O projeto MARS ONE prevê que a chegada do primeiro grupo à Marte seja em 2023.
O problema não é chegar a Marte, mas sobreviver por lá. As condições não são animadoras. A gravidade, 40% da experimentada na Terra, é apenas um dos fatores. O ar é mais rarefeito, a temperatura pode chegar a -135°C, e tempestades de poeira são comuns. Pelo menos, segundo dados da sonda Curiosity, os índices de radiação não impediriam a exploração humana no planeta. "A nossa única garantia é de que será o mais seguro possível", reconhece Bas Lansdorp, fundador do Mars One.
Durante a viagem, que irá durar cerca de 8 meses, os tripulantes perderão massa óssea e muscular.
Segundo Lansdorp, depois de passar um tempo vivendo no campo gravitacional bem mais fraco de Marte, será quase impossível se reajustar de volta à gravidade mais forte da Terra.
Os candidatos selecionados passarão por treinamento físico e psicológico. A equipe vai usar tecnologia já existente em todos os aspectos do projeto.
A energia será gerada por painéis solares, a água será reciclada e extraída do solo, os astronautas vão cultivar os alimentos que vão consumir e também contarão com suprimentos de emergência. A cada dois anos, novos exploradores vão se juntar ao grupo de colonos.
Marte é um planeta varrido pelo vento solar. Na Terra, por outro lado, estamos protegidos do vento solar graças a um forte campo magnético. Sem ele, seria muito mais difícil sobreviver.
Apesar de Marte ter tido uma proteção parecida há cerca de 4 bilhões de anos, hoje, a maior parte da atmosfera do planeta se foi e não há mais um escudo protetor como este.
A superfície do planeta é extremamente hostil para a vida, segundo Veronica Bray, do Laboratório Planetário e Lunar da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Bray, no entanto, encara o projeto holandês com ceticismo.
De acordo com a cientista, não há água líquida, a pressão atmosféria é "praticamente um vácuo", os níveis de radiação são mais altos e as temperaturas variam muito.
"A exposição à radiação é uma preocupação, especialmente durante a viagem. Isto pode levar ao aumento do risco de câncer, um sistema imunológico mais frágil e, possivelmente, infertilidade", afirmou.
Para minimizar a radiação, os responsáveis pelo projeto vão cobrir com vários metros de terra as cúpulas onde os colonos vão viver. Ela será cavada pelos próprios habitantes do local.
"Não tenho dúvidas de que podemos, fisicamente, colocar um humano em Marte. Se ele vai conseguir sobreviver durante um período maior de tempo, é muito mais duvidoso", acrescentou Bray.
Gerard't Hoof, embaixador do projeto e um dos ganhadores do prêmio Nobel em física teórica em 1999, admite que existem riscos para saúde ainda desconhecidos. Ele afirma que a radiação é "de uma natureza muito diferente" do que qualquer coisa que já tenha sido testada na Terra.
"Comunicaremos aos candidatos que há riscos, mas será nossa responsabilidade manter estes riscos em níveis aceitáveis", afirmou.
Somente no primeiro mês o projeto registrou cerca de 80 mil candidatos.
O Brasil é sexto país em números de inscritos:
Estados Unidos: 17.324
China: 10.241
Grã-Bretanha: 3.581
Rússia: 3.236
México: 3.176
Brasil: 3.018
Canadá: 2.767
Quem tiver interesse em se candidatar, basta se cadastrar pelo site MARS ONE e pagar o valor de U$S 17.
Deve-se enviar um vídeo explicando por que deveria ser selecionado pelo programa.
E ai, alguém aqui teria coragem de deixar tudo e se aventurar no planeta vermelho?