
Inspirei-me nos relatos dos verdadeiros abduzidos e deixei as cenas um pouco mais claras para ser interessante.

ABDUÇÃO
(Especial para o Fórum da Revista Vigília)
Autor: Lulu
Tudo começou aos 16 anos. João morava numa chácara com seus pais e 2 irmãos e estudava a noite num colégio da cidade, cerca de 5 quilômetros de sua residência. Para ir e voltar à escola pegava um coletivo que passava a cerca de 300 metros de sua casa. O retorno era sempre mais perigoso, pois o trajeto que tinha de andar a pé, apesar de curto, passava por um caminho escuro com bambuzais nas duas laterais, formando uma espécie de caverna verde. O sopro do vento fazia as folhas se moverem de forma assustadora e um assobio contínuo era audível por todo o percurso além do barulho característico das folhas dos bambuzais e demais árvores chacoalhadas pelo vento. As folhas secas iam arrastando-se pelo chão e formando pequenos rode-moinhos que se desfaziam em poucos segundos dando um tom mais assustador ainda ao lugar.
Completava o arrepiante cenário os barulhos de grilos, sapos e uivos de cães que se ouvia por toda a extensão do caminho. Olhando-se para o céu, via-se por entre as folhas nuvens negras espaças e nas falhas algumas estrelas e a lua cheia brilhando tão intensamente que parecia um sol noturno. Mas aquele zumbido estranho não era comum. Parecia que algum transformador elétrico estava por perto chiando como se estivesse enormemente carregado de eletricidade ou será que era um simples zumbido nos ouvidos? João caminhava mais rapidamente com o coração palpitando e a cabeça cheia de perguntas, dúvidas e medos quando uma luz extremamente forte invadiu o caminho e o rapaz perdeu os sentidos.
Acordou algum tempo depois numa sala amplamente iluminada. A luz era suave e parecia que brotava de dentro das paredes. Não se via lâmpadas de qualquer espécie nem se tratava de iluminação indireta. Era como se as paredes produzissem a iluminação ambiente. João, deitado sobre uma maca, conseguia se mexer e levantar os braços, mas não era capaz de levantar-se. Parecia estar imobilizado, embora conseguisse sentir os movimentos dos dedos de seus pés, não conseguia erguer nenhuma das pernas. Olhou para o relógio que marcava 10:50 h. Já fazia quase meia hora que estava ali desde o momento que viu a luz no caminho de casa. O que teria acontecido e que lugar era aquele.
De repente, uma porta se abre de maneira nada convencional. Inicialmente surge um ponto de iluminação mais forte na parede a sua frente e logo em seguida a parede em volta do ponto vai desaparecendo e dando lugar a um buraco retangular equivalente a uma porta por onde passam três seres estranhos. O maior tinha cerca de 1,50 m e os outros dois aproximadamente 1,40 m. Tinham cabeças grandes e ovaladas, corpos pequenos e sem musculação desenvolvida e olhos grandes e pretos. Pareciam ETs . Será que estou sonhando, pensava o jovem, ou será que é real. Uma voz branda e masculina é ouvida como se fosse dentro de sua cabeça que dizia. Fique tranqüilo, você está em segurança. Não lhe faremos nenhum mal. Que sonho maluco, pensou então, mas a voz em sua mente retrucou que não se tratava de um sonho, que ele estava a bordo de uma nave espacial de origem extraterrestre e que nenhum mal lhe seria feito.
Incrível, pensou, estou conversando com estes seres por telepatia ou será que é só meu pensamento? Estamos nos comunicando diretamente através de nossas mentes. Você recebeu um tratamento logo que veio a bordo para poder se comunicar conosco desta maneira. Perplexo João não sabia se acreditava, tentou se levantar mas não conseguia. O ET maior, que parecia ser o líder informou-lhe que seria submetido a exames clínicos e que logo estaria livre para voltar para casa. Seus sentidos foram sumindo novamente e quando acordou estava noutra sala pequena, mas com uma mesa e algo que parecia como um sofá.
Levantou-se da cama e dirigiu-se para o pequeno sofá. Assim que se levantou, a cama foi tragada pela parede sendo totalmente absorvida por esta de tal forma que não era mais possível identifica-la.
Novamente a parede se abre e os três seres surgem e entram na pequena sala. Você foi examinado e constatamos que possui uma cicatriz nos olhos. Sim, pensou o rapaz, foi de um acidente que sofri quando era garoto, mas enxergo bem apesar disso. Agradecemos por não ter oferecido resistência, ajudou-nos muito, informaram-lhe o ET chefe. É nosso convidado para conhecer a nave, se quiser. Adoraria. Então venha. O rapaz seguiu os Ets e passando pela porta na parede e por um corredor curvo chegando até uma sala redonda e grande que parecia ser o centro de comando do aparelho.
Para que realizaram testes em mim, perguntou. Fazemos pesquisas nos seres humanos deste planeta há séculos para acompanhar o desenvolvimento de sua gente e para identificar sinais de mudanças no planeta. Descobriram alguma coisa importante? Estão passando por uma evolução rápida e há muita poluição no ar e na água. Isso poderá afeta-los no futuro, principalmente na reprodução.
De onde vem?, indagou o jovem. O quanto você conhece sobre o espaço? Muito pouco respondeu. Então de pouco adiantaria dizermos de onde nos viemos. Trata-se de um mundo longínquo e completamente diferente do seu, mas que possui condições parecidas de sustentação de vida. Temos naves visitando os mais distantes recantos da galáxia. Existem mais seres além de vocês visitando nosso planeta, indagou João. Sim, muitas raças diferentes. Encontramos naves de diversas origens e formatos e seres estranhos para nós. Como se comportam quando encontram esses Ets? Há uma regra de conduta no espaço. Respeitamos uns aos outros e não fazemos gestos agressivos.
Não fazem contato com os outros alienígenas? As vezes, mas geralmente não, pois cada um busca seus próprios interesses e muitas vezes as raças são tão diferentes entre si que não há qualquer razão que leve a um estreitamento no relacionamento. Então pesquisam o que desejam e vão embora? Não é bem assim, nossas pesquisas já duram centenas de anos e trata-se de um estudo de tendências de desenvolvimento humanóide no cosmo.
Porque nós?
Porque são únicos neste sistema solar, desenvolveram inteligência e vem dominando o planeta há milhares de anos. Nos interessamos por seres assim, pois se assemelham a nossa própria cultura.
Mas somos tão diferentes?
Na aparência meu jovem. Somos seres feitos de carbono e baseados em água como vocês, temos sentimentos, necessitamos de alimentos, nos acasalamos e tivemos uma história conturbada e difícil até atingirmos o grau de desenvolvimento tecnológico em que nos encontramos hoje.
Mas parecem tão insensíveis?
Deve ser devido a roupa que usamos que cobre todo o nosso corpo, não sendo possível demonstrar todos os nossos gestos.
Porque necessitam desta roupa?
Os sistemas solares são muito diferentes. Temos problemas para suportar as radiações solares deste sistema e embora a nave barre a maior parte, temos que nos proteger com a roupa. Mas o maior problema são os micro-organismos. Há muitas bactérias que podem nos causar doenças que nem imaginamos. Depois que realizamos as pesquisas com esta nave, vamos para a nave-mãe que nos espera numa órbita terrestre mais afastada e lá passamos, nave e tripulação, por um processo de descontaminação antes de entrarmos em nosso ambiente natural reproduzido dentro da nave-mãe.
Mas o ar, a temperatura aqui, é tudo tão parecido com a Terra.
Sim, mas para atender a sua necessidade e manter os resultados da pesquisa coerentes com o que seria possível obter na superfície de seu próprio planeta. Nosso traje se encarrega de adaptar a luminosidade, a temperatura e o padrão atmosférico as nossas necessidades fisiológicas. Vivemos em um mundo bem mais escuro que a Terra, com um sol bem mais fraco e distante, muito mais frio e com um ar mais rico em oxigênio.
Mas esse traje parece uma roupa de mergulho? Não vejo espaço para ar nem para controle de temperatura.
Não temos como explicar em detalhes, mas funciona como uma segunda pele que se ajusta ao nosso corpo. A roupa é construída com uma fibra especial e contém milhares de componentes microscópicos que modificam o ar que permeia nossa pele verdadeira fornecendo o oxigênio e a luminosidade necessária. O concentrador de oxigênio para respiração fica sob o queixo e é bem reduzido funcionando como uma bomba de tamanho reduzido que aumenta a concentração de oxigênio que necessitamos para respirar. Todo o ar contido na nave é reciclado e renovado por meio de componentes microscópicos que ficam instalados na própria carcaça da nave. Tudo é controlado por computadores quânticos ultra-velozes que mantém o ambiente interno dentro dos padrões pré-definidos.
Mas não vejo meios de controle nesta máquina. Como ela é operada?
Pela mente meu rapaz. Quase a totalidade dos aparelhos que usamos atendem ao nosso comando mental e funciona conforme nossa necessidade. Não teríamos perícia suficiente para guiar manualmente esta nave como fazem em seus aparelhos, pois o modo de propulsão, a velocidade e a forma de deslocamento exige cálculos matemáticos precisos e instantâneos. Há muitos computadores minúsculos que controlam todo o processo de locomoção do aparelho. Sem eles morreríamos rapidamente.
É difícil controlar com a mente?
Depois que se aprende é como andar, enxergar e escutar. Torna-se parte de nosso corpo, como uma extensão. Pode comparar a um controle remoto, só que ao invés de botões, usamos o pensamento para enviar comandos ao sistema que retorna conforme solicitamos.
Hã, é como a estória do "abracadabra". Eles diziam na frente da caverna a palavra "abracadabra" e ela se abria. É assim?
Quase isto. É como um comando, só que mais complexo. Nós emitimos o comando mentalmente e as máquinas respondem como desejado.
Agora está na hora de partirmos. Você será deixado onde o encontramos e não se lembrará de nós.
Que pena, gostaria de lembrar-me de tudo.
Infelizmente não será possível. Nosso método de pesquisa foi desenvolvido assim para evitar danos psicológicos e influências exógenas as pessoas pesquisadas e ao próprio planeta. Isso evitará que sinta medos, angustias e seja exposto a situações complicadas em sua própria sociedade.
Nos veremos outra vez?
Sem dúvida. Ainda teremos muitos encontros no futuro.
Mas como vou encontrá-los?
Não se preocupe. Nós o encontraremos onde quer que esteja. Temos o seu padrão mental de pensamento. Nossos instrumentos são capazes de sintonizá-lo como uma onda de rádio e em questão de segundos saberemos as coordenadas de sua localização.
João acordou assustado e levantou-se do chão quando seu irmão o sacudia.
Acorda, acorda. Porque está dormindo aqui?
Hã, não sei. Parece que tive um sonho. Só me lembro que vinha caminhando e de repente você começa a me chacoalhar.
São 3 horas da madrugada. A mamãe já telefonou prá todo mundo, inclusive para o diretor Helton. Como ouvi um ruído estranho nos bambuzais e os cachorros não paravam de latir, resolvi sair para ver o que era. Não sei como não o vimos aqui neste cantinho antes.
O papai foi várias vezes até o ponto de ônibus para ver se tinha acontecido alguma coisa e não o viu.
Vamos prá dentro.
Os dois rapazes entram na varanda da casa onde uma luz fraca ficava acesa iluminando o pequeno oratório com a imagem de N.S. Aparecida. Lá dentro o restante de sua família ficaria surpresa com a demora e a total falta de explicação para isso.