hsette escreveu:Antes de tecer meus comentários, devo deixar claro que nada justifica o genocídio perpretado pelos colonizadores europeus contra os índios sul-americanos.
São os bárbaros brancos.
hsette escreveu:Mas, em nome da verdade, essa visão idílica e paradisíaca das culturas indígenas não encontra correspondência na realidade. Está mais para Thomas Morus e sua Utopia.
A tese clastriana foi formulada a partir de observações de tribos indígenas na América do Sul, no Paraguai e Venezuela, que viviam sem liderança hierárquica, com um modelo de sociedade que existia sem o Estado. Portanto não é utópico.
hsette escreveu:Se não vejamos:
- a xenofobia era traço marcante entre os diversos povos indígenas;
- a atividade bélica era a principal: guerras de conquista territorial, eliminação étnica, escravização e imposição de valores culturais e religiosos entre os diversos povos indígenas sul-americanos faziam parte do dia-a-dia dos índios;
- a antropofagia era prática comum, ganhando contornos ritualísticos;
- o elemento masculino se impunha: ao contrário do homem, ao qual era permitida e incentivada a poligamia, à mulher era reservado o papel de matriz reprodutora. Assim que perdia essa condição, era relegada a segundo plano na estrutura social;
- recém-nascidos que apresentassem qualquer problema físico ou de desenvolvimento mental ao nascer era visto como produto de entidades malignas; era então assassinado e lançado às águas, sem direito a rituais funerários.
Como se vê, esta moeda também tem duas faces.
Quais são as fontes?
Muito deste comportamento se deve à luta contra a imposição de Estado. Segundo Clastres, a sociedade tribal recorreria à prática sistemática da violência para se precaver do Estado. Somente com as guerras contra outras tribos seria possível manter a dispersão e autonomia de cada grupo. Ao guerrearem entre si, os homens não submeteriam suas diferenças a um aparelho estranho (no caso, o Estado) e manteriam um espaço político autônomo, onde todos poderiam ser iguais.
hsette escreveu:sobre avanços conseguidos em diversas áreas, acho mais produtivo que se busque séries históricas sobre alguns indicadores, nas diversas partes do mundo.
- expectativa de vida;
- mortalidade infantil;
- prevalência de doenças infecto-contagiosas;
- acesso à água tratada e instalações sanitárias;
- índices de alfabetização;
- grau médio de instrução;
Volto a repetir: não estamos no melhor dos mundos, há muito a ser feito, mas os avanços são inegáveis.
Avanços tecnológicos apenas, Humberto. Ainda somos tão selvagens para com os outros como éramos milênios atrás. Eu diria que o que mudou foram os meios e as relações da produção, o que nos levou a um avanço tecnico-científico apenas. Não há nada que gregos e romanos já não tenham feito em suas civilizações (ou até mesmo civilizações mais antigas como sumérios, egípcios, etc.) em menores graus de conhecimento.
No entanto, continuamos as nossas relações de escravos/senhores, proprietários/proletários, conquistadores/conquistados, vencedores/vencidos.
E é este o mundo primitivo que os EBEIs evitam aparecer a todo custo.