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Alexander Weygers e a incrível história do Discopter, o disco voador do Vale do Silício

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Em 1928, o termo disco voador — para designar uma nave inteligentemente pilotada — ainda não existia, mas seu projeto sim. A patente só saiu em 1945, dois anos antes de Kenneth Arnold ter o avistamento que tornaria a expressão conhecida. E é para contar essa história que resgatamos aqui um pouco da misteriosa biografia de Alexander Weygers, o visionário iluminista que patenteou o Discopter, uma aeronave circular, multifunção, que ele acreditava que moldaria o mundo.

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Diagramas, esquemas e desenhos do projeto do Discopter, a máquina voadora do Da Vinci do Vale do Silício, Alexander Weygers
Diagramas, esquemas e desenhos do projeto do Discopter, a máquina voadora do Da Vinci do Vale do Silício, Alexander Weygers

 

Não se sabe se ele imaginou, alguma vez, que sua invenção espelharia as supostas máquinas alienígenas. Os artefatos que seriam associados à possibilidade de visitação extraterrestre no nosso planeta.

Weygers foi uma espécie de Leonardo Da Vinci do Vale do Silício. Ele nasceu em 1901, na ilha de Java, na Indonésia. Cresceu em uma plantação de açúcar de propriedade de seus pais, que eram holandeses. Rica, a família também administrava um hotel local.

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Alexander e seus seis irmãos e irmãs estudavam em casa e andavam descalços pelo campo, vestidos com túnicas brancas. Ele costumava ajudar no estúdio de ferreiro, o que talvez tenha inspirado seus gostos e dons futuros.

Acabou indo para a Holanda, para fazer a faculdade de engenharia mecânica e arquitetura naval. Enquanto estava lá, não deixou de aprimorar suas habilidades de ferreiro. Casou-se e, em 1926, mudou-se com sua jovem esposa, Jacoba Hutter, para Seattle, nos EUA. Na América, seguiu carreira como engenheiro naval e arquiteto de navios. Foi neste mesmo período que começou a pintar os desenhos do Discopter em seu caderno.

Mas o destino iria interromper seus planos. Em 1928 ele entrou em uma depressão profunda, com a morte de sua esposa e o bebê durante o parto. “Foi o começo de uma espiral descendente”, escreveu Weygers à época, em carta a seus pais. “Tudo está tão horrível agora”. A tristeza o fez desistir da indústria naval e ele começou a se dedicar mais à arte, principalmente à escultura, viajando pelos EUA e pela Europa para estudar.

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Voltou para para Berkeley, Califórnia, em 1936, e por um tempo suas obras começaram ser expostas no Oakland Museum da Califórnia e no Smithsonian American Art Museum. Mas quando a Segunda Guerra Mundial começou, o mercado secou e Weygers voltou à luta, literalmente. Aos 40 anos, e já cidadão dos EUA, ele se juntou ao Exército dos EUA, servindo dois anos em uma unidade de inteligência, traduzindo mensagens escritas em malaio, holandês, italiano e alemão.

Quando foi dispensado, no final de 1943, ele concentrou-se no seu antigo design do Discopter, imaginando que poderia substituir o helicóptero. A aeronave de hélices expostas, já operacional, era considerada por ele “uma peça inacabada de engenharia”. Ele concebeu até disco-portos para a acoplagem dessas máquinas, para transporte de cargas e passageiros.

Alexander Weygers acreditava que seu o Discopter poderia ajudar soldados americanos feitos de prisioneiros de guerra, colocados em campos de concentração por tropas japonesas. O visionário inventor e artista imaginou Discopters voando silenciosamente atrás das linhas inimigas para realizar missões de resgate.

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A patente nº 2.377.835A foi-lhe concedida em junho de 1945. Ele esperava doar a patente ao exército dos EUA e depois tentar comercializar a tecnologia. Chegou a enviar dossiês sobre o Discopter por correio para agências militares, fabricantes de aviões, fabricantes de helicópteros e até fabricantes de automóveis para avaliar o interesse.

Como seria Los Angeles em 1985, na visão de Alexander Weygers, e seu disco porto para o Discopter - Reprodução (Imagem Fundação Weygers)
Como seria Los Angeles em 1985, na visão de Alexander Weygers, e seu disco porto para o Discopter – Reprodução (Imagem Fundação Weygers)

 

Algumas das respostas eram positivas, mas todas desmotivadoras: os engenheiros diziam que seu veículo parecia bom, mas avançado demais para a época. Seriam necessários materiais mais leves e sistemas de propulsão mais eficientes do que os disponíveis à época. “Nosso pessoal técnico revisou esse projeto e declarou que não tem interesse”, escreveu um coronel da Força Aérea dos EUA. “Sua consideração em levar isso à atenção da Força Aérea é apreciada”.

Em 1947, muitas histórias apareceram na imprensa popular, discutindo avistamentos de OVNIs e levando o termo disco voador ao domínio público. O Chicago Sun publicou um em junho daquele ano com a manchete “discos voadores supersônicos vistos por piloto de Idaho”, referindo-se a Kenneth Arnold. A Newsweek e a Life também publicaram artigos assim. Estava claro que havia uma onda de discos voadores nos EUA.

A alvorada da lenda Alexander Weygers e seu Discopter

O inventor mudou-se então para Carmel Valley com sua segunda esposa, Marian Gunnison. Diz a lenda (em grande parte contatada pelo colecionador Randy Hunter, um negociante de arte do Vale do Silício que, fascinado, começou a reunir tudo sobre a vida de Weygers) que a viagem teria sido feita em um Ford Model A de 1928, refeito pelo inventor para funcionar a vapor, com a queima de madeira e querosene.

Durante meses, ele e Marian dormiram em uma barraca que ele construiu, vivendo de maneira precária. Passaram a viver do comércio do mel extraído de colmeias feitas de sucata. A mesma sucata que Weygers reaproveitaria para construir a icônica residência do casal, circular, parecida com o cume de um cogumelo.

Weygers chamava sua casa de “cúpula geodésica enlouquecida”. Um telhado plano e espesso cobria toda a estrutura, e o líquen se enraizou nas bordas. O produto final se misturou ao ambiente, quase como se a própria floresta o tivesse produzido. Aproveitando sua habilidade de ferreiro, todas as dobradiças, alças, porcas e parafusos que Alexander precisava eram forjadas à mão. Ele decidiu deixar o exterior de madeira nodoso inacabado para combinar com a paisagem.

Weygers e sua esposa em sua casa curiosa (Reprodução: Youtube)
Weygers e sua esposa em sua casa curiosa (Reprodução: Youtube)

 

Próximo da casa, Weygers construiu seu novo estúdio de arte e ferraria. Então ele criou uma câmara escura no subsolo para o desenvolvimento de fotos. O entorno parecia um ferro-velho, de veículos antigos, aço, madeira e rodas. Qualquer coisa que pudesse eventualmente ter alguma serventia era ali armazenada.

Com a explosão do interesse geral sobre os OVNIs e discos voadores no final dos anos 1950, o Discopter voltou a ganhar atenção. Era um fato conhecido que relatos de objetos voadores misteriosos datavam dos tempos medievais. Além disso, outros inventores e artistas produziram imagens de artefatos e projetos em forma de disco. Henri Coanda, um inventor romeno, chegou a construir um disco voador na década de 1930. E ele se parecia muito com o que idealizamos das potenciais naves extraterrestres da Ufologia. Coincidentemente, no entanto, foi justo naquele período, na década de 1950, que a NASA e outras empresas aeroespaciais começaram a lidar com projetos de veículos de decolagem e aterrissagem verticais, com desenhos parecidos com discos voadores.

Weygers ficou convencido de que seus projetos haviam sido roubados. A imprensa local concordou com ele. Em abril de 1950, o San Francisco Chronicle publicou uma das primeiras histórias sobre o Discopter com a manchete “Disco voador patenteado por artista de Carmel Valley Artist há cinco anos: ‘Discopter’ pode ser o que as pessoas têm visto ultimamente”. Weygers chegou a enviar uma carta para a Marinha dos EUA, acusando-a de violar sua patente, e enviou mais cartas a revistas e jornais, pedindo-lhes para corrigir artigos sobre OVNIs que não mencionavam sua invenção.

Nas entrevistas, Weygers dizia que sabia que os projetos originais do Discopter não possuíam uma fonte de energia viável para propulsão, mas ele achava que há havia avanços em materiais e motores leves que podiam para tornar o dispositivo viável. Ele só precisava de financiamento. Em pouco tempo, no entanto, desistiu da ideia. “Com o Discopter, cheguei ao limite”, disse ele em uma das últimas entrevistas sobre o assunto. “Invento algo e depois continuo. Eu ainda acho que alguém poderia construí-lo. Quem realmente sabe?”, disse.

Após grande atenção no início dos anos 50, Weygers voltou a viver uma vida isolada. Passava a maior parte do tempo trabalhando na casa ou esculpindo. Ocasionalmente, deixava uma escultura em uma feira ou exposição para que as pessoas pudessem vê-las, mas ele nunca ficava para ouvir os comentários ou tentar vender o trabalho. “As pessoas que vêm aqui e gostam de um pedaço podem comprá-lo ou não”, disse ele a um repórter. “O inferno com isso. Faço minhas obras de arte pelo amor a ela”.

Em meados dos anos 70, Weygers publicou livros sobre trabalhos manuais e artesanato. As obras foram um sucesso e muitas pessoas de todo o mundo começaram a aparecer na casa de Carmel Valley para aprender com um homem que parecia vir de um tempo diferente. Então ele montou um curso de seis semanas no qual os alunos aprendiam a procurar materiais recicláveis, fazer ferramentas e esculpir.

Ministrou aulas até os 83 anos, quando problemas de visão e do coração o impediram de prosseguir. Morreu em 1989, aos 87 anos. Ele esperava que a casa e o estúdio fossem transformados em uma Fundação, com escultores residentes dispostos a deixar sua melhor peça para trás quando seguissem partir. Marian, no entanto, cansou-se de dividir a terra para vender em lotes para sobreviver. A casa acabou por ser demolida. Ela ainda morou na área até 2008, quando morreu, aos 98 anos.

O caçador de tesouros que descobriu o disco-voador

Toda essa história foi resgatada em grande parte por Randall (“Randy”) George Hunter apenas a partir de 2008. Hunter foi apresentado a uma coleção com 30 esculturas de bronze de autoria de Alexander Weygers. O vendedor contou-lhe a incrível história do misterioso Da Vinci escondido no Vale do Silício. O artista que construiu sua casa ao longo dos anos a partir de madeira recuperada e sucata de ferro-velho, usando as ferramentas que ele próprio fez nas instalações. O mesmo talentoso engenheiro e seu dispositivo voador, o Discopter.

Randall Randy George Hunter
Randall Randy George Hunter

 

Durante a década seguinte, Hunter transformou a busca tudo sobre Alexander Weygers e seu Discopter em uma obsessão. Chegou a montar um museu, publicou um livro (“LIFT”) sobre a obra de seu ídolo e produziu uma série de pequenos documentários a respeito. Deixou para sua família o legado de consolidar a Fundação Weygers, que ele fundara em 2015. Hunter morreu em dezembro de 2017, vítima de um câncer agressivo contra o qual vinha lutando há alguns anos.

A trajetória de Hunter e seu abnegado resgate da história de Weygers, no entanto, já tinham chegado ao jornalista da Bloomberg, Ashlee Vance, autor da biografia sobre Elon Musk, o bilionário e polêmico CEO da Tesla e da SpaceX. O trabalho de Vance resultou no artigo em que se baseou esse texto, e no documentário curta-metragem “The Mysterious Genius Who Patented the UFO” (O Gênio Misterioso Que Patenteou o UFO), que pode ser visto abaixo (no PC, ligue as legendas e a tradução automática para português, se preferir).

 

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2 thoughts on “Alexander Weygers e a incrível história do Discopter, o disco voador do Vale do Silício

  • Vilmar Gonçalves

    Todos visionarios atraves do tempo foram considerados loucos, pelos inguinorantes. Na minha visão os ditos ETs é o próprio homem, aqueles que já dominaram a tecnologia a muito tempo em segredo.

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  • Parabéns pelo Portal Vigília. Precisamos de mais informações científicas para entender os UFOS. Estou sentindo falta da conexão Ciência/Religião, no Portal.

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