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UFOs multimeios, efeito bokeh e a atitude do Pentágono

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Faz apenas alguns dias que vazou e veio a público o vídeo com supostos UFOs triangulares (ou pirâmides) que, segundo o próprio Pentágono, foram obtidas por militares. O vídeo — com aquele tom verde característico das captações com equipamento de visão noturna — foi apresentado ao mundo pelo cineasta investigativo Jeremy Corbell.

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Junto com esse material, Corbell, que já produziu o documentário “Bob Lazar: Área 51 e Discos Voadores“, apresentou também uma sequência de três slides (e posteriormente um quarto slide) que mostrariam um dos novos “populares” objetos do universo dos UAPs (de Unidentified Aerial Phenomena, como os militares norte-americanos preferem denominar agora os UFOs): os objetos multimeios (ou “transmídia”, como alguns sites denominam, numa tradução livre para o original “transmedium”, sem equivalência em Português).

Estes UFOs multimeios seriam artefatos capazes de se deslocar pelo ar e pela água, ou mesmo transitar rapidamente de um meio para o outro, sem grandes alterações de velocidade ou comportamento na transição.

A sequência de fotos, posteriormente animada na forma de uma imagem GIF, foi capturada no dia 15 de julho de 2019, diretamente através de um sistema de monitoramento visual a bordo do USS Omaha, na área de treinamento da Marinha em San Diego, na Costa Sul da Califórnia. Segundo as fontes do cineasta, a atividade de objetos desconhecidos no dia era intensa e apenas um dos alvos desconhecidos entrou — ou caiu — na água às 23h (horário de Brasília). Nenhum destroço foi encontrado.

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(Animação por @TheZignal, no Twitter)

Assim como o vídeo dos triângulos, também as imagens do objeto aparentemente esférico que entra na água fazem parte do relatório que está sendo preparado pela UAP Task Force, a força tarefa da Defesa norte-americana, criada ainda no governo Trump, para investigar casos de óvnis. Esse relatório deve ser apresentado ao Congresso Nacional dos EUA, por força de Lei, até julho deste anos de 2021.

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A mídia tradicional comprou rapidamente a história de mistério envolvendo o vídeo com luzes em forma de triângulo, em parte porque trata-se de um vídeo e de fato causa maior impacto visual; mas também porque o Pentágono estranhamente se apressou em reconhecer que as imagens foram feitas por pessoal militar e pertencem ao relatório que vem sendo produzido pela UAPFT.

Como mostrou o pesquisador cético Mick West, as luzes triangulares poderiam ser facilmente criadas com a aplicação do efeito bokeh sobre imagens de aviões ou drones militares convencionais. O efeito é resultado de uma técnica simples e mecânica que modifica o formato da abertura do diafragma da lente usada na captação das imagens.

Uma nova classe secreta de UFOs drones multimeios?

A veloz admissão do Pentágono acerca de autenticidade das imagens (não da suposta origem extraterrestre, ressalte-se) pegou de surpresa a comunidade entusiasta dos UFOs e a imprensa, acontecendo apenas um dia depois do vazamento. O fato de tê-lo feito tão prontamente para imagens tão facilmente contestáveis faz acender um alerta.

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Os equipamentos norte-americanos da Defesa e da Inteligência podem ser muitas coisas, menos ingênuos ou desleixados. E assumir posse e autenticidade das impactantes imagens destoa completamente da tradição de obstaculização e acobertamento do aparato militar dos Estados Unidos. Não há dados suficientes para afirmar cabalmente que esse era o objetivo, mas o fato é que a estridente e recorrente divulgação do “vídeo dos triângulos” ofuscou completamente as singelas imagens do UAP multimeios.

E muito provavelmente era justamente nestas imagens que devíamos estar prestando atenção. Desde que os vídeos dos “famosos” óvnis apelidados de “Tic Tac”, “Go Fast” e “Gimbal” vazaram em 2017, conhecemos a história do piloto de caça F/A-18E, comandante David Favor, oficial comandante do esquadrão de ataque 41 do porta aviões USS Nimitz. Em novembro de 2004, Fravor, auxiliado pelo seu oficial do sistema de armamentos, e um tenente recruta pilotando uma segunda aeronave, em meio à perseguição de um óvni, perceberam uma área agitada no mar, de forma oval, espumosa e com o tamanho aproximado de um Boeing 737. Na mesma posição onde logo em seguida notariam um objeto 50 metros acima da água. Era sólido, branco, de 10 a 14 metros de comprimento, sem janelas, sem asas, nem propulsão visível.

Conheceríamos assim o “Tic Tac”, que ganhou o apelido pela semelhança com a balinha homônima. Desde o depoimento de Fravor supõe-se — naquele caso sem evidências diretas, ressalte-se — possuir a capacidade de deslocar-se igualmente pelo ar ou pela água.

Mas objetos com a capacidade de deslocarem-se na água não eram exatamente uma novidade. Na história da Ufologia, normalmente são denominados como OSNIs, de Objetos Submersos (ou Submersíveis) Não Identificados. Mas agora estávamos diante de um relato militar e registros de radar de um potencial objeto dessa classe, com a capacidade adicional constatada de desenvolver também incríveis manobras no ar.

Os vazamentos de 2017 fizeram reacender a polêmica em torno de um vídeo que já havia circulado na imprensa leiga e nos veículos especializados em Ufologia anos antes. Já se sabia sobre a filmagem do objeto de Aguadilla, em Porto Rico, de 2003, considerada uma das melhores evidências de óvnis dos últimos tempos. Pode tratar-se de um registro ímpar, de um objeto com capacidades bizarras, como a transição do ar para a água sem alteração de velocidade (multimeios ou “transmídia”), ou a habilidade de aparentemente subdividir-se em dois.

Escondendo segredos bem à vista de todos

Há mais questões a serem levantadas no âmbito do vídeo reconhecido pelo Pentágono, ainda no contexto da ingenuidade a que me referi logo antes neste mesmo artigo. Por que raios alguns militares iriam fazer modificações num caro equipamento de visão noturna para produzir o efeito bokeh? Seria o suficiente para a abertura de uma investigação? O que provavelmente seria uma piada interna deveria constar como objeto de interesse de um relatório tão esperado e tão pressionado como o da UAPTF ao Congresso? Vale lembrar que, para os congressistas, a perspectiva a se considerar no caso do documento é a da detecção de UAPs potencialmente perigosos para a segurança nacional!

Não está verdadeiramente claro se está em curso uma operação cortina de fumaça. Seria esconder a informação relevante bem à vista de todos. E em geral esse tipo de operação nunca é facilmente detectável. Mas estas perguntas, entre outras, certamente vão obrigar a comunidade ufológica a ficar mais atenta, mas crítica e a reduzir as expectativas quanto às informações que podem ser efetivamente abertas ao público — isso se de fato o forem — em junho desse ano.

Enquanto isso, é importante continuar as buscas por registros e evidências de veículos transmídia. Quais seriam as tecnologias que permitiriam a sua existência? É possível que alguma potência terrestre já detenha essa capacidade? De Lue Elizondo a David Fravor, ouvimos uma narrativa de que os deslocamentos e manobras desses Tic Tacs estão acima das capacidades humanas conhecidas. Mas será que conhecemos mesmo todas as nossas capacidades? Ou será a hipótese extraterrestre ainda uma hipótese em jogo?

Pode ser que junho de 2021 traga essas respostas. Mas também pode ocorrer de só ficarmos sabendo disso quando a informação já não tiver qualquer relevância. Para o sim ou para o não, é certo que será um mês de junho agitado para a Ufologia e isso certamente terá reflexos bem além das fronteiras desse campo de interesse.

Jeferson Martinho é jornalista e editor do Portal Vigília.

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