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Depoimento de militar reacende polêmica sobre Operação Prato

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Coronel reformado Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima suicidou-se após ter revelado seu envolvimento na Operação Prato, investigação ufológica desenvolvida pelo 1º Comando Aéreo Regional em Belém, no Pará

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Coronel Uyrangê, em entrevista ao editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd: revelações inéditas de operação realizada sob sigilo há 20 anos (cortesia: Revista UFO)
Coronel Uyrangê, em entrevista ao editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd: revelações inéditas de operação realizada sob sigilo há 20 anos (cortesia: Revista UFO)

Ao cair da noite, a jovem está retornando à sua pequena casa nas cercanias menos habitadas da cidade de Belém, no Pará, Região Norte do país. No meio do caminho, nota o silêncio completo na vegetação que a cerca, de onde a vida deveriam estar se anunciando com o barulho dos insetos e pequenos animais. De repente, a luz amarelo-âmbar cruza o céu vindo do nada. A garota tenta correr mas a luz pára bem à sua frente. Num instante, o feixe de luz avermelhada parte do interior do objeto e atinge o seio esquerdo da garota. Totalmente sem reação e apavorada, ela cai desmaiada.

A cena fictícia que parece saída de um filme de Steven Spielberg foi baseada em fatos reais, e ganhou até um apelido: “chupa-chupa”, devido ao fato de em muitas vitimas ter sido constatada anemia. Nos anos de 1977 e 1978 tornou-se tão comum no Norte brasileiro, sobretudo em regiões do Pará e Maranhão, que despertou a atenção do Ministério da Aeronáutica. Pelo menos assim garantiu o coronel reformado Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima, que comandou de setembro de 77 a dezembro de 78 a Operação Prato, como foi chamada a manobra secreta da Força Aérea Brasileira (FAB) para investigar os estranhos fenômenos que estavam assustando a população naquela região. Um mês após suas revelações, no entanto, o coronel suicidou-se.

Misteriosas luzes sobre os céus da Amazônia: uma preocupação oficial da Operação Prato, comandada por Uyrangê Hollanda
Misteriosas luzes sobre os céus da Amazônia: preocupação oficial

Uyrangê Hollanda e sua ligação com a Operação Prato já eram conhecidos no meio ufológico, tendo trocado contatos com diversos pesquisadores do Brasil e do exterior. Até então, no entanto, tinham sido contatos rápidos e em caráter sigiloso, sem a intenção de trazer a público as experiências de 77. O impulso para a decisão de revelar tudo aconteceu quando um antigo conhecido de Hollanda, o editor da Revista UFO (http://www.ufo.com.br), Ademar José Gevaerd, foi protagonista de uma reportagem veiculada no programa Fantástico, exibido pela Rede Globo de Televisão num domingo de agosto de 1997. Na reportagem, o editor foi citado como “maior caçador brasileiro de documentos oficiais sobre Ovnis”.

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Após ver a reportagem, o coronel tratou de reativar o contato com Gevaerd, a quem tinha conhecido pessoalmente em 1988, quando foi procurado no 1º COMAR na expectativa de que já à época falasse sobre a Operação Prato, o que, evidentemente, não aconteceu “Ele me ligou aqui na segunda-feira seguinte ao programa e resolveu se abrir”, contou Gevaerd à Revista Vigília, mesclando um sentimento de alegria com escolha do coronel e tristeza com o falecimento do novo amigo.

Reformado desde 1992, Hollanda, aos 57 anos, não temia mais possíveis retaliações pelo que estava disposto a fazer e concordou, então, em revelar o que sabia. Rapidamente, Gevaerd e um co-editor da Revista UFO, Marco Antônio Petit, acionaram contatos com a reportagem do Fantástico e da Revista Manchete, os únicos veículos da grande imprensa que deram algum destaque à mais importante revelação ufológica no Brasil desde que surgiu a pesquisa.

Operação Prato: velha conhecida

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Mais uma amostra do acervo que veio a público através do Coronel Uyrangê e outras fontes militares, mas até então no anonimato, ao longo dos anos
Mais uma amostra do acervo que veio a público através do Coronel Uyrangê e outras fontes militares, mas até então no anonimato, ao longo dos anos

Já não era de todo um segredo a existência da Operação Prato. De fato, a própria Revista UFO havia publicado, em setembro de 1991, uma edição UFO Documento com partes de um relatório contendo descrições de observações e dados coletados pelos agentes da FAB. Algumas fotos da época também foram divulgadas. Contudo, a grande novidade só veio com a confirmação, pública e transparente, de um oficial das forças armadas diretamente envolvido na operação.

Em entrevista à Revista UFO, e nas palestras que proferiu no Rio de Janeiro, a convite do ufólogo Marco A. Petit, Hollanda relatou acreditar que a Operação Prato acabou saindo graças à presença, no comando do 1º COMAR, do brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, que tinha muito interesse no assunto. “Foi uma felicidade de estar no 1º COMAR, naquela época, naquela região, um oficial da Aeronáutica, um brigadeiro, que acreditava em discos voadores. Tivesse sido outro oficial, outro brigadeiro, talvez a operação não tivesse saído”, comentou o coronel em uma de suas palestras.

Na época, o protagonista da Operação Prato, o então capitão Uyrangê Hollanda retornava de um curso em Brasília quando se apresentou ao chefe da Segunda Seção do 1º COMAR, coronel Camilo Ferraz de Barros. Este teria perguntado, primeiro, se o capitão acreditava em discos voadores. Ao receber uma resposta afirmativa, teria dito “então você fica encarregado desse caso”. Na pasta que Hollanda recebeu havia documentos da operação que ainda não tinha nome, mas já tinha agentes operando secretamente.

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Pressão de autoridades municipais

Carta divulgada por um jornal da região do Pará em 77: a preocupação dos moradores
Carta divulgada por um jornal da região do Pará em 77: a preocupação dos moradores

A situação em diversas regiões dos Estados do Pará e Maranhão exigia providências. Em junho, julho e agosto os jornais traziam notícias de municípios maranhenses como Pinheiro, Cajapió, São Vicente e São Bento, onde os moradores relatavam terem sido atacados pelo que estava sendo chamado de “foco luminoso” e “luz dos mistérios”. Com algum alarde da imprensa, logo foram conhecidas algumas mortes relacionadas ao fenômeno. Uma das mais incríveis foi noticiada pelo jornal O Liberal, de Belém, em 14 de julho.

Segundo o jornal, no dia 22 de junho de 77, os irmãos Apolinário, Firmino e José Correia, juntamente com seu cunhado Aureliano Alves, tripulavam uma embarcação carregada de caibros de mangue, ancorada ao largo da Ilha dos Caranguejos, no município de Alcântara. À noite, Firmino, José e Aureliano desceram ao porão para dormir, enquanto Apolinário resolveu dormir na parte de cima da embarcação. Pouco depois da meia noite, segundo relataram José e Aureliano, um clarão forte, vindo de um grande objeto, penetrou o porão através do alçapão de entrada. O pavor os impediu de gritar até Firmino acabar com o silêncio soltando um grito súbito. Foi neste momento que Apolinário acordou e desceu ao porão para prestar socorro aos irmãos e ao cunhado. Ao chegar, encontrou Firmino morto e os outros dois parentes se retorcendo de dor. Todos apresentavam marcas de queimadura no tórax e no peito. A polícia investigou o local e nada anormal encontrou. Os médicos que trataram Aureliano e José, no hospital “Socorrão”, em São Luiz, a nenhuma conclusão conseguiram chegar. Os legistas que fizeram a necrópsia do corpo de Firmino terminaram seu relatório concluindo que ele foi fulminado por uma “descarga elétrica”, sem mais explicações.

Assustado com o aparecimento de Ovnis e seus efeitos sobre a população, Maneco Paiva, prefeito da cidade de Pinheiro, enviou expediente ao Comando da Aeronáutica em São Luiz. Segundo os jornais da região, o comando encaminhou a nota à base aérea de Belém, de onde a informação teria seguido para o Ministério da Aeronáutica.

Pelo Maranhão, o fenômeno chegou às cidades de Vizeu e Bragança, ao longo do rio Gurupi, no lado paraense. Em pouco tempo atingiu as cercanias de Belém. E uma das regiões mais atingidas foi Colares, município com 2 mil habitantes que, segundo o coronel Hollanda, foi um dos que recebeu maior atenção por parte da Operação Prato.

O prefeito de Vigia, no Pará, no segundo semestre de 77, oficiou o 1º Comando Aéreo Regional relatando os acontecimentos e solicitando a ação das forças armadas. O medo chegava no rastro das notícias vindas no Maranhão. Rapidamente o assunto virou pauta de discussões na Câmara Municipal de Belém, mesmo após a iniciada a investigação da FAB. Neste momento, as luzes ganharam outro nome: “chupa-chupa”. Quando imaginavam que a investigação das “autoridades competentes” restringira-se às cidades de Vizeu e Bragança, onde estas haviam concluído que o fenômeno era provocado por balões meteorológicos e satélites, vereadores de Belém reclamavam na tribuna, sendo alvo de comentários jocosos por parte dos jornais. “Já não é possível negar que Belém é, hoje, uma cidade amedrontada”, discursava Elói Santos, vereador da antiga Arena. E continuou: “Não somos técnicos nem discutimos a conclusão das autoridades. Apenas nos surpreendemos com as declarações das testemunhas que vêem luzes atravessando seus telhados para penetrar em suas peles, retirando-lhes um pouco de sangue e deixando a epiderme com visíveis marcas de agulhas e queimaduras”.

Experiência inesquecível junto a agentes do SNI

Relatório da Operação Prato, da qual Uyrangê Hollanda foi comandante
Relatório da Operação Prato, da qual Uyrangê Hollanda foi comandante (Reprodução)

Iniciada a investigação, dezenas de rolos de negativos e pelo menos quatro filmagens de UFOs foram produzidas para Operação Prato. Entre as muitas experiências que o coronel Uyrangê Holanda relatou nas poucas entrevistas que concedeu e nas palestras que proferiu antes de cometer suicídio, uma delas deu-se na presença de agentes do extinto Serviço Nacional de Informação (SNI), a agência de inteligência brasileira durante o período de regime militar (hoje substituída pela ABIN – Agência Brasileira de Inteligência: http://www.abin.gov.br).

No dia 28 de novembro de 77, um grupo de agentes do SNI pediu para acompanhar uma vigília da equipe da Aeronáutica, apenas para matar a curiosidade. Ainda assim tiveram que solicitar autorização para o chefe do SNI em Belém, o coronel Filemon. Uma vez autorizados, eles havia marcado o encontro na Baia do Sol, em Belém, às 18 horas. No entanto, os agentes só chegaram às após as 19h30, quando a equipe da FAB já estava se retirando, com todo o equipamento recolhido.

“Quando chegou a viatura com os colegas do SNI, eu cheguei brincando e falei que o horário deles era meio britânico”, lembrou o coronel Hollanda, em tom de brincadeira, numa palestra no Rio. E continuou: “Enquanto continuávamos conversando e eu dando uma gozada neles, um deles apontou para cima e disse olhe aqui em cima. EU NUNCA TINHA VISTO NADA PARECIDO. Eu tinha estado durante dois meses, durante todas as noites, fazendo aquela investigação. Estávamos com equipe e equipamento, com a responsabilidade de apurar todos os fatos. Eu nunca tinha visto nada tão assustador, tão claro, tão definitivo como estava vendo naquele momento. Em cima de nós, a cerca de 200 m de altura, tinha um objeto parado exatamente onde nós estávamos. O objeto tinha uns 30 m de diâmetro, negro, escuro e com uma luz fraca no meio, uma luz amarelo para âmbar, mas estava exatamente onde estávamos”.

Segundo o coronel Hollanda, o objeto “passou a emitir uma luz amarela muito forte, dava até para você catar uma agulha no chão, ficou claro como o dia e aumentou e diminuiu aquela luz por cinco vezes. Não era uma luz rápida, uma luz violenta como a luz do flash de uma máquina fotográfica. Não era nada disso; era progressiva, como se você tivesse um regulador e você fosse aumentando e diminuindo progressivamente aquela luz. Ele fez isso cinco vezes. Aumentava e diminuía, nós não tivemos a vontade, a noção de tirar o equipamento que estava dentro do carro para fotografar ou filmar aquele objeto. Primeiro, eu acho que não daria tempo, tinha que montar as máquinas que eram profissionais. Nós ficamos com os olhos grudados naquilo. Ele sinalizou 5 vezes e depois a luz do centro que era amarela ficou azul, um azul muito bonito, e ele disparou no sentido leste, disparou do zero ao infinito rapidíssimo, impossível de uma aeronave terrestre fazer isto”, concluiu.

Relatório e conclusões preliminares

Todas as informações e depoimentos colhidos, fotografias e filmagens (que em alguns momentos, contaram com apoio de um civil, o cinegrafista Milton Mendonça, da TV Liberal) obtidos pelos agentes da Operação Prato eram registrados em relatórios e seguiam para o 1º COMAR, onde, segundo declarou o coronel Hollanda à Revista UFO, ficavam guardados numa sala reservada. Parte seguia para Brasília, mas o militar não soube dizer quem se encarregava dos dados a partir daí (Ver reprodução 1).

Apesar dos registros e relatórios terem ficado sob a guarda da FAB, o coronel Uyrangê Hollanda trouxe a público uma cópia do relatório final da Operação Prato, ao qual o Portal Vigília teve acesso. Em sua maior parte, o documento, de mais de 200 páginas limita-se a descrever os relatos dos moradores e as observações dos próprios oficiais da Força Aérea. Neste aspecto, constam mapas da região, desenhos dos objetos avistados, nomes de testemunhas bem como a indicação cronológica das ocorrências verificadas nas vigílias. Chamam a atenção, no entanto, alguns detalhes que descrevem a preparação das operações, como os meios utilizados em cada missão, tais como viaturas “descaracterizadas”, equipamentos fotográficos e de rádio.

Relatório da Operação Prato concluindo que objetos eram "inteligentemente dirigidos".
Relatório da Operação Prato concluindo que objetos eram “inteligentemente dirigidos”. (Reprodução)

Um dos itens mais curiosos do documento é um relatório preliminar, assinado pelo então sargento João Flávio de Freitas Costa, datado de novembro de 1977. No texto, onde ele relata missão de apuração dos fatos nos municípios de Vigia, Colares e Santo Antônio de Tauá, o sargento comenta: “sentimos não ter chegado a uma conclusão plenamente satisfatória; sobraram dúvida e carência de explicação para alguns pormenores nas ocorrências (entre tantas)”, e segue com uma série de casos de Ovnis.

Mais adiante ele insiste que os casos “deixara-nos dúvidas e falta de explicação, baseadas nos nossos padrões de conhecimento”, destacando a sensação de “histeria coletiva” que era então vivenciada pela população de Colares, “atacada” por objetos que deixavam sintomas comuns a todos os casos: “imobilização total ou parcial, perda de voz, calafrios, tonturas, calor intenso, rouquidão, taquicardias, tremores, cefaléia e amortecimento progressivo das partes atingidas (grande maioria)”.

No relatório, o sargento analisou à época que “em se pensar que perdure a atual situação ou seu agravamento, prevemos problemas de várias ordens, inclusive com possibilidade de auto-eliminação por parte dos mais fracos de espírito em conseqüência do pavor do desconhecido”. O militar sugeriu ainda algumas medidas, como a proibição da venda de bebidas alcoólicas e de fogos de artifício, e instrução da população a dividir e distribuir as tarefas diárias a grupos de moradores que se revezariam nas suas atividades.

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LEIA TAMBÉM:

Filho de oficial faz revelações surpreendentes sobre a Operação Prato

Documentos comprovam interesse militar pelo fenômeno OVNI (parte 1)

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Na conclusão do texto (Ver reprodução 2), após afirmar que “a presença na região de Objetos Voadores (luzes) Não Identificados é patente”, o militar diz que “vimos sim corpos luminosos movimentando-se em altitudes e direções variadas, efetuando manobras complexas, indicando que, estes corpos e luzes, são INTELIGENTEMENTE DIRIGIDOS (grifo do autor)”.

Ex-ministro Octávio Moreira Lima
Ex-ministro Octávio Moreira Lima

Até hoje, silêncio oficial

Desde que os depoimentos do Coronel Uyrangê Hollanda vieram a público, a Revista Vigília tem insistido junto ao Cecomsaer – Centro de Comunicação Social do Ministério da Aeronáutica (e-mail: imprensa@fab.mil.br) na expectativa de um pronunciamento oficial do Ministério em relação ao tema “Operação Prato”. Muitos foram os e-mails e telefonemas ao órgão neste período. O Ministério, (http://www.fab.mil.br) no entanto, preferiu manter o silêncio que vigora há mais de 20 anos, alimentando a especulação e a crença cada vez mais forte no meio Ufológico de que as autoridades sabem mais do que dizem.

Numa oportunidade, após o envio pela Internet de transcrição de uma palestra do coronel Uyrangê Hollanda e fac-símile do relatório do sargento João Flávio, o oficial do Cecomsaer que atendeu nosso telefonema revelou que o órgão não tem autorização para se pronunciar a respeito de Ovnis. Qualquer pronunciamento deveria ser feito ou autorizado diretamente pelo Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Lélio Viana Lôbo. No dia 6 de janeiro de 1998, Vigília enviou novo e-mail aos cuidados do Cecomsaer, desta vez para encaminhamento ao Ministro. Porém, não houve resposta.

A atitude não foi surpresa. Um dos únicos –e o último– momentos em que se criou a expectativa de transparência e abertura do assunto Ovni na Força Aérea Brasileira aconteceu em 1986, quando era Ministro o Brigadeiro Octávio Moreira Lima. Em maio daquele ano, caças da FAB foram acionados para checar o aparecimento de mais de 20 pontos (ecos) nos radares do CINDACTA (Centro Integrado de Defesa e Controle de Tráfego Aéreo), entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Na época, os pilotos dos caças foram autorizados a conceder entrevista à imprensa, o que foi feito também pelo então Ministro, num fenômeno que até hoje permanece sem explicação.

A reportagem de Vigília conseguiu falar com o ex-ministro Octávio Moreira Lima, atualmente diretor do INCAER – Instituto Histórico e Cultural da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Ao telefone, o Ministro não quis comentar as declarações de Hollanda, afirmando ter tomado conhecimento da história “muito por alto, mas não desci a detalhes, de maneira que não posso externar uma opinião, que seria assim fora de propósito”, disse.

O brigadeiro negou que houvesse, em sua gestão, qualquer determinação especial quanto ao tratamento que seria dado ao tema. Logo após o episódio de 1986, a FAB anunciou que revelaria um dossiê sobre Ovnis, o que acabou não acontecendo. O ex-ministro explicou: “esse dossiê seria uma explicação para a ocorrência [nota: de 1986]”, mas como não houve uma conclusão, “ficou muito difícil para nós darmos um relatório dizendo que não tinha acontecido nada. Simplesmente não houve uma explicação”. Apesar de negar que os pilotos dos caças da FAB tivessem feito contato visual com os objetos detectados pelo radar, o ex- ministro não negou o contato visual do então presidente da Embraer, coronel Ozires Silva, quando, no mesmo momento, preparava-se para pousar seu avião em São José dos Campos (a 100 km da Capital, São Paulo). O coronel observou no horizonte três pontos de luz nas colorações verde, vermelha e branca.

Perguntado sobre seus conhecimentos a respeito da Operação Prato, o ex-ministro disse não se recordar de ter lidado oficialmente com o assunto. “Sinceramente, eu ouvi falar, li qualquer coisa na imprensa, mas não me detive em detalhes”, e concluiu, voltando às declarações do coronel Hollanda: “ficou a opinião de uma pessoa que merece credibilidade, agora, naturalmente, nós não podemos confirmar nem desmentir coisa nenhuma, você entendeu?”.

Suicídio por razões pessoais

O Coronel Uyrangê Hollanda não chegou a ver a repercussão de suas declarações sobre a Operação Prato à Revista UFO e à grande imprensa. No dia 2 de outubro de 1997, cometera suicídio em seu apartamento, na cidade de Cabo Frio. O caso foi registrado na delegacia de São Pedro da Aldeia, vizinha a Cabo Frio. O laudo do Instituto Médico Legal confirmou a morte por asfixia, devido ao enforcamento.

A despeito dos boatos que circularam na Internet colocando em dúvida o suicídio do coronel, A. J. Gevaerd (editor da Revista UFO, de quem o militar havia se tornado amigo) tratou de esclarecer, através de e-mail à lista Terráqueos: “Posso garantir: ninguém o ‘suicidou’ por falar demais. Ele fez isso por razões próprias”. Gevaerd, nas várias horas em que esteve com o coronel, ouviu diversas confidências do militar, uma delas uma tentativa anterior de suicídio, quando o coronel havia se jogado do quarto andar de um edifício”. Vigília procurou contato com a família do coronel. Morando ainda em Belém, no Pará, Uyracê Hollanda, um dos nove irmãos de Uyrangê, foi contatado ao telefone mas não quis comentar o que ocorreu. Disse apenas estar muito chocado com a notícia.

(Texto atualizado em 03/11/2019)

Agradecimentos a Ricardo Varela e Revista UFO pela colaboração com informações e imagens

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