O mais parecido com a Terra... até agora...

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hsette
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O mais parecido com a Terra... até agora...

Mensagem por hsette »

Fonte: BBC - http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporte ... tarc.shtml

25/01/2006
Planeta parecido com a Terra é descoberto fora do Sistema Solar

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu o menor planeta até então com características semelhantes à Terra.
O novo planeta tem cinco vezes a massa da Terra e está distante cerca de 25 mil anos-luz, próximo ao centro da Via Láctea.
Apesar da descoberta, publicada na Revista Nature, os cientistas minimizam as chances de se encontrar vida no planeta por causa das temperaturas extremamente baixas.
Conhecido como OGLE-2005-BLG-390LB, ele leva 10 anos para orbitar sua estrela mãe, parecida com o Sol, porém menor e mais fria.
Assim como a Terra, ele tem uma cobertura de rochas e uma pequena atmosfera, mas a sua longa órbita e o tamanho de seu Sol significam que se trata de um planeta gelado.
Os cientistas calculam que a temperatura oscile em torno de – 220º C e que a superfície dele seja composta de líquido congelado. Ele pode parecer uma versão maior de Plutão.
"Este é o planeta mais parecido com a Terra que já descobrimos até agora", em termos de sua massa e a distância em relação a sua estrela mãe. A maioria dos outros planetas descobertos ou são muito maiores ou quentes", diz Michael Bode, da Universidade John Moores de Liverpool, um dos envolvidos no projeto.
A técnica usada para a descoberta, chamado "fenômeno de lente gravitacional", foi prevista por Albert Einstein, em 1912.
lulu
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Mensagem por lulu »

Interessante!!! :shock:

Mas como conseguiram saber tanto sobre um planeta extra-salar se a tecnologia atual não permite a observação direta?
O futuro está no desenvolvimento da ciência!
hsette
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Mensagem por hsette »

Os resultados apresentados são fruto do trabalho de um projeto conhecido como OGLE (Optical Gravitational Lensing Experiment).
http://bulge.princeton.edu/~ogle/

Para encontrar o novo planeta foi usada uma técnica conhecida como microlente gravitacional.
Este método usa uma rede de telescópios para observar alterações na luz emitida por estrelas distantes. Se uma outra estrela passa entre a estrela-alvo e o telescópio na Terra, a gravidade da primeira (intermediária) atua como uma lente, maximizando os sinais da luz da primeira.
Quando um planeta está orbitando a estrela-alvo, os efeitos da gravidade do mesmo são captadas.
Neste caso específico, a princípio os cientistas do OGLE não perceberam que um planeta seria o responsável pelas alterações captadas.

O método é indireto, e a base para as conclusões são os conhecimentos que temos da evolução estrelar.
Com base no tipo da estrela, sua idade, órbita do planeta, sua distância da estrela e sua massa, pode-se inferir a temperatura superficial, composição, estrutura, capacidade de reter atmosfera, etc..

À primeira vista, esta inferição parece altamente questionável, mas as bases científicas sobre as quais se assenta são consideradas bastante sólidas.
lulu
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Mensagem por lulu »

:P Imaginem o que não descobrirão quando estiver em funcionamento o Interferometro?

Um poderoso conjunto de telescópios no espaço formando uma rede capaz de observar diretamente planetas extra-solares.

Vejam os detalhes em meu tópico: O telescópio do futuro. :lol: 8)


Há algum tempo atrás a existência de planetas extra-solares era apenas conjectura e muitos achavam coisa de maluco pensar que podiam existir. Os cientístas, sempre cautelosos, falavam das probabilidades de que poderia haver.

Ainda ocorre o mesmo com relação a vida no espaço.

Eu nunca duvidei que existiam planetas fora do nosso sistema solar e consequentemente muitos como a Terra e vida por todo o cosmo.


Tem uma matéria sobre esse tal planeta na Folha:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cien ... 4193.shtml
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Britan
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Mensagem por Britan »

Esse conjunto de telescopios ou radiotelescopios no espaço foi referido pela primeira vez pelo sagan no "contacto", tinha sido construido pela mesma raça que utilizava os tuneis ou atalhos espaciais para se moverem de uma ponta do universo para a outra.
http://www.anozero.blogspot.com
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hsette
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Mensagem por hsette »

O APODman fez um ótimo post sobre o assundo no Fórum do Clube Cético.
Com a devida autorização reproduzo-o abaixo:


Esta é uma das maiores descobertas na pesquisa por vida em outros planetas: encontrar um planeta similar à Terra.

Apesar de que o OGLE-2005-BLG-390Lb possui cerca de 5 vezes a massa da Terra esta massa é baixa o suficiente para que, ao contrario dos outros planetas extra-solares descobertos até agora, ele seja rochoso e não um gigante gasoso como Júpiter.

Ele pode realmente ser um corpo congelado como as lua Europa de Júpiter ou a lua Enceladus de Saturno.

Ambas são mundos congelados na superfície mas possuem algum tipo de fonte de calor interno seja devido ao atrito gerado pelo puxão gravitacional dos planetas gigantes que orbitam seja por decaimento de elementos radioativos em seu interior, isto pq as duas luas apresentam atividade geológica que modifica o gelo em sua superfície.

O site do Terra informa que tal planeta possuiria uma atmosfera:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/in ... 02,00.html

O artigo na NATURE apresenta uma representação do planeta com uma tênue atmosfera, mas não a cita diretamente:

Imagem

A presença de uma atmosfera traria grandes implicações, poderia este ser um mundo congelado mas nos moldes de Enceladus?

Abaixo um mapa térmico de Enceladus, esta lua possui uma média de temperatura 80 K ou -193 oC (próxima a do planeta descoberto)

Imagem


No entanto Enceladus possui considerável atividade geológica por debaixo do manto de gelo:

Imagem

Possuindo inclusive geisers de vapor d´agua o que indica que pode possuir água em estado líquido sob a superfície:

Imagem

Ou seja a proximidade com o Sol não é absolutamente necessária como fonte de energia. Enceladus está muito mais distante de nosso Sol do que o novo planeta do Sol que ilumina aquele sistema solar.

Se uma atmosfera foi detectada no planeta isto indica que ou ele possui uma superfície congelada sendo que esta sublima de tempos em tempos e volta a se congelar quando o planeta se afasta do Sol (como ocorre em Plutão) ou então o planeta possui uma atmosfera permanente o que indicaria que ele possui atividade geológica que permite manter esta atmosfera.

E se a cobertura de gelo do planeta for de água isto pode significar que abaixo de sua superfície exista água em estado líquido o que seria um dos quesitos fundamentais para o surgimento da vida como conhecemos.
Estas são especulações baseadas no que conhecemos em nosso sistema solar.

Em todo caso vamos esperar a publicação oficial do artigo, no final de janeiro, com todos os detalhes da descoberta.

Mais em:
- www.nature.com/news/2006/060123/full/060123-5.html

[ ]´s
hsette
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Mensagem por hsette »

Argumento interessante de cientistas envolvidos na detecção do planeta: “(...) se com as técnicas rudimentares disponíveis foi possível encontrar uma cópia razoável da Terra, é provável que existam muitas outras por aí. Afinal, se só existisse um outro planeta do tipo terrestre, teria sido muita sorte achá-lo assim, logo de cara”.
lulu
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Mensagem por lulu »

:( Um planeta com 5 vezes a massa da Terra poderia ser tranquilamente colonizado pelos humanos se estivesse aqui nas redondezas de Marte, afinal, podemos aguentar uma gravidade até 10 vezes maior que a da Terra. Talvez descubram no futuro que possamos suportar até mais.
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Britan
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Mensagem por Britan »

lulu escreveu::( Um planeta com 5 vezes a massa da Terra poderia ser tranquilamente colonizado pelos humanos se estivesse aqui nas redondezas de Marte, afinal, podemos aguentar uma gravidade até 10 vezes maior que a da Terra. Talvez descubram no futuro que possamos suportar até mais.
É muito dificil falar dos nossos limites não é? A verdade é que o certo ninguém sabe até onde vão!
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Mensagem por APODman »

ricardo_britan escreveu:
lulu escreveu::( Um planeta com 5 vezes a massa da Terra poderia ser tranquilamente colonizado pelos humanos se estivesse aqui nas redondezas de Marte, afinal, podemos aguentar uma gravidade até 10 vezes maior que a da Terra. Talvez descubram no futuro que possamos suportar até mais.
É muito dificil falar dos nossos limites não é? A verdade é que o certo ninguém sabe até onde vão!
A vida é muito plástica, aqui na Terra realmente temos seres que conseguem sobreviver em limites extremos.

Acho que se descobrissemos um ser vivo, uma bactéria que fosse, em outro planeta a primeira coisa a ser analisada seria como ela consegeu se replicar e o que mantém sua carga "genética", ou seja , se tal ser vivo encontrou a mesma solução bioquimica para este problema, se possui uma molécula de DNA ou se existem outras possibilidades além do DNA.

Se existirem outros caminhos que não seja pelo DNA então a forma como a vida pode se desenvolver por ai seriam absurdas, a Equação de Drake teria que ser revista.


[ ]´s
Latorre
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Re: O mais parecido com a Terra... até agora...

Mensagem por Latorre »

hsette escreveu:Planeta parecido com a Terra (...) próximo ao centro da Via Láctea (...) temperaturas extremamente baixas (...) sua estrela mãe, parecida com o Sol, porém menor e mais fria (...) tem uma cobertura de rochas e uma pequena atmosfera (...) superfície dele seja composta de líquido congelado
Impressionante! :shock: Parece que estamos olhando para o nosso futuro.

Daqui a alguns milhares de anos estaresmo mais proximos do centro da galáxia. Nosso sol estará mais fraco, e por conseguinte nosso planeta mais frio - gelado. Nossa atmosfera estará mais rarefeita, senao extinta. Se ainda houver água (pouco provável na falta de atmosfera), ela estaá congelada: em toda a superfície. :shock:
mas a sua longa órbita e o tamanho de seu Sol significam que se trata de um planeta gelado.
Hum... acho que esse é o ponto divergente que, ao que parece, nao deve estar em nosso futuro. A nao ser, é claro, que o Ecóbulus mude nossa órbita. :P
NÃO HÁ DEUS. NEM DESTINO. NEM LIMITE.Imagem SEM FÉ, SOU LIVRE.
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lulu
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Mensagem por lulu »

:? Corrijam-me se estiver errado, mas o sol fica mais quente a medida que queima seu combustível e não mais frio. Pelo que sei, a cada 1 bilhão de anos o sol fica 10% mais quente, portanto, nosso futuro é morrermos queimados se não viajarmos para outras estrelas. Parece que o motivo de ficar mais quente é porque o sol vai inchando com os detritos resultantes da fusão de hidrogênio em hélio e ampliando seu diâmetro até que começa a se tornar uma gigante vermelha e quando isso ocorrer, seu diâmetro abarcará Mercúrio, Vênus e Terra.
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hsette
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Mensagem por hsette »

Corrijam-me se estiver errado, mas o sol fica mais quente a medida que queima seu combustível e não mais frio. Pelo que sei, a cada 1 bilhão de anos o sol fica 10% mais quente, portanto, nosso futuro é morrermos queimados se não viajarmos para outras estrelas. Parece que o motivo de ficar mais quente é porque o sol vai inchando com os detritos resultantes da fusão de hidrogênio em hélio e ampliando seu diâmetro até que começa a se tornar uma gigante vermelha e quando isso ocorrer, seu diâmetro abarcará Mercúrio, Vênus e Terra.
Em linhas gerais, é isso mesmo. Só essa ampliação do diâmetro é que não é bem assim. Ele permanece praticamente inalterado por longuíssimos períodos, passando então por mudanças drmáticas.

O que ocorre é mais ou menos o seguinte: nosso Sol começou com praticamente 100% de Hidrogênio e através de processos de fusão nuclear, gera energia e tem como subproduto prioritariamente o elemento Hélio.
Atualmente, o balanço está em mais ou menos 50/50.

O aumento do calor gerado se dá porque o Hélio que se acumula no centro é mais pesado. Assim, as forças que atuam nessa região são maiores, aumentando a velocidade das reações nucleares. Por isso, estrelas mais massivas têm vida curta.

Daqui a mais ou menos 5 bilhões de anos, esse hidrogênio vai acabar. Com a interrupção da produção de energia, o núcleo não conseguirá suportar o peso das camadas mais externas e sofrerá um colapso, o que aumentará muito a sua temperatura. Então, a as reações de fusão se reiniciarão, queimando o hidrogênio que existe nas camadas próximas ao núcleo. Esse processo é tão violento que empurrará as camadas externas do Sol para fora, transformando-o em uma estrela gigante.
Essa fase é mais rápida que a anterior e irá durar "apenas" pouco mais de 1 bilhão de anos. Nessa fase, o Sol alcançará uma luminosidade 2 mil vezes maior que a atual e um diâmetro quase 200 vezes maior que o presente. Com um diâmetro tão grande, a superfície total por onde escapa a energia emitida pelo Sol fica enorme, de modo que essa superfície esfria um pouco, mesmo que a luminosidade do Sol esteja aumentando. A temperatura da superfície ficará, então, próxima dos 3 mil graus, quase a metade do valor que tem hoje. Muito grande, avermelhado e mais frio, o Sol será, então, uma estrela gigante vermelha.
Nessa fase o hidrogênio das camadas próximas ao núcleo também se esgotará e o Sol passará a queimar um novo elemento, o hélio. Essa queima ocorre por meio de pulsos, ou seja, em episódios rápidos. O brilho e o tamanho do Sol vão variar muito, sempre em valores mais altos que os atuais.
Nessa fase do Sol, os planetas vão sofrer várias alterações. Por exemplo, Mercúrio, que é o planeta mais próximo do Sol (cerca de 60 milhões de quilômetros), será completamente engolido. Quanto aos planetas seguintes, Vênus e Terra, não temos certeza do que acontecerá. O destino desses dois planetas dependerá basicamente da quantidade de matéria que o Sol irá perder daqui para a frente. A perda de matéria é algo que acontece com todas as estrelas. Por exemplo, atualmente podemos observar partículas muito pequenas vindas do Sol, que formam o chamado "vento solar". Outras estrelas, como as gigantes vermelhas, perdem uma quantidade muito grande de matéria.
E o que tem a ver a perda de matéria com as órbitas (caminho que os planetas fazem em torno do Sol) dos planetas? A resposta é simples: os planetas, como Vênus e Terra, têm órbitas situadas a uma distância que depende da massa do Sol. Quanto menor essa massa, maior a distância do planeta em relação ao Sol. Assim, se o Sol perder muita matéria na fase gigante, Vênus e Terra "fugirão" para órbitas mais distantes e não serã destruídos. Caso contrário, um processo semelhante ao de Mercúrio ocorrerá com esses dois planetas.

Mas eu penso que o melhor é não apostar nessa última possibilidade. Mesmo porque mais recentes simulações sobre a atividade solar dão conta de que dentro de ~1,5 bilhão de anos, a temperatura na Terra será tal que todo o H2O estará em estado de vapor. Isso aqui vai virar uma verdadeira de pressão.

Então, rumo a Marte e além!
lulu
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Mensagem por lulu »

Bela aula!

Então nosso futuro, se ainda exitirem humanos daqui a 1 bilhão de anos, será mudar para Marte, Europa, Titan e mais além. Depois disso apenas a mudança para outra estrela parecida com o sol salvará a raça humana da extinção. A menos que aprendamos a viajar em velocidades altíssimas, certamente seremos extintos.

E depois que o sol se esfriar? Como será o sistema solar?
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Britan
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Mensagem por Britan »

Eu adorei o texto do H, ora em nessa altura se nao nos autodestruirmos entao teremos logicamente tecnologia para ir para outro sitio
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