Fotos de óvni em Calvine comprovam teatro das liberações governamentais
Era 4 agosto de 1990, na região de Calvine, no condado de Highland Perthshire, na Escócia. Duas testemunhas caminhavam quando teriam observado por quase dez minutos um óvni de aparência metálica, em forma de diamante. O objeto estava imóvel e silencioso no céu. Uma das testemunhas portava uma máquina fotográfica e apressou-se em tirar seis fotos do aparelho antes que ele se elevasse verticalmente e desaparecesse à vista.
Durante este incidente, dois aviões da Força Aérea Real (RAF, já que a Escócia é uma nação integrante do Reino Unido) aproximaram-se do incrível aparato voador.
Infelizmente, isso é tudo que se sabe do incidente em Calvine, ocorrido em plena luz do dia. As testemunhas chegaram a enviar suas fotos a um jornal regional (uma matéria relativamente recente do Daily Record diz que teria sido para o próprio Daily Record). O jornalista encaminhou as fotos originais ao Ministério da Defesa para comentários oficiais. A partir disso começou uma espécie de lenda em torno da história, com boatos de que não apenas o Ministério ficou em silêncio, mas as fotos e negativos do óvni de Calvine nunca teriam sido devolvidos ao jornal ou aos seus proprietários originais.
A maior parte dessa história é contada pelo ex-funcionário do Ministério da Defesa britânico (MoD), Nick Pope. De 1991 a 1994, Pope trabalhou com óvnis numa espécie de Arquivo X do MoD. Após deixar a função, tornou-se uma controversa celebridade da cena ufológica. Ele garante que teve em mãos uma imagem do incidente em Calvine e chegou a classificá-la como um dos melhores registros fotográficos de óvnis do mundo.
“Era uma nave metálica em forma de diamante, de aproximadamente 25 metros de diâmetro e parecia haver um jato militar no plano de fundo. Não estava claro se eles estavam escoltando esta coisa ou a perseguindo” contou Pope anos atrás num programa de rádio da BBC na Escócia. “Eu realmente tive uma cópia desta foto. Foi uma das coisas que eu tinha ampliada na parede do meu escritório quando estava no projeto de OVNIs. Um dia meu chefe de divisão a levou e a trancou em uma gaveta, porque ele achava que não devíamos ficar mostrando coisas assim”, relatou.
Fosse apenas a palavra de Nick Pope sobre a ampliação à lá “Arquivo X” na parede, o episódio teria provavelmente virado uma das muitas lendas da Ufologia. Também não se sabe porque o jornal simplesmente mandou todas as cópias e negativos das imagens para o governo; ou, pior, porque as testemunhas deixariam os negativos originais em posse do veículo de comunicação?
Mas a questão é que, em 2009, numa das muitas liberações de documentos relativos a óvnis do Reino Unido, quase sempre anunciadas como “desclassificação final/total” dos arquivos em posse do governo, uma reprodução em baixa resolução, como uma cópia xerox a partir de um desenho, foi liberada junto ao arquivo do caso. O documento estava num pacote de liberações que compreendeu de 1987 a 1993, com mais de mil páginas.
Tratavam-se dos documentos DEFE 24/1940/1 (página 114), DEFE 31/179/1 (pags. 157 e 158) e DEFE 31/180/1 (pag. 37 e 38). Quase todos se referiam às 6 imagens, propondo análises, ou como responder à imprensa e discussões sobre os caças presentes nas fotos (dois Harriers, da RAF).
Um dos documentos revela, inclusive, que os negativos originais teriam sido devolvidos ao jornal. Todos os documentos podem ser baixados gratuitamente no Arquivo Nacional Britânico. Exceto um quarto documento, já mencionado por Nick Pope, o DEFE 31/180 (pags. 55 a 57). Sem alarde, mesmo já tendo sido colocado para consulta no órgão do governo, esta peça aparentemente foi reclassificada até 2077!
Imagem do óvni de Calvine colorizada e expectativa
Após a liberação dos documentos, um canal de televisão britânico patrocinou uma tentativa de restauração da cena, a partir da imagem borrada da fotocópia. Ela foi colorizada e retrabalhada, com o suporte de Nick Pope, para dar uma ideia aproximada da fotografia real. O resultado é bem impressionante.
O governo continuou a receber uma chuva de críticas pela parcialidade da liberação, pelo fato de manter em segredo as evidências mais importantes do caso Calvine. Porém ainda havia uma grande expectativa por parte da comunidade ufológica para o ano de 2021.
Ocorre que há uma “regra dos 30 anos” para arquivos sigilosos no Reino Unido. Isso que significa que o prazo de sigilo das imagens e demais dados do Incidente em Calvine terminaria em 1º de janeiro de 2021. Entretanto os pesquisadores que aguardavam a liberação das famosas fotos da observação de um óvni na Escócia foram pegos de surpresa.
Em outubro do ano passado, 2020, o Ministério da Defesa do Reino Unido anunciou sua decisão de prorrogar o sigilo sobre o óvni de Calvine por mais 50 anos (!), estendendo a classificação sobre as evidências até 2072! Isso, claro, deixou muitos pesquisadores pelo mundo furiosos!
Nem todo o conteúdo, nem toda a verdade!
O episódio com o arquivo do óvni de Calvine foi um – de muitos – a mostrar tão claramente o quanto é preciso ter os dois pés atrás para duas questões na Ufologia: primeiro, quão teatrais podem ser as políticas de liberação de arquivos dos governos em geral, principalmente quando anunciadas como “liberações totais”.
Há dezenas de exemplos disso pelo mundo, inclusive no Brasil. A Força Aérea Brasileira afirma ter liberado todos os seus arquivos sobre a Operação Prato, de 1977, mas neles não constam horas de vídeos e centenas de fotos mencionados até mesmo nos relatórios já liberados. Além disso, provocados diversas vezes pela Lei de Acesso à Informação, as outras armas – Marinha e Exército, quase sempre declararam não deter arquivos, mesmo que outros documentos oficiais em posse dos ufólogos comprovem o contrário.
Estamos há poucas semanas de saber, por exemplo, como será a liberação de informações prevista em lei para a Força Tarefa UAP dos Estados Unidos. Uma canetada de Trump no apagar das luzes de seu mandato deu ao Pentágono, a partir do final de dezembro de 2020, 180 dias para apresentar ao Congresso dos EUA um relatório com as informações sobre óvnis em poder das agências de inteligência governamentais.
E, finalmente, o segundo aspecto, apresenta-se como uma pergunta importante: se não há evidências ou informações conclusivas sobre uma origem ou intenção desses objetos, como em parte alegam cientistas e membros do governo, e tampouco elementos para concluir que não se tratavam de fraudes, erros de interpretação ou engodos, porque essa cortina de fumaça? Seriam naves vindas mesmo de outros mundos ou armas e dispositivos terrestres tão avançados que mesmo assim não podem estar a serviço da melhoria da qualidade de vida da população em geral?
______________
LEIA TAMBÉM
CIA disponibiliza arquivos óvni em uma das maiores liberações da história
“Algo chegou ao Brasil em Maio de 86”, diz EUA. Os áudios da Noite Oficial dos Óvnis!
Documentos comprovam interesse militar pelo fenômeno OVNI (parte 1)
Austrália também tem documentos UFO oficiais na Internet
Documentos desclassificados na Argentina reabrem discussão sobre Caso Bariloche
