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Provas, indícios ou apenas conclusões apressadas?

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É curioso e assustador perceber o quanto as “pessoas comuns” se deixam levar nesta sociedade contemporânea, em que o que a televisão fala é lei, e onde teorias científicas são chamadas erroneamente de “verdades científicas”.

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Junto a isso, é fato perturbador quando ufólogos, apressados e sem grandes conhecimentos de pesquisa com metodologia científica, apresentam “provas” ao mundo, misturando conclusões e evidências, escrevendo textos, muitas vezes similares a textos científicos, mas que não podem sobreviver a um estudo mais apurado. Estamos na era da informação, e a desinformação corre solta pelas suas rodovias digitais. A quantidade de dados sobre as “provas inegáveis de presença alienígena” encheria dois prédios de sessenta andares cada um, das folhas de papel que seriam usadas para imprimi–los. Se há tantas provas assim, por que os “pseudo cientistas” não as confirmam? Por que eles nem ao menos se dignam a examinar? Por que são tão arrogantes que acham que apenas eles são donos da verdade?

Resposta: Eles não são donos da verdade, apenas possuem teorias aceitas, ou corrente de pensamento estabelecido, quando muito. E, quando terminam de ler o primeiro parágrafo de uma explanação ufológica, duas coisas podem ocorrer, ou lêem até o final, ou jogam fora o papel e começam a rir. A quantidade de conclusões, convicções, argumentos apressados – isso quando há argumentos – e pontas de fanatismo que podem ser encontrados em tais textos, é impressionante. Mais impressionante que isto, é a quantidade de pessoas que já se acham “autoridades” no assunto, entrando em listas de discussão e, sem oferecer nenhum argumento, falam de boca cheia “Há milhares de provas de que os OVNIS são discos voadores, só não enxerga quem não quer”. O mesmo ocorre em publicações do gênero.

Os bons textos, que se firmam unicamente nos dados que podem ser comprovados, são, quando muito, interessantes. Entre estes estão relatos bem pesquisados, com determinados detalhes que chamam a atenção, como lapsos de tempo, ou marcas documentadas que foram encontradas nos corpos dos que relatam o fato. Mas, em termos de provas, são inconclusivos. Estes textos, normalmente levam meses para serem compilados. Já os outros, não. É incrível a pressa que as pessoas têm a esse respeito, de chegar rapidamente a conclusão que se deseja. De rapidamente mostrar ao mundo que era exatamente aquilo que ele estava pensando desde o início.

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Um exemplo clássico disto, é a “análise” dos Greys. A comunidade ufólogica aceita que eles sejam estéreis e se reproduzem por meio de clonagem. Muitos textos já começam dizendo “Estando estabelecido que os Greys são estéreis…”. Onde isto está estabelecido? Qual a verdadeira prova cabal desta afirmação?

Ela não existe, é apenas uma suposição que, por se enquadrar em outros detalhes, foi simplesmente aceita. Ausência de evidência não é evidência de ausência. O fato de relatos de abduzidos indicarem que não puderam perceber genitália nestas criaturas, não prova absolutamente nada a este respeito de clonagem e esterilidade. Criar teorias e conclusões, conclusões e mais conclusões unicamente com relatos, só leva ao mesmo resultado daquela brincadeira de “telefone” que as crianças fazem: A frase que chegou no fim da cadeia não tem nada a ver com aquela que iniciou o processo. Isso não é ser científico, é ser amador ao extremo. O que se pode realmente afirmar sobre os Greys com base em testemunhos? Sua descrição e, talvez, sua altura. Nada mais. E isto não prova que eles existem. Milhares de pessoas olham para uma luz em um lago e afirmam que é uma prova de algo místico. Nem por isso a luz é mística, apenas o reflexo de uma iluminação de um poste que não pode ser visto pois está coberto pela vegetação.

As fotografias e vídeos, também não provam a existência de discos voadores. Provas fotográficas não possuem validade sem que haja outro método para confirmação, pois, mesmo as que são examinadas e recebem o carimbo: “NÃO É FOTOMONTAGEM” não significam que retratam a realidade. Por exemplo: Uma foto feita por um amador (amador!) do modelo de um avião secreto do exército dos EUA (cujos detalhes de aparência ele conseguiu com amigos), o serviço secreto chegou a indicia–lo para que informasse quem tinha sido o piloto que esteve do lado do avião secreto e que possibilitou aquelas fotos. Foi difícil convencer o exército de que era apenas uma foto de modelo em escala… Ou seja, fotos não são provas finais de algo que ainda não se conhece. Por isso que, apesar de inúmeras evidências e vídeos do Pé Grande, enquanto não se obter uma prova mais palpável – uma análise de DNA de seu excremento (pesquisa romântica, não?) ou um tufo de pêlos de um animal desconhecido – de sua existência, apenas se terão evidências interessantes, e nenhuma prova. O mesmo vale para o Ieti e para o Chupa–Cabra. E, logicamente, discos voadores.

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Um pesquisador que segue a metodologia científica, tem o mais monótono dos trabalhos pela frente. Primeiro, é preciso coletar uma quantidade enorme de dados, depois, precisa provar que os dados coletados não estão tendenciosos, traduzindo–se por coleta e experimentos diversos para demonstrar de quantas formas um capim pode sofrer aquecimento e se queimar, por exemplo. Tal coleta de dados dura meses, senão anos. Mandar amostras para estudos em laboratório custa dinheiro, e, mesmo assim, é preciso fazer vários testes em, pelo menos, dois laboratórios diferentes. Também é preciso saber o que realmente se prova com determinado teste. Um resultado sobre campo magnético alterado prova exatamente o que? Nada. Primeiro, é preciso provar, sem sombra de dúvida, que o campo foi alterado. Segundo, é preciso discernir sobre o que poderia alterar o campo, terceiro, deve–se dizer que diabos significa campo alterado. Da próxima vez que ver em um site, fotos de crânios de Ets, pense um pouco: Quem fez os testes de DNA que são apregoados no mesmo? Por que o laboratório não está indicado? Onde está disponível o resultado do teste (é público)? Quem pagou pelo teste?

Leva muito tempo? A teoria da hereditariedade, levou uma vida inteira para ser formulada, e só foi levada a sério depois da morte de seu autor (o padre Mendel). Demora para obter dados estatisticamente confiáveis e com sólida base. A única coisa realmente confiável em questão de OVNIs, é que existe um pequeno percentual que continua sendo não identificado (isso não indica discos voadores, apenas que permanecem não identificados, ou completamente desconhecidos se preferir). Também é por isso que investigações sobre crimes levam anos para se concluir, ou laudos de acidentes aéreos levam meses e meses. É preciso cercar todas as possibilidades.

Assim, pode–se dizer, sem medo, que ainda não há uma única prova conclusiva sobre a presença alienígena no nosso planeta. Pior, caso realmente tenha existido alguma, a mesma foi desmerecida com pesquisa mal assessorada e meramente superficial. Não é a quantidade de tempo gasto em uma pesquisa que a torna aceitável, mas a qualidade de suas evidências e coleta de dados. Para se obter tal qualidade é que causa a demora na mesma.

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Há grupos que estão usando métodos científicos para estudo de casos, e estes grupos estão conseguindo, no máximo, inconclusões. É algo para ser comemorado, e não para se decepcionar. Inconclusivo significa que não foi possível provar que não era, e não que não se chegou aonde queria. Está na situação cômoda de dúvida.

Mas isso vale alguma coisa para os apressados? Claro que não. Em sua irresponsabilidade, propagam aos quatro pontos digitais da Internet as suas convicções, sem um único argumento sequer do que afirmam. Raramente se acha um site com textos argumentados sobre os fatos. Ninguém (salvo os que levam a questão realmente a sério) resolve mostrar as fraudes (muitos comentam, mas ninguém diz quais são) que já ocorreram.

Curioso que, o mais óbvio de tudo simplesmente passa desapercebido. Atualmente, é possível construir robôs para pesquisas de campo. Os profissionais de cinema, podem fazer um corpo humano artificial incrivelmente real, faltando apenas, um computador que possa locomove–lo autonomamente. Será que uma raça extremamente avançada, cujos dispositivos baseados em conceitos que nem sonhamos, e que pareceriam mágica para nós, seriam tão incompetentes, tão inocentes, tão idiotas para se deixarem capturar, sofrer acidentes, e serem vistos?

Se podem obter milhares de dados a nosso respeito simplesmente coletando uma única célula, por que seqüestrar a pessoa inteira? Por que mutilar animais de criação? Há formas, que são conhecidas pela nossa “atrasada” civilização, muito mais eficientes de se passar despercebidos e fazer tudo o que os amantes de conspiração tanto falam, sem que ninguém sequer soubesse da existência dos mesmos. São perguntas muito contundentes, que os pesquisadores em ufologia deveriam pensar a respeito. Não faz sentido o que se atribui aos alienígenas e o que eles realmente poderiam fazer. Há um hiato muito grande entre estas duas coisas.

Por um lado temos naves fantásticas que podem fazer manobras impossíveis, por outro temos uma incompetência sem paralelo em se deixarem avistar e absurdamente seqüestrarem pessoas. Estamos na eminência de criar insetos robóticos – minúsculos mesmo – eles poderiam muito bem usar um aparelho pequeno, que adentraria a casa da vítima, colheria umas células do mesmo e sairia sem ser visto. É quase como se a tecnologia que suas naves demonstram – baseado unicamente em relatos, logicamente – não fosse realmente deles, uma vez que agem de uma forma muito convencional como esta. Na verdade, agem como seres humanos, com o pensamento humano de nossa época. Enquadra–se perfeitamente em um pensamento do tipo “experiências com espécimes nativos”, que, em análise fria, é idêntica ao que fazemos hoje, mantendo, logicamente, a proporção de aparatos tecnológicos disponíveis para eles e para nós.

São perguntas que precisam de resposta. São perguntas que devem ser feitas, e cuja resposta se deve procurar. E, para isso, é preciso considerar também a possibilidade dos relatos serem resultado de alucinação. Estranho não? Mas é uma possibilidade que ainda não pode ser descartada. Lembre–se de que não se pode estar comprometido com o resultado, ou seja, não se pode querer provar que são discos voadores, mas sim o que são de fato.

Com tudo isso, será que podemos sustentar a afirmativa de que presença alienígena é inegável? Eu diria, com base em tudo que andei acessando a respeito, que é inconclusiva, nada mais. Ela pode ser negada simplesmente pelo fato de: Não existir uma única pesquisa bem desenvolvida que prove, por meios de argumentos construídos em dados solidamente comprovados, a presença alienígena em nosso planeta.

Não existe o bastante para afirmar a presença de alienígenas, também não existe o bastante para negar de forma absoluta e irredutível. Tudo o que existe, é um vasto campo de pesquisa com amadores e entusiastas se debruçando e até, por vezes sem perceber, estragando evidências, ou não as coletando apropriadamente, que poderiam indicar algo passível de chamar realmente o interesse da comunidade científica.

A fase de amadorismo já devia ter passado. Quem é que tira moldes de gesso de supostas marcas de pouso? Quem é que efetua periódicas medições de campos magnéticos de um local onde se atribui o pouso de uma nave? (isso por um ano, no mínimo) Quem é que coleta amostras de vida vegetal destes locais, a distâncias fixas de, por exemplo, cinco em cinco metros dos locais em que se afirma que pousaram naves? Quem repete esta coleta a cada duas semanas? Quem mantém isso por um ano? Quem envia estas amostras a dois laboratórios diferentes e anexa o resultado e respaldo destes ao laudo final? Quem é que fica no meio do mato, coletando fezes para descobrir de alguma delas poderia ser do Chupa–Cabra?

Isso é caro? Sim, sem dúvida. É preciso financiamento para tanto, e deve ser por isso que tal não é feito, além, obviamente, de não se imaginar que se deveria fazê–lo. Assim fica–se com entrevistas de “corajosos” (as vezes sim, as vezes não), que contam a “verdade absoluta”. Afinal, gravador e fita de vídeo é até fácil de se comprar, não? Entretanto, publicações (de banca de jornal) que pretendem ser sérias no assunto poderiam financiar isto, não?

Sem um mínimo desta coleta de dados, tudo o que os ufólogos terão, e continuarão tendo é um clamor baseado em convicções, e não em dados científicos, de que é preciso anunciar ao mundo a presença, “inegável”, dos alienígenas entre nós. Infelizmente os amadores continuam a pipocar, e, inadvertidamente, espalhar as conclusões apressadas que fazem com que nenhum interesse pelo assunto acabe ocorrendo pela comunidade científica.

Quem são estes amadores? Em sua grande maioria, são os ufólogos de Internet, que, com acesso fácil a um meio de difusão de idéias, espalham as suas convicções por ai, sem nenhum critério de responsabilidade, quanto mais científico. Arregimentando mais e mais amadores para fazer o mesmo.

Como um bombeiro amigo meu costumava dizer: “Muito ajuda quem não atrapalha…”

Roberto Martins Kiss
Escritor de contos de ficção científica, Analista de Microinformática, aficcionado pelo tema Ufologia e criador do site Fanfiction

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