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Documentos comprovam interesse militar pelo fenômeno OVNI (parte 1)

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Poucos países tiveram iniciativas oficiais públicas quanto aos Objetos Voadores não Identificados tão contundentes quanto os Estados Unidos, através de seu Projeto Bluebook. Criado em 1952*, o projeto tinha o objetivo explícito de pesquisar e buscar respostas para os Óvnis relatados no espaço aéreo norte-americano.
Até hoje o Bluebook – que chegou a virar um seriado televisivo exibido no Brasil pela Rede Globo – é tido pelos entusiastas da Ufologia como uma ardilosa manobra do governo dos Estados Unidos para desacreditar a pesquisa ufológica séria. Com explicações, segundo reclamam, duvidosas, boa parcela de relatos de fenômenos realmente incomuns teria sido simplesmente arquivada, sob a etiqueta “solucionado”. Mas ainda assim sobraram uns poucos casos sem explicação.
De qualquer forma, tratou-se de uma das poucas iniciativas oficiais de conhecimento público para analisar a questão. De seus quadros consultivos saíram grandes nomes, pioneiros da pesquisa ufológica civil, como foi o caso do cientista Joseph Allen Hynek, fundador de uma das mais importantes organizações mundiais de pesquisa, o Centro para o Estudo dos UFOs (em inglês, Center for UFO Studies – CUFOS).
Com o fim do Bluebook, em dezembro de 1969, os EUA fizeram escola no que se refere à tática das negativas militares e governamentais acerca do interesse – e acompanhamento – do Estado quanto ao fenômeno UFO.
No Brasil, esse interesse nunca foi admitido. Salvo algumas raras exceções pontuais, ligadas a ocorrências específicas, nas declarações militares o país nunca teve oficialmente um organismo responsável pela investigação e apuração dos relatos envolvendo objetos voadores não identificados.
No entanto, muitos ufólogos do país defendem que não é exatamente essa a realidade. Para comprovar essa tese tem sido revelada, nos últimos anos, uma grande variedade de documentos – alguns deles secretos – mostrando que as forças armadas brasileiras estão sim atentas à questão e, no mínimo, fazem o registro dos casos mais polêmicos, principalmente quando estes envolvem observadores treinados – como pilotos civis e militares – e registros de radar.
O equivalente brasileiro ao Bluebook do Tio San não foi uma ação pública, muito menos de objetivos tão pretensiosos e abrangentes, como explicar definitivamente o fenômeno UFO em tão curto espaço de tempo. Foi sim um conjunto de organizações, por vezes de ação regionalizada, por outras de âmbito nacional, que sistematicamente acompanharam e catalogaram ocorrências, centralizando em Brasília o destino das informações. Talvez até mais eficiente que o primo estrangeiro, é possível que, como conceito, o “Livro Verde Amarelo” ainda esteja funcionando, coordenado pelo organismo militar denominado Comdabra – Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro.
Detecção em radar e contato visual
A mais recente peça deste quebra-cabeças foi obtida pela Revista Vigília no final do ano 2000. De uma fonte que preferiu não se identificar, nossa redação recebeu uma cópia – guardada há mais de 10 anos – de um documento único na história da Ufologia.
Trata-se do Ofício CHF/S-0222, de 13 de junho de 1989, emitido pelo então chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP), Coronel Aviador Hélio Pereira Rosa. O documento havia sido preparado para o Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro, o (Nucomdabra, precursor do Comdabra).
O ofício faz referência à rádio comunicação RD 46/CRIP/0405/89 e à transcrição do diálogo entre o controlador de vôo e o comandante de uma aeronave ocorrido no dia 30 de maio daquele mesmo ano, ambos com cópia anexa. A RD citada é uma espécie de circular. Com carimbos da 2ª Seção do IV Comando Aéreo Regional de São Paulo, IV COMAR, e as palavras “Criptografia” e “Secreto”, ela orienta os Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas 1 e 2), assim como os Serviços Regionais de Proteção ao Vôo a remeterem ao Nucomdabra todos os documentos “pertinentes OVNI”, bem como comunicar à organização toda informação referente ao assunto.
Assim, seguindo as instruções, o chefe do SRPV-SP repassou em seu ofício informações intrigantes. Depois de uma introdução explicando do que trata, o documento informa que “tem sido freqüente a visualização na tela do radar do APP-SP, durante o período noturno, de alvo radar de origem desconhecida, aparentemente sobre a mesma região, entretanto sem comprovação visual por parte de aeronave”. APP-SP é a sigla, em inglês, para Controle de Aproximação de São Paulo.
Realmente não havia comprovação até aquela data. Mas a transcrição mudaria isso. E sua revelação passa a constituir para a Ufologia uma prova documental da existência de pelo menos um episódio concreto de detecção radar de um objeto insólito simultaneamente ao contato visual por parte de um observador experiente, ocorrência que vem sendo desmentida nas declarações oficiais da Força Aérea Brasileira nos últimos anos.
Grande Objeto
A transcrição começa às 6h28 “Zulu”, uma escala horária mundial que equivale a 3h38 no horário de Brasília. O trecho destaca o momento em que o operador do APP-SP questiona uma aeronave próxima da região de Americana na tentativa de conseguir confirmação visual de um objeto voador não identificado que, segundo suas próprias palavras, “já estava ali há um bom tempo”.
Após as primeiras negativas do comandante, finalmente o vôo Marília 573, da empresa TAM, consegue contato visual.
TAM 573: — Oká. Agora posição… quatro horas, aproximadamente quatro milhas, o Cinco Sete Três avista um forte clarão, Positivo?? Ééé, por hora… uma luz normal, por hora um pouco esverdeada positivo? Ela aparece e desaparece momentaneamente.
APP-SP: — Positivo Cinco Sete Três. Afirmativo. Está exatamente na posição reportada.
A intermitência no radar coincide com a intermitência luminosa para a tripulação do TAM 573. Outro detalhe importante: o comandante chega a descrever o objeto como tendo uma circular e estima o seu tamanho em 50 metros de diâmetro. Continuando, ele pede, e recebe, autorização para desviar sua rota dando uma volta completa (um “três meia zero”) e tentar novamente uma passagem pelo objeto, dessa vez mais próximo. No entanto a partir daí o piloto perde o contato visual com OVNI, e recebe mais informações do APP-SP:
APP-SP: Positivo. Eu recebo a informação, no plote primário, é intermitente também a … a impressão que dá é que varia de altitude. Quando ela desce num, a gente perde o contato e por vezes aparece com brilho cinco. Agora ficou… está bem atrás de sua aeronave agora. Está na retaguarda, aproximadamente cinco milhas.
Não conseguindo mais ver o objeto, o vôo TAM 573 volta para sua rota normal e segue sua viagem, momento em que o controle é transferido para o Cindacta 1, em Brasília. Passaram-se cerca de 35 minutos no contato com o APP-SP.
Análises especializadas
A Revista Vigília submeteu o documento a dois importantes pesquisadores da Ufologia, já familiarizados com procedimentos militares e documentação oficial. Ricardo Varela, engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) foi um deles. Já tendo trabalhado num centro de monitoração por radar, Varela estranhou o enorme desvio de rota da aeronave, mas acredita que não razão para duvidar da autenticidade do documento. “A linguagem do documento é coerente com a utilizada nos diálogos entre piloto e controle”, garantiu.
O engenheiro e ufólogo Claudeir Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), concorda. “Após analisar o teor do documento por diversas vezes, bem como conversar com dois pilotos e um militar da Aeronáutica Brasileira, os quais o leram, inclusive o pesquisador e hipnólogo Mário Nogueira Rangel, que também é piloto, não tenho dúvidas de que esse documento é totalmente autêntico”, destacou.
Covo acredita que não era um avião de grande porte, já que teve autorização para desviar a rota. “Caso fosse um avião cheio de passageiros, provavelmente o Comandante não correria esse risco”, avaliou. “O Objeto Aéreo Não Identificado ficou quase que parado, na região noroeste de Americana por, no mínimo, 35 minutos. A maior parte do tempo ficou apagado, pois era circular e tinha um diâmetro aproximado de 50 metros, ou seja, era enorme e o Comandante não via e a visibilidade era boa. Provavelmente o objeto acendeu só quando o Marília 573 se aproximou. Se tivesse ficado aceso o tempo todo, com certeza os Ufólogos teriam centenas de relatórios de pessoas que o observaram do solo”, ponderou.
O ufólogo ressaltou a importância do ofício que acompanha a transcrição, onde o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo afirma que tem sido freqüente a visualização na tela do radar de alvo radar de origem desconhecida. “As transcrições de comunicação entre pilotos e controladores de radares, em casos de relatarem avistamento de UFOs, é uma rotina e é sempre enviado ao COMDABRA. Isso ficou muito claro no evento de 19/05/86, quando o Major Aviador Ney Antônio Cerqueira, Chefe do CODA (Centro de Operações de Defesa Aérea) relatou à Imprensa, à exemplo deste documento”, lembrou, fazendo menção ao episódio em que caças da FAB foram acionados para perseguirem 21 objetos que apareciam nos radares sobre os céus do Rio de Janeiro e São Paulo.
“Também o então Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro do Ar Otávio Júlio Moreira Lima, após o evento de 19/05/86, em diversas entrevistas informou que é rotina os caças levantarem vôo para identificar objetos não identificados e que as transcrições das fitas são realizadas para melhores estudos. Neste caso não sabemos se algum caça levantou vôo, mas com certeza estavam de prontidão”, finalizou o engenheiro Covo.

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Continua >> Parte 2 ->

*Na realidade uma mudança de nome do Projeto Grudge, que havia sido encerrado em dezembro de 1949, mas seria reativado em 27/10/1951, pelo Capitão Edward Ruppelt. Inicialmente conhecido como Novo Projeto Grudge, em março de 1952 foi renomeado para Projeto Bluebook (a data originalmente assinalada pela Vigília foi 1951. Agradecimentos a Rogério Chola pela correção).

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