- profissão-e-vida, sem, graças a Deus, ter evitado que eles se contagiassem pelo fascínio da Ufologia.
Se você pretende ser jornalista, ou já é, ou é um leitor interessado no assunto, agora ficou sabendo um pouco mais do que se passa no ofício de quem tenta ser o repórter do desconhecido e do inexplicável.
Mas, por favor, não veja em tudo isso o que eu disse aqui, um desestímulo ou uma descrença. Meu lado sagitariano impede que eu escreva sobre um assunto tão difícil de forma diferente dessa, da descontração e da alegria. O que a Ufologia me presenteou, em poucos anos, é muito mais interessante e importante do que aquele período de minha vida profissional em que acreditava que a política era a atividade principal da Humanidade e que o nosso destino estava totalmente em nossas mãos.
Eu não consegui ainda, como você pôde ver, respostas clássicas para as perguntas clássicas do jornalismo. No fundo, porém, consegui resposta para uma pergunta muito maior e mais fundamental. Hoje tenho a certeza de que estamos vivendo uma época decisiva da nossa História no planeta e de que todas essas informações que o “jornalista de Ufologia” leva a seus leitores são fundamentais na construção do nosso futuro, pois estão nos abrindo, acima de tudo, novos horizontes espirituais, mais do que apenas tecnológicos.
Outro dia eu vi a reprodução de um filme de uma pequena sonda deixando um óvni, no site de Ricardo Varela Corrêa, seríssimo pesquisador do fenômeno. Então pensei: bilhões de pessoas antes de mim não tiveram esse privilégio. Eu tive. Será que foi um presente deles? Estou tendendo a achar que sim.

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(in memmorian)Eduardo Castor Borgonovi
Publicitário e jornalista. Escreve a coluna “Vida” distribuida pela Agência Estado, uma empresa do jornal “O Estado de S. Paulo”.

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