Asteroides.

É fundamental o estudo da astronomia em paralelo com a ufologia: evita-se enganos, e entende-se melhor o substrato das teorias. Este setor do fórum é aberto a questões puramente astronômicas. Debate dentro da metodologia científica - e sem choro.

Moderadores: Euzébio, Alexandre, Britan, Cavaleiro, hsette, eDDy, Moderadores

cientista
Mensagens: 154
Registrado em: 05 Dez 2004, 19:01
Localização: Ponta Grossa PR

Asteroides.

Mensagem por cientista »

Imagem



No início do século XIX, em Palermo, na pequena ilha da Sicília ao sul da Itália, o monge Giuseppe Piazzi (1746-1826) anunciou ter descoberto um novo planeta entre as órbitas de Marte e Júpiter. Ele o batizou com o nome de Ceres-Ferdinando, em homenagem à deusa protetora da Sicília, Ceres, e ao rei Ferdinando. Era o ano de 1801 e Piazzi já estava muito velho, de forma que não conseguiu acompanhar o astro em suas novas observações e acabou perdendo-o. Muitos astrônomos da época tentaram reencontrá-lo, mas em vão.

O problema chamou a atenção de um jovem e brilhante matemático da época, chamado Gauss, que elaborou um método para localizar um corpo celeste a partir de uns poucos dados observacionais. Graças a ele Ceres foi reencontrado. No ano de 1802 o Sistema Solar contava então com oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno (conhecidos desde a Antiguidade), Urano (descoberto em 1781) e Ceres.

Os planetas do Sistema Solar, no ano de 1802.


Contudo, este quadro não duraria muito e neste mesmo ano anunciou-se a descoberta de um novo planeta: Pallas. Em 1807 foi a vez de Vesta, até que, no ano de 1866 já haviam sido descobertos mais de 60 novos planetas entre Marte e Júpiter. Quantos planetas existiriam afinal?

O Sistema Solar como era conhecido no ano de 1866.

Logo percebeu-se que os novos astros não eram propriamente planetas, mas os corpos hoje conhecidos como asteróides, astros escuros, com formas variadas e percorrendo órbitas excêntricas e bastante inclinadas em relação à eclíptica, como é chamado o plano da órbita da Terra. Além disso eles não eram tão grandes quanto os planetas.

A maior parte dos asteróides subdivide-se em três categorias principais: os carbonáceos (ou tipo C), os siliciosos, (ou tipo S) e os metálicos (ou tipo M). Cerca de 75% dos asteróides conhecidos são do tipo C e localizam-se nas regiões externas do cinturão, sendo também os menos reflexivos (menor albedo). A maior parte dos restantes é do tipo S.

Porém, nem todos os asteróides concentram-se no cinturão. Alguns formam grupos distintos e gravitam o Sol na mesma órbita de Júpiter, como é o caso dos Troianos, ou seguem órbitas altamente excêntricas, inclusive passando pelo Sistema Solar interior, como Eros.

Curiosidades
• Por duzentos anos, Ceres foi considerado o maior entre todos os asteróides do Sistema Solar, com seus 457 km de raio. Seu "reinado" na Terra terminou definitivamente em agosto de 2001, quando astrônomos europeus descobriram, através do observatório de Cerro Tololo, no Chile, um corpo com raio de aproximadamente 600 km, nas imediações da órbita de Plutão. O novo pequeno-gigante recebeu a denominação provisória 2001 KX76. E Ceres ainda é seguido de perto por outro asteróide, de nome Varuna, com 450 km de raio.

• Apesar de se agruparem na região conhecida como Cinturão, a densidade dos asteróides não é elevada: um cubo com 100 milhões de km de lado contém, em média, apenas um único asteróide com mais de 100 km de extensão. E mesmo objetos menores ficam até alguns milhões de km distantes uns dos outros. Atravessar essa região não é tão crítico quanto poderíamos imaginar.

• Segundo alguns pesquisadores, os asteróides poderiam semear a vida nos planetas (por exemplo, deixando na Terra microorganismos ou substâncias orgânicas elementares a partir das quais a vida evoluiu). Por outro lado, o impacto de um grande asteróide poderia resultar na completa extinção da vida. Eles seriam, portanto, criadores e destruidores.

• Vesta, com 500 km de diâmetro, é também um dos asteróides mais espetaculares. Sua estrutura geológica, distinta de seus semelhantes e muito similar a de planetas como Terra ou Marte, levou alguns astrônomos a vê-lo como um quinto planeta rochoso. Vesta pode ter sido formado por aglomeração de rochas menores e o seu interior talvez ainda esteja quente.

• Muitos meteoritos que caíram na Terra têm origem nas colisões mútuas entre asteróides, muito comuns no passado e que ainda podem ocorrer hoje.

Dados físicos e orbitais de alguns asteróides
Nome Descoberta Raio Distância do Sol1 Translação Albedo Excentricidade
2001 KX76* 2001 600 km 6.450 - - 0,246
Ceres 1801 457 km 413,9 4,6 anos 0,10 0,097
Varuna* 2000 450 km - - 0,07 0,055
Pallas 1802 261 km 414,5 4,6 anos 0,14 0,180
Vesta 1807 250 km 353,4 6,6 anos 0,38 0,097
Juno 1804 122 km 399,4 4,4 anos 0,22 0,218
Hebe 1847 96 km 362,8 3,9 anos 0,25 0,146
Eros 1893 7 km 218,4 1,8 anos - 0,223
Apolo 1932 0,7 km 219,9 1,8 anos - 0,566
1 Valor médio, em milhões de quilômetros.
* Objetos do Cinturão de Kuiper (Trans-netunianos).
«©ìèñ┴ϧ┴Ä»