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Mensagem por Euzébio »

Polêmica sobre a posição da Pangea
Solução deve considerar aspectos não dipolares do campo magnético terrestre

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Muitos modelos científicos já foram criados para explicar o modo como os continentes estavam unidos em um só bloco até 200 milhões de anos atrás. Nenhum deles, porém, obteve até aqui reconhecimento unânime no meio científico. O modelo mais bem aceito, o 'Pangea A', é sustentado por indícios encontrados em fósseis e cadeias montanhosas, mas encontra opositores entre pesquisadores que estudam a evolução do campo magnético terrestre. Para eles, a posição dos continentes apresentada no modelo Pangea A estaria equivocada.

Os estudos paleomagnéticos que contestam essa teoria são feitos a partir de registros do campo magnético da Terra 'impressos' em rochas ao longo de várias eras. Esses registros podem revelar a latitude das rochas (e a posição dos continentes) à época da magnetização. Segundo indica a localização de algumas rochas analisadas, os continentes do sul deveriam estar um pouco mais acima do que prevê o modelo Pangea A.

A polêmica sobre a posição da Pangea pode ter sido resolvida pelos geólogos Rob Van der Voo, da Universidade de Michigan (Estados Unidos) e Trond Torsvik, do Observatório Geológico da Noruega. Segundo eles, para conciliar os resultados divergentes, é preciso levar em conta os componentes não dipolares do campo magnético terrestre. Esses elementos eram até então desprezados: o campo era considerado um dipolo perfeito (como um ímã em forma de barra, com pólos magnéticos norte e sul).

No entanto, isso não se verifica. "Hoje, esse campo só possui cerca de 80% de dipolaridade", disse Rob Van der Voo à CH on-line. Segundo ele, o fato de os componentes não dipolares não terem sido computados ao longo dos séculos pode ter afetado os resultados de estudos paleomagnéticos, apontando latitudes inexatas para as rochas analisadas. Medições preliminares feitas por ele e Torsvik mostram que, quando os elementos não-dipolares são levados em conta, as latitudes encontradas coincidem com as previstas no modelo Pangea A. Para Van der Voo, a descoberta implicará na reavaliação das medições paleomagnéticas feitas até hoje, considerando cerca de 10% de campos não dipolares. "Isso pode nos ocupar por décadas", estima.

Segundo a professora Márcia Ernesto, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG/USP), análises paleomagnéticas de rochas são de fato imprecisas. Segundo ela, isso se deve sobretudo ao deslocamento do pólo magnético da Terra. "Não temos como saber a localização desse pólo ao longo das eras, mas na média, sabemos que ele se aproxima de um dipolo perfeito", diz Márcia. "Por isso, ainda consideramos a Terra um dipolo em nossas pesquisas." Ela acredita que novos dados são necessários para determinar precisamente um modelo unanimemente adotado.

Andressa Camargo
Ciência Hoje/RJ
15/01/01
Ad Honorem Extraterrestris