Olhos de Dragão – Reflexões para uma nova realidade

17/02/2003 Redação Vigília

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Autor: Carlos Alberto Machado
Diz-se em ciência que uma pergunta respondida cria muitas outras perguntas que permanecem sem respostas. E trata-se de uma influência positiva, na medida em que conduz a descobertas futuras. Esse é talvez o maior mérito da obra “Olhos de Dragão – Reflexões para uma nova realidade”, do pesquisador de UFOs e mestre em educação pela Universidade Federal do Paraná, Carlos Alberto Machado, lançado em 2001 através da editora Aramis Chain.
Machado se aventura por um caminho obscuro: a trilha do predador supostamente desconhecido ao qual se atribui ataques e mortes de rebanhos inteiros em diversos pontos do planeta: o Chupacabras, ou IEA – Intruso Esporádico Agressivo. Minucioso e detalhista com deve ser o diário de um investigador, “Olhos de Dragão” relata dezenas de casos de ataques pesquisados in loco pelo autor no Paraná, nos anos de 1997 e 1998, e traça paralelos com episódios ocorridos em várias outras partes do Brasil e do exterior, notadamente no México e Porto Rico, onde teria nascido a crença no misterioso animal.
Depois de ler “Olhos de Dragão”, o leitor certamente colocará em dúvida seus conceitos a respeito dos ataques, sobretudo se antes tinha apenas assimilado a impressão deixada pela mídia e/ou as versões oficiais, que invocaram de onças a cães selvagens.
Com a ajuda de veterinários inicialmente céticos, biólogos e laudos laboratoriais, Machado mostra que algo realmente insólito ocorrera com ovelhas, cavalos, patos, gansos e uma infinidade de outras espécies misteriosamente encontradas mortas num padrão assustador: na grande maioria fêmeas, amontoadas às dezenas da noite para o dia, perfuradas por garras de precisão impressionante e sem marcas de sangue em qualquer parte – muito menos nas próprias feridas desses animais.
Não há na obra uma relação clara entre o “Chupacabras” e o fenômeno UFO, como defende o autor, exceto por uns poucos casos que ele relata a partir de sites e livros de autores estrangeiros. Essa constatação talvez explique a atitude cética e até certo ponto indiferente da “comunidade” – por assim dizer – da qual Machado faz parte há anos: os pesquisadores de UFOs.
Mesmo assim, o autor apresenta ao leitor indícios de manipulação de provas e coação de proprietários rurais cujo silêncio, talvez por desconhecimento das autoridades acerca do causador do fenômeno ou justamente por conhecimento prévio de algo muito errado, fez o assunto virar motivo de chacota e ridicularização.
Claro, há furos, como toda pesquisa levada a cabo com precariedade de recursos. Algumas vezes, mesmo ressaltando não concordar literalmente com o relato, o autor acaba por transmitir certa credibilidade a depoimentos de conspirações e teorias mirabolantes de contatos e informantes cujas provas – por razões esdrúxulas – não podem ser mostradas (ou simplesmente não existem?). Ações militares, laboratórios secretos, fenômenos em cavernas que, infelizmente, pela falta de checagem, entram para o rol das lendas.
Mesmo assim, com metodologia e critério, “Olhos de Dragão” traz à tona detalhes sobre os ataques, ferimentos, padrões e pistas concretas encontradas que respondem a uma pergunta e, dessa forma, deixam muitas outras: se não podiam ser predadores naturais, quem, ou o quê, seriam os responsáveis pelas mortes brutais? De onde vieram? Por que as autoridades claramente tentaram abafar os casos? E estas são apenas algumas perguntas sem respostas…