Os astros travessos.

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Os astros travessos.

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Talvez eles sejam os astros mais misteriosos de todo o Sistema Solar - e os mais levados também. Não é seguro tentar prever suas condições de visibilidade e, às vezes, um espetáculo anunciado pode se transformar num grande fiasco. Também não é tão raro sermos pegos de surpresa e um cometa novo, recém-capturado pelo Sol, tornar-se a coqueluche do momento entre os astrônomos.


A cauda de plasma sempre se opõe ao Sol.

Em geral os cometas não são grandes. Em cada um deles há um núcleo rochoso irregular com uns poucos quilômetros de extensão. A fraca gravidade torna fácil para os grãos de poeira escaparem da superfície do cometa. Assim, quando esses astros se aproximam do Sol, o calor e a radiação aquecem o núcleo gelado, fazendo surgir um manto de partículas e gases incandescentes, chamado coma. Deformada, é da coma que irá se formar a peculiar cauda de poeira, estendendo-se por milhões de quilômetros no espaço, literalmente.

A longa viagem

Fragmentos solitários de um cometa.

Muito além da órbita de Plutão há uma imensa região que, acredita-se, lembra o cinturão de asteróides. Só que ali residem, silenciosamente, talvez uns 100 bilhões de astros pequenos, onde fragmentos de rocha e metal combinam-se com gases como o nitrogênio e o monóxido de carbono. Congelados, esses núcleos escuros percorrem vagarosamente longas órbitas em torno de um Sol distante, que dali é apenas um ponto luminoso a mais no firmamento. Mas essa é uma região de fronteira. Ali começa o meio interestelar, o reino dos outros sóis.

Uma pequena perturbação gravitacional é suficiente para lançar alguns deles definitivamente para longe - ou em direção ao Sol, num mergulho, algumas vezes, sem volta. É assim que eles acabam aparecendo em nosso céu, pois estamos bem perto do Sol e qualquer coisa brilhante que vá em direção a ele acaba sendo vista da Terra. De sorte que esses astros escuros formam suas caudas luminosas justamente quando se aproximam do astro-rei. Por outro lado, essa sorte pode se transformar num prenúncio de catástrofe, na remota hipótese, porém plausível, de estarmos no caminho de um deles.

Quando morrem os príncipes
A observação de cometas é tão antiga quanto o registro dos eclipses e funde-se com a própria história da humanidade. Na Antiguidade, era comum associá-los a maus presságios. No ano 44 a.C., por ocasião da morte de César, um cometa brilhante visto em Roma foi acreditado como sendo o seu próprio fantasma! Bem mais recentemente, há 500 anos, logo depois que a frota comandada por Pedro Álvares Cabral partiu do Brasil em direção às Índias, um cometa de cauda comprida foi visto em pleno Atlântico Sul. Dias depois, um tufão afundou impiedosamente quatro naus e as que seguiram viagem encontrariam desafios terríveis.

Exageros à parte, cometas vistos a uma distância segura não trazem infortúnios, a não ser a tristeza para aqueles que perdem a ocasião ímpar de contemplá-los. Mas que ninguém deseje ter estado na Terra no dia que um deles caiu sobre o Mar do Caribe, há 65 milhões de anos. Naquela época nossos ancestrais mamíferos tiveram a sorte de ser pequenos o bastante para resistir aos dias de escuridão, frio e pouca comida que se seguiram. Todos os outros seres vivos pesando mais de 15 kg não conseguiram sobreviver. Foi o fim dos dinossauros.

Não há, contudo, motivo algum para pânico. Travessos, esses belos astros parecem se divertir apenas por nos fazer perscrutar os céus por horas a fio à sua procura. São os astrônomos amadores do mundo inteiro os principais responsáveis por novas descobertas. Em seguida, pesquisadores qualificados, muito bem aparelhados, fazem estimativas sobre o seu brilho quando passarem por nós.

Depois, as caóticas ejeções de material de seus núcleos fazem questão de se comportar como querem: promovendo saltos aleatórios de brilho, fazendo-os sumir entre as estrelas mais fracas ou resplandecer com uma luz tão intensa, que podem até ser observados à luz do dia. Afinal, são cometas!

Alguns cometas de curto período
Nome Período Excentricidade Inclinação
Halley 76,1 anos 0,9673 162,23°
Encke 3,3 anos 0,8499 11,93°
Borelly 6,9 anos 0,6242 30,32°
Tempel 1 5,5 anos 0,5197 10,54°
Tempel 2 5,3 anos 0,5444 12,43°
Tempel-Swift 6,4 anos 0,5391 13,17°
S-W 1 14,9 anos 0,0447 9,37°
H-M-P 5,3 anos 0,8219 4,27°
Giacobini-Zinner 6,6 anos 0,7076 31,88°
Wild 2 6,4 anos 0,5410 3,25°
Faye 7,34 anos 0,5782 9,09°
S-W 1: Schwassman-Wachmann 1.
H-M-P: Honda-Mrkos-Pajdusakova.
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