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Quando o assunto OVNI ganha tratamento oficial por parte dos governos

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Para o Brasil e muitos outros governos o fenômeno OVNI continua sendo motivo de segredo. Embora a comunidade ufológica saiba da existência de programas militares com o objetivo de acompanhar a questão, nenhum deles – e muito menos a realidade do fenômeno – é oficialmente admitida.

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Uma das principais reivindicações dos ufólogos brasileiros é o reconhecimento oficial do fenômeno OVNI. Na realidade, a intenção é que o governo admita que existe um fenômeno autêntico, de origem desconhecida – e provavelmente, segundo defendem os pesquisadores, não terrestre. A ideia já virou inclusive uma campanha permanente, reforçada por adesivos e camisetas que costumam aparecer nos eventos de Ufologia no país.

Essa forma de tratar a questão não é, no entanto, uma regra para toda a América Latina. Governos do Uruguai e Chile avançaram bastante na criação de políticas de investigação do fenômeno OVNI. O primeiro, através do Cridovni – Comisión Receptadora y Investigadora de Denuncias de Objetos Volantes No Identificados – a mais antiga organização civil-militar oficialmente envolvida na pesquisa ufológica, fundada há mais de 20 anos. Já no Chile, esse trabalho é feito desde 1997 pelo CEFAA – Comite de Estudios de Fenómenos Aereos Anômalos – ligado à Escola Técnica Aeronáutica e presidido pelo general Ricardo Bermúdez Sanhueza.

Ambos têm vários pontos em comum. Contam com a participação de alguns dos principais ufólogos de seus países, com equipes multidisciplinares no apoio à pesquisa e análise de dados, buscam apoio acadêmico e tiveram sua origem baseada na preocupação com a segurança do espaço aéreo em seu território. Além disso, promovem e participam de eventos internacionais onde buscam novas informações ou procuram incentivar outros governos a adotarem a mesma conduta diante do fenômeno OVNI.

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Mas é em especial no Chile que a integração civil militar vem prometendo resultados mais positivos. Em maio de 2001, no Congresso Internacional de Ufologia realizado em Curitiba, no Paraná, um dos principais integrantes da iniciativa chilena, o sociólogo Rodrigo Fuenzalida, esteve no Brasil para apresentar o trabalho do CEFAA e trazer uma proposta de ação integrada com os brasileiros. Infelizmente, só conseguiu a atenção da comunidade ufológica presente. A proposta não ecoou nos meios militares, governamentais ou acadêmicos.

Fuenzalida é membro da AION – Agrupación de Investigación Ovnologica – organização de pesquisa convidada pelo general Ramon Vega a fazer do Comitê. Vega, que mais tarde seria eleito senador do Chile, foi quem decretou a criação CEFAA.

Governos como o Chile monitoram OVNI para segurança

Uma das razões para o convite, segundo explicou Fuenzalida em entrevista à Revista Vigília, “foi que a partir do ano 96 a AION criou no Chile os primeiros congressos internacionais (de Ufologia) com apoio da Universidade de Santiago e com apoio específico da Faculdade Tecnológica, tendo uma cobertura acadêmica importante”. No último deles, acrescentou o sociólogo, a participação do Brasil foi importante, com a presença de pesquisadores como Claudeir Covo, Ricardo Varela e Ademar Jose Gevaerd, que apresentaram a expressiva casuística do Brasil diante da seleta platéia num evento patrocinado pelo CEFAA, com participação oficial da Força Aérea Chilena e avaliado pela Faculdade Tecnológica.

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Fuenzalida explicou que a participação da AION no comitê e o próprio CEFAA se fortaleceram a partir de uma grande onda ufológica que o Chile experimentou em 1997. “Eu tive a oportunidade de viver uma experiência ufológica em julho de 97, durante o programa de rádio sobre Ufologia que apresento”. Realizado à 1 hora da madrugada, naquela data o programa era feito ao ar livre devido à participação de um astrônomo que dava explicações sobre as estrelas visíveis. “Quando ele terminou sua exposição sobre a estrela Altair, o locutor disse-me ‘olha Rodrigo, uma luz esquisita perto da cordilheira’. Estávamos no centro de Santiago”. Instantes após o início do avistamento, que foi seguido de um show de luzes coloridas e movimentos erráticos, o dezenas de ouvintes ligaram para a rádio informando estarem acompanhando a mesma aparição, que foi registrada em fotografias e fitas de vídeo.

Marco da pesquisa: um tenso workshop

Foi mesmo a partir de 2000 que o compromisso das forças armadas chilenas com a busca de respostas para o fenômeno UFO ficou ainda mais forte. Em março daquele ano, por ocasião da FIDAE – Feira Internacional do Ar – a mais importante feira de tecnologia aeroespacial do Chile, um Workshop especial tratou exclusivamente do tema OVNI. O evento contou com a presença de renomados pesquisadores de OVNIs de diversos paises, entre ele o Dr. Richard Haines, ex-consultor da CIA para o assunto, o escritor Juan José Benítez, o engenheiro francês Jean Jaques Velasco (um dos colaboradores do polêmico dossiê Cometa), além do próprio Fuenzalida, acadêmicos chilenos e a direção do CEFAA.

O grupo de debates formado no evento assinou conjuntamente um documento que, entre outras conclusões, afirma que “os antecedentes discutidos largamente no workshop indicam que o fenômeno aéreo anômalo é real e no qual está inserido o incidente OVNI como um evento raro e aleatório, mas específico”. Além disso, segundo o documento, “os estudos sérios que até esta data foram realizados não lograram resolver as infinidades de incógnitas que envolvem este controvertido assunto, o que leva à impossibilidade atual de avançar algumas teorias até encontrar respostas validadas cientificamente”.

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Fuenzalida explica que, para chegar a estas conclusões, esse que foi um dos eventos mais importantes da história da pesquisa ufológica no Chile contou com momentos muito tensos. “Uma das horas mais tensas foi quando Benítez pediu que o grupo da FIDAE colocasse ao final de tudo que a Força Aérea Chilena desclassificasse seus arquivos, uma citação que levou a uma citação muito tensa por outro lado, onde o general falou que a Força Aérea não tem arquivos”. Mas Fuenzalida tem certeza de ter visto, minutos antes de começar o Workshop, o general Ramón Vega passar a Benítez um envelope com relatórios da Força Aérea do Chile com fatos ufológicos. Mais tarde, quando conversava com Benítez, este teria lhe confidenciado que “se eu fosse um ‘filho da mãe’, colocaria esses documentos em cima da mesa do workshop e bum! Estaria feita a bomba! Mas a Força Aérea já fez um grande esforço com o fato de realizar este workshop, para haver uma bomba agora”, reproduziu.

O cuidado é justificado diante do contexto que levou à criação do comitê civil-militar. Existe um cuidado especial no estabelecimento de critérios acerca do que seria o objeto de estudos do programa chileno, para evitar os charlatanismos. Além disso, os membros militares temem ficar estigmatizados por atestarem uma “crença de malucos”.

Na medida em que essa preocupação no meio militar é bastante comum, Fuenzalida vê problemas adicionais para o desenvolvimento de programas parecidos no Brasil. “A realidade sociológica é muito complexa no fenômeno UFO. O Brasil é um país por excelência muito místico, onde os UFOs se misturam com transcomunicação, com os dogmas espíritas; é uma mistura de repente lógica para a realidade brasileira, mas isso se mistura com os Beattles, mistura-se com a religião, então não tem um caráter assim, oficial. Alguém pode falar de contato extraterrestre como pode falar com um espírita que está em transe em contato com Allan Kardec. Então acho que deve haver uma separação”, ponderou. Para ele, para que haja um posicionamento mais aberto e oficial quanto à Ufologia por parte das forças militares e setores governamentais, “tem que se afastar necessariamente das vertentes mais místicas”, avaliou.

Defensor do método científico como única ferramenta de pesquisa legítima, o sociólogo acredita que atualmente os mecanismos e sistemas à disposição da ciência avançaram muito e já permitem uma pesquisa mais ampla – mas ainda assim metodológica e científica – do fenômeno UFO.

Troca de informações entre governos e instituições sobre casuística OVNI

A experiência chilena tem sido bem sucedida no sentido de produzir uma troca de informações fluente nos dois sentidos, tanto militar quanto civil. E melhor ainda: o Grupo FIDAE, como ficou conhecido o elenco de pesquisadores que se reuniu no histórico workshop, estabeleceu como meta uma busca por parcerias e cooperação internacional, proposta que, aliás, Fuenzalida apresentou formalmente no Brasil. “Mas há de se entender que é necessário ter maturidade suficiente, porque insisto, a Ufologia mística deve ser… não combatida, mas aceita como um efeito sociológico, é preciso saber que ela não dá respostas para um fenômeno que é mais complexo do que nós acreditamos”.

A pesquisa conjunto, até essa altura, já produziu alguns casos importantes, e, melhor ainda, respostas. Um exemplo citado por Fuenzalida – no qual o Brasil tem responsabilidade – foram os famosos balões de Bauru. Tratou-se de uma pesquisa franco-brasileira com enormes balões meteorológicos lançados na cidade de Bauru, no Estado de São Paulo, os quais acabaram gerando uma infinidade de relatos de avistamentos de Óvnis (objetos brilhantes nos céus) em quase todos os países ao longo da linha imaginária que descreveram ao circular o globo terrestre. “E o problema foi que esse é um tipo de pesquisa em que quem lança o balão deve comunicar a aeronáutica dos países onde esses balões vão passar, e isso o Brasil não fez”, destacou.

A solução do “mistério” dos objetos luminosos contou ainda com a ajuda do pesquisador argentino Luiz Pacheco, editor do Informe Alfa (http://www.informealfa.com.ar), na Internet. A rede mundial de computadores, para o sociólogo Rodrigo Fuenzalida, vem desempenhando um papel extremamente importante na pesquisa ufológica.

Experiências oficiais e oficiosas de governos com o fenômeno OVNI

Ao comparar o trabalho do CEFAA com o do Cridóvni, do Uruguai, o sociólogo chileno Rodrigo Fuenzalida identifica alguns problemas no “primo” sul-americano: primeiro, embora seja uma iniciativa oficial com alguma participação de civis, o fato do Cridóvni ainda ser fundamentalmente uma empreitada sob o controle exclusivo das forças armadas. E ainda assim, ter uma estrutura bastante precária.

Apesar das diferenças e das dificuldades inerentes ao processo – como a recusa da representação militar chilena em abrir completamente seus arquivos – ambos representam passos importantes no sentido de buscar respostas e soluções para o fenômeno UFO, ainda que essas possam ter, quem sabe, de fato o caráter insólito e talvez até alienígena como defende a maioria dos grupos civis de pesquisas ufológicas.

No entanto, os dois comitês de ambos os governos não são exatamente casos isolados de iniciativas em que ocorreu envolvimento oficial e governamental com o assunto OVNI. No dia 13 de julho de 1999, o Comitê de Estudos Avançados da França, o chamado Comitê Cometa, entregou ao presidente francês Jacques Chirac e ao seu primeiro ministro Lionel Jospin um documento bombástico: o Dossiê Cometa, como foi chamado o relatório preparado por um grupo de pesquisadores civis e militares, na maioria acadêmicos e ex-membros de altos postos do programa espacial ou da defesa francesa.

Sob a presidência do general do Exército do Ar Denis Letty e a vários notáveis, entre eles o físico Jean-Jacques Velasco, o Comitê Cometa publicou parte de suas conclusões – absolutamente polêmicas – na revista VSD, uma publicação jornalística de grande prestígio na França, no dia 16 de julho. Entre suas afirmações, estavam a forte possibilidade de uma origem alienígena para os Óvnis, avaliações acerca do comportamento inteligente dos objetos e a existência de manipulação da informação para desinformação e acobertamento de evidências. Segundo o relatório, um contexto bem documentado “obriga as autoridades a encarar todas as questões sobre sua origem, natureza e características [do fenômeno OVNI]. Em particular, a hipótese extraterrestre”.

Curiosamente, embora considerado extremamente polêmico e dono de uma credibilidade impar para um documento com este teor, o Dossiê Cometa não foi bem recebido pela imprensa. Em parte, talvez por ter sido considerado um relatório “oficioso”, e não oficial. Não houve chancela governamental no documento, embora fosse de conhecimento público a participação de representantes governamentais no projeto.

Segundo muitos analistas, pesquisadores franceses e estrangeiros, talvez a medida tenha sido premeditada. Isso porque o documento continha duras críticas ao que considerou política de desinformação e acobertamento levada a cabo pelos Estados Unidos. Esse posicionamento, caso chancelado pelo governo, representaria um terrível problema para a diplomacia francesa.

Pode também ter sido esta a razão que levou o dossiê Cometa a ser emitido por outra organização que não o SEPRA – Serviço de Análise de Fenômenos de Reentradas Atmosféricas, uma espécie de substituto para o GEPAN (Grupo de Estudos de Fenômenos Aeroespaciais Não Identificáveis), criado em 1976 pelo governo Francês.

Projetos oficiais dos EUA: desinformação sobre OVNI

Entre os governos mais fechados para o fenômeno OVNI, surpreendentemente os Estados Unidos também já tiveram seus órgãos oficiais de pesquisas. O mais famoso deles, da década de 60, virou até seriado de televisão: o Projeto Bluebook. No entanto, as conclusões nenhuma dessas iniciativas – quando existiram – foram aceitas pela comunidade ufológica, que aponta a existência de desinformação e acobertamento em nome de interesses escusos.

No Brasil, o assunto nunca ganhou um caráter oficial e público, exceto pelas declarações dadas por pilotos da Força Aérea Brasileira, autorizados para tanto, em ocasiões pontuais, como no episódio de 19 de maio de 1986. Naquela data, caças brasileiros seguiram 21 Objetos Voadores Não Identificados nos céus sobre o Rio de Janeiro e São Paulo. Mas dse a FAB chegou a uma conclusão a respeito, esta continua secreta.

Apesar do segredo, há de se destacar o funcionamento, de 1969 a 1972, do Sistema Integrado de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados, que operava dentro do 4° Comando Aéreo Regional, de São Paulo. O Sioani foi formado para coletar informações sobre o fenômeno OVNI e procurar analisá-las sob um ponto de vista científico. Para tanto, chegou a manter intercâmbio reservado com alguns grupos civis de pesquisas, publicando até um boletim de circulação restrita sobre os casos em estudo. Mesmo assim, essa não era uma informação destinada à comunidade em geral.

Ainda mais reservada foi a Operação Prato, de pesquisas de UFOs realizada na Amazônia no final da década de 70. Embora haja muitos documentos e vários depoimentos a respeito, a existência desta esta sequer é admitida oficialmente pela FAB.

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Países que têm comissões de estudos do fenômeno OVNI em caráter oficial e público:

Governos do Chile, Uruguai, França e Itália não apenas mantém comissões de estudos com verbas governamentais como admitem a realidade do fenômeno OVNI.

Além desses governos, a Bélgica reconhece e admite o caráter insólito dos OVNIs e a Espanha, embora não reconheça oficialmente a existência do fenômeno, no ano passado promoveu a “desclassificação” de seus arquivos ufológicos, com muitos casos inconclusivos por falta de explicação convencional.

(Texto originalmente publicado em dezembro de 2001, atualizado em 03/11/2019)

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