Eles mostram as inconfundíveis marcas da ferramenta de um torno mecânico. Isto pode ser facilmente visto no centro dos vazos abertos ou pratos onde o ângulo de corte varia rapidamente - deixando uma linha clara, estreita e perfeitamente circular feita pela ponta da ferramenta de corte.
Estas tigelas e pratos de pedra são alguns dos melhores já encontrados, e são do primeiro período da antiga civilização egípcia. São feitos de uma variedade de materiais - desde macios, como alabastro, até os muito duros como o granito, passando por materiais menos duros.
Trabalhar com pedras macias como o alabastro é relativamente simples, em comparação com o granito. O alabastro pode ser trabalhado com ferramentas primitivas e abrasivos. Os trabalhos elegantes em granito são uma questão diferente e indicam não apenas um nível de habilidade consumada, mas uma tecnologia diferente e talvez muito mais avançada.
O torno parece ter sido um instrumento familiar na quarta dinastia, como o é nas oficinas modernas.
louças como estas não foram encontradas em qualquer outra dinastia na história egípcia - parece que as técnicas necessárias foram perdidas.
Alguns vasos delicados foram feitos de pedra muito frágil, tais como xisto (como um seixo) e ainda foram acabados, torneados e polidos, até uma impecável borda com a finura do papel - um feito extraordinário de artesanato.
Pelo menos uma peça foi tão impecavelmente torneada que o vaso inteiro (cerca de 23 cm de diâmetro, totalmente escavado incluindo um rebaixo de 8 cm de abertura no topo) se equilibra perfeitamente (o topo repousa horizontalmente quando o recipiente é colocado numa prateleira de vidro) num fundo redondo não maior que o tamanho e a forma da extremidade de um ovo de galinha!
Isso exige que o vaso inteiro tenha uma espessura de parede simétrica sem qualquer erro substancial! (Com uma superfície de base tão pequena - menos de 0,38 cm² - qualquer assimetria em um material tão denso como o granito produziria um desequilíbrio no balanço da peça acabada.) Este tipo de habilidade irá levantar as sobrancelhas de qualquer torneiro. Produzir uma peça como esta em argila seria muito impressionante. Em granito então seria incrível!
Outras peças torneadas em granito, basalto ou pórfiro são totalmente escavadas com aberturas dilatadas e pescoços estreitos, e alguns até têm pescoços longos. Uma vez que ainda temos de reproduzir tais peças é seguro dizer que as técnicas ou máquinas que empregaram para produzir esses vasos ainda não foram replicado.
Aqui está uma peça (60 cm ou mais de diâmetro) torneada do xisto (mostrada aqui colada no Museu do Cairo.) É como uma grande placa com um pescoço central (cerca de 8 cm de diâmetro) com uma borda externa que, em três áreas espaçadas uniformemente ao redor do perímetro é dilatada para o pescoço central. É uma façanha verdadeiramente surpreendente de trabalho em pedra.
Não havia apenas alguns deles. Aparentemente, havia milhares encontrados dentro e ao redor da pirâmide de degraus.
Acredita-se que a Pirâmide de Degraus é a pirâmide de pedra mais antiga do Egito - a primeira construída. Parece ser o único lugar onde este tipo de utensílios de pedra foi encontrado em quantidade, embora tenha-se encontrado alguns fragmentos de vasos semelhantes em Gisé. Muitos deles têm inscrito (riscado) os símbolos dos primeiros reis do Egito - os monarcas da era pré-dinástica - antes dos faraós. A julgar pela técnica primitiva das inscrições, parece improvável que essas assinaturas foram feitas pelos mesmos artesãos que moldaram os vasos em primeiro lugar. Talvez elas tenham sido adicionadas mais tarde por aqueles que de alguma forma os adquiriram.
Então, quem fez esses objetos? e como? e onde? e quando? E o que aconteceu com eles, para que os seus utensílios domésticos fossem enterrados na mais antiga das pirâmides egípcias?