Depois de muitos anos sem um grande evento para apresentação ao público dos trabalhos e estudos mais recentes da Ufologia, começaram simultaneamente, no último sábado, dia 30, o XX Congresso Brasileiro de Ufologia Científica e a IX Conferência Internacional de Ufologia, que vão até o dia 2 de novembro.
Apesar dos dois títulos, o evento tem programação única e está sendo realizado no auditório do Sindicato dos Hoteleiros de São Paulo. Como palestrantes estão algumas das maiores autoridades da Ufologia no mundo, incluindo protagonistas de encontros imediatos com supostos tripulantes de UFOs e até mesmo o famoso italiano Giorgio Bongiovanni, conhecido portador de estigmas (feridas que reproduzem o sofrimento de Jesus Cristo crucificado) que seriam parte de uma história envolvendo religião, mensagens de Nossa Senhora de Fátima e contatos com extraterrestres.
Como Conferência, a nona edição acontece 15 anos depois da primeira, organizada em Curitiba, no Paraná. Não por coincidência, a organização está sendo feita pelo Núcleo de Pesquisas Ufológicas de Curitiba (NPU), que tem como presidente o experiente promotor de eventos ufológicos Rafael Cury.
Logo na abertura, Cury revelou ter optado por fazer o Congresso em São Paulo justamente para sanar a carência de eventos na região. Comentando o trabalho de pesquisadores do eixo Rio-São Paulo, ele foi enfático ao dizer que “a nata da Ufologia brasileira está aqui em São Paulo e nós temos muito orgulho de dizer isso”. Em entrevista à Revista Vigília no primeiro dia do Congresso, Cury fez um balanço não muito otimista, revelando que o número de inscrições está abaixo do esperado. Mesmo assim, cerca de 250 pessoas se inscreveram para os 4 dias do evento. “Acho que a estratégia de divulgação estava errada. Apostei todas as minhas fichas na divulgação no eixo Rio-São Paulo, quando na realidade deveríamos ter feito isso para todo o Brasil”, lamentou. Apesar disso, o organizador revelou ter planos para realizar novos congressos na capital paulista. “Mas da próxima vez vamos corrigir a estratégia”, garantiu.
Temas variados
Apesar do título privilegiar a chamada Ufologia Científica, bastante eclético, o evento logo à entrada apresenta aos participantes um workshop onde são expostos e vendidos desde camisetas com motivos ufológicos, livros e revistas sobre o tema, maquetes e algumas réplicas bem humoradas de seres alienígenas, até quadros e obras de abordagem esotérica e espiritualista. Há também promoções. Os participantes podem assinar a Revista UFO (única publicação impressa no Brasil sobre o tema) com 40% de desconto.
As palestras reproduzem o eclético leque de temas e filosofias do workshop, mas Cury justifica: “como organizador de um evento, não posso trazer apenas pessoas que concordam com a minha linha de pensamento na Ufologia”.
A palestra que abriu as discussões no dia 30 de outubro, com o tema “abduções” (seqüestro por extraterrestres), coube ao pesquisador catarinense Eustáquio Patounas, presidente da SOCEX – Sociedade de Estudos Extraterrestres. No primeiro dia, uma das mais aguardadas exposições foi a do físico nuclear canadense, pesquisador de UFOs e escritor Stanton Friedman. Acumulando cidadania norte-americana e canadense, Friedman é um dos principais pesquisadores da suposta queda de um UFO em Roswell, no Novo México, um trabalho detalhadamente apresentado em sua obra “Crash at Corona: The Definitive Story of the Roswell Incident” (Em português: Queda em Corona: A História Definitiva do Incidente em Roswell, em co-autoria com Donald Berliner).
Embora seu trabalho seja normalmente associado à pesquisa sobre Roswell, nesta visita ao Brasil Friedman falou de um tema diferente: as possibilidades teóricas das viagens interestelares. Em entrevista exclusiva à Revista Vigília, o físico nuclear revelou que nos últimos 40 anos trabalhou para a indústria do desenvolvimento de sistemas avançados de navegação espacial. “Depois de falar sobre a realidade os UFOs e sobre Roswell em mais de 600 faculdades e mais de 100 grupos profissionais em 13 países, o que eu vim falar hoje é que eles [os UFOs] podem conseguir vir aqui. Viagem estelar? Sim!”, exclamou.
Friedman, que é um estudioso das interações entre as instituições governamentais e o fenômeno UFO, disse à Vigília que “o entendimento do governo neste campo é que é melhor suprimir a verdade sobre os discos voadores”. No caso do governo americano, em sua opinião, uma razão óbvia para esse comportamento são as enormes implicações de segurança, já que foram desenvolvidos grandes sistemas e programas de defesa secretos nos últimos quarenta anos que não podem defendê-los de ataques inimigos. Segundo ele, “todos os países gostariam de saber como eles [os UFOs] funcionam”. Para Friedman, a responsabilidade de solucionar esse grande mistério vai ficar mesmo para as novas gerações.
No domingo, além dos palestrantes brasileiros, outra atração foi a exposição do pesquisador norte-americano Roger Leir. Médico cirurgião, Leir já foi responsável pela retirada de fragmentos metálicos em diversos pacientes que teriam sofrido implantes extraterrestres durante abduções.
Nesta segunda-feira, outro expositor internacional será o suposto abduzido Travis Walton, cuja história ficou conhecida mundialmente através do filme “Fogo no céu”. Na terça-feira, encerramento do Congresso, será a vez do estigmatizado Giorgio Bongiovanni.
Quem não pôde conferir o evento desde o início ainda pode participar. O ingresso para cada dia custa R$20,00. As palestras começam às 9 horas. O Sindicato dos Hoteleiros fica na rua Taguá, 282, no bairro da Liberdade.
