Os aliens somos nós

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Britan
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Os aliens somos nós

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Ficções da realidade - Os aliens somos nós
Fernanda Müller e Marcio Markendorf - Publicado em 16.05.2007

Os alienígenas estão constantemente à nossa volta. Vistos todos os dias em filmes, propagandas, revistas especializadas e livros, tornaram-se figuras recorrentes no imaginário de nossa sociedade, lugar comum da ficção científica e de filmes de terror. Ao que tudo parece, diante de sua curiosidade pelos astros que não se conforma com a condição de ser a única forma viva e inteligente do Universo, o homem imaginou a possibilidade de ser visitado ou confrontado com entidades extraterrenas. Uma Ficções da realidade - O Dia Que a Terra Parou





relação que acabou esbarrando num paradoxo: ao mesmo tempo em que o homem desacredita numa solidão universal, também teme uma companhia espacial, advindo o medo. A ausência de outras formas de vida tende a aprofundar o sentimento de fragilidade e pequenez do homem que se vê indefeso frente ao grande mistério da Criação. Houve um Big Bang e apenas nós? – os cientistas se perguntam. A possível presença de outras criaturas aprofunda os mesmos sentimentos, pois, em geral, os aliens são representados como uma civilização avançada, pronta a tomar o planeta e a nos destruir.

Lugar privilegiado para a exploração do tema, o cinema ostenta um grande número de produções em seu repertório fazendo uso de todo o aparato visual do qual dispõe. Diferentemente das páginas de livros, a sétima arte costuma se prestar melhor a esse tipo de adaptação do que a literatura, uma vez que a exploração de descrições detalhadas, diversamente das empolgantes cenas com efeitos especiais, figurinos avantajados e características fisiológicas dos seres do espaço, atrasariam a leitura e poderiam aborrecer o leitor quando no papel. Talvez porque a trama fílmica melhor explore a ação, em vista de seus produtos visuais dados, em detrimento da descrição, a qual um livro estaria sujeito. Numa sala com esse tipo de projeção, o espectador quase não tem trabalho: ele apenas se senta, engole as imagens e acompanha o desequilíbrio narrativo. A literatura de ficção científica, nesse sentido, parece estar muito mais voltada para a exploração de sociedades futuristas, tecnocratas, povoadas por andróides e naves espaciais do que propriamente com o mundo alienígena. Exploram ao máximo a tecnologia conhecida, apontando para o futuro. E não é do futuro que tratamos aqui. É do desconhecido que vem de fora.

A natureza dos aliens é definida, praticamente segundo um acordo tácito, dentro de umas poucas características. A primeira delas é o que podemos chamar de monstruoso. Seres de duas cabeças, olhos gigantes, mãos e pés com poucos ou vários dedos, garras afiadas, entidades amorfas como amebas, enfim, toda sorte de seres abomináveis, cheios de gosma e de aspecto aterrador. O aspecto visual repulsivo parece definir e representar exteriormente, com mérito e distinção, as deformidades ou deficiências do pensamento e os defeitos morais desses seres. A relação de equivalência entre exterior e interior fica provada pela cruel constatação de que, ao mesmo tempo em que dominam uma tecnologia superior ou desconhecida da ciência humana, se mostram criaturas bestializadas e instintivas. E se aos nossos olhos, os aliens parecem abomináveis fisicamente, o inverso também parece se proceder. Nas raras vezes em que é possível uma comunicação verbal com os extraterrestres, como se fosse dado a todo universo o conhecimento do idioma inglês, somos caracterizados como uma espécie desprezível e patética. Seria possível evocar um sem número de filmes para ilustrar tal plasticidade, mas com certeza cada um de nós possui na cabeça uma imagem mais ou menos recorrente de um ente alienígena, mesmo que seja aquela imagem de relance, vista na capa da revista UFO em alguma banca de jornal.

A segunda característica bastante comum é a da essência de predador. São muitos os filmes que tratam o alienígena como uma entidade predadora que vê no homem apenas uma presa. Às vezes podemos ser animais comestíveis, em outras, apenas um animal para práticas esportivas de caça. A película que dá maior ênfase a esse aspecto é Predador (Predator, 1987, John McTiernan), na qual um ser vindo não se sabe de onde e nem se entende o por quê - passa a matar os homens, aliando uma incrível força à uma variada gama de vantagens tecnológicas – como pistola a laser, visão de infravermelho e capacidade de camuflagem, por exemplo. Em vista deste aspecto é possível depreender o quanto o homem teme ser caçado ou mesmo ser destruído por uma categoria de seres que ignora por completo os direitos humanos ou qualquer coisa que o valha. O que não parece de modo algum uma gratuidade da narrativa alienígena, visto que representa um dado importante da personalidade do homem: o medo da aniquilação é introjetado no inconsciente na forma de um objeto persecutório. Se a curiosidade por outras formas de vida impulsiona o homem a desbravar o universo, o temor pela insegurança de uma possível companhia cria no imaginário fantasias persecutórias deste tipo. No cinema tais fantasias são amplificadas ao máximo. O alien não sente necessidade de lutar pela ascendência em relação à espécie humana, pois se considera hierarquicamente superior na escala dos seres, e se obriga ao exercício pleno de suas funções de perseguidor ao se ver pronto para dizimar uma espécie inferior e afirmar sua soberania.

Muito próxima da qualidade de predador, podemos também falar da de parasita. Seres vindos de outro planeta fazem uso do homem como veículo para procriação e disseminação de sua raça reduzindo-nos à primitiva função de organismo hospedeiro. A relação estabelecida entre humano e alienígena não se resume apenas a uma relação ecológica desarmônica que traz prejuízos ao hospedeiro, pode significar também um prejuízo definitivo: para o nascimento e a sobrevivência do parasita é preciso condenar à morte o seu hospedeiro. É o que acontece, por exemplo, no clássico filme de Ridley Scott, Alien – O oitavo passageiro (Alien, 1979), em que a parasita, em sua forma prematura recém saída do ovo, atingiu outro grau de desenvolvimento e metamorfose no corpo de um ser humano. Em outros casos, o hospedeiro sofre um processo interno de subjugação ou mutação e é transformado lentamente numa entidade alienígena. Se não o faz por fora, atendendo a qualquer princípio ardiloso de camuflagem, o parasita o faz inteiramente por dentro, reduzindo toda humanidade a zero. Muito além da simples abdução e alcançando o status de exceção à regra, o cinema também alude para a possibilidade de uma combinação genética alienígena, criadora de um ser híbrido homem-alien. No filme A Experiência (Species, 1995, Roger Donaldson) um experimento científico conduzido a partir de instruções recebidas do espaço revela-se tão somente como um ardiloso plano para o domínio da Terra, de uma entidade alienígena que faz uso da aparência de uma linda mulher para se reproduzir.

A mais usual marca alien, no entanto, é a do invasor. Ao contrário do que a ufologia frequentemente caracteriza como uma simples visita exploratória, os cinemas estimulam a idéia de um contato hostil e de ocupação por parte dos extraterrestres. Em muitas das histórias de invasão alienígena, tais seres, depois de esgotarem suas fontes de recursos naturais e de transformarem seu próprio planeta em um lugar impossível de ser habitado, vasculham as galáxias em busca de um outro planeta para ser tomado. Invariavelmente é a Terra que aparece no caminho. Note que os aliens não desejam coexistir ou viver em harmonia com os humanos, querem tomar o planeta e destruir todos nós. Desconhecem acordos políticos ou diplomáticos. E gozam de uma segurança invejável, ou melhor, de uma prepotência indizível. Talvez porque o esgotamento dos recursos naturais seja o sinônimo para palavras como avanço, progresso e evolução. Por isso, nem mesmo conhecem a tecnologia humana ou sondam nossos hábitos, tão logo chegam às fronteiras do planeta azul, atacam. Os aliens têm certeza de que sairão vencedores como se fosse a resposta instintiva de seu modelo de ação predador.

Mas de onde vem esse inimigo?. Talvez algum dia você já tenha se deparado com frases como “Os marcianos estão chegando!” e se perguntado quais são os motivos para certa obsessão por invasores do planeta Marte (ou, nas poucas variantes, Vênus). A justificativa para a difusão do alienígena marciano se deve às especulações de Percival Lowell que, em 1895, publicou o primeiro livro de uma trilogia que levantava a possibilidade de vida inteligente em Marte. Impressionado com os mapas de Marte desenhados em 1877 pelo astrônomo Giovanni Schiaparelli e influenciado por um erro de tradução da palavra canalis (leito de rio ou sulcos no italiano) para canals (canais construídos artificialmente em inglês), Lowell fantasiou a existência de uma civilização marciana que, ameaçada pela falta de água, havia construído canais para irrigar zonas com falta de abastecimento. O fato tratou-se apenas de uma euforia generalizada, motivada em grande parte pela pouca sofisticação dos observatórios terrestres, mas só pôde ser desmistificado a partir da década de 50, sendo definitivamente desacreditado com o envio de sondas espaciais a partir dos anos 60. Ao menos Lowell contribuiu para o estrondoso sucesso do livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Welles, publicado em 1898, e mesmo para a transmissão radiofônica homônima, em 1938, por Orson Welles (A versão cinematográfica mais recente é a adaptação de Steven Spielberg, de 2005). O mito marciano estava fundado definitivamente.

Mas por ser um planeta com algumas semelhanças com a Terra, o jogo se inverteu, e Marte passou a ser um forte candidato a uma possível terraformação – que é o processo pelo qual se modificam as condições de um astro a fim de torná-lo habitável por homens ou animais. O termo veio diretamente da ficção científica Seetee Shock, de Jack Williamson, publicado em 1949, e acabou sendo incorporado pela comunidade científica. Não somente a literatura, a realidade igualmente aponta para um futuro: a nova era de colonização será interplanetária. O que não parece ser tão impossível depois que o homem pisou na lua em 1969. O único problema é que um processo de ocupação desse porte, embora ainda faltem alguns passos para que se torne cientificamente possível, é economicamente inviável. Ao menos por enquanto.

Afixados por Marte e por uma nova colonização, às vezes deixamos passar despercebidos outros alienígenas como um, particularmente famoso: o Super-homem. Vindo do planeta Krypton, antes da explosão que o extinguiria completamente, Kal-El chegou à Terra, junto com uma tempestade de meteoros, e foi criado por pais humanos. Com exceção dos incríveis poderes que o diferenciam, o Super-homem é idêntico a qualquer um de nós: também foi concebido no seio de uma família e possui defeitos e qualidades essencialmente humanos – amor, ciúmes, tristeza, solidão. A mitologia em torno do herói basicamente o trata como um tipo de Messias, um salvador para o nosso mundo, como foi retomado na seqüência Superman – O retorno (Superman Returns, 2006), de Bryan Singer. Apesar de ser um dos poucos aliens da história do cinema que trabalha a nosso favor, não é a única aparição alienígena positiva. Devemos lembrar do nostálgico filme de Steven Spielberg, E.T. – O Extraterrestre (E. T. - The Extra – Terrestrial, 1982), que encantou o mundo com um inocente ser vindo do espaço que, depois de ter se perdido da família, conta com a ajuda de um garoto para voltar ao seu planeta. Ou mesmo da possibilidade de rejuvenescimento, o bem-estar, a energia e a ausência de dor que os velhinhos de Cocoon (1985, Ron Howard) tiveram a oportunidade de sentir, muito embora um dilema moral também fosse colocado em questão, uma vez que rejuvenescer representaria também esgotar a energia vital dos seres encasulados.

Fazendo um panorama geral, a despeito desses casos, o que prevalece é uma realidade alienígena representada como própria de seres superiores, aos menos no que diz respeito à tecnologia. Tal aspecto superior nada tem a ver com um impulso criador. O alien, de modo geral, é um tipo de refugo vivo do irracional, aberto tão somente para o lado destrutivo de sua essência. Souberam pensar sua tecnologia, sabe-se lá por qual tipo de linguagem, já que os extraterrestres, em geral, só emitem gemidos guturais ou impulsos elétricos em suas cabeças de néon, mas se interessam apenas pelas necessidades de seus impulsos negativos. São monstruosos, facínoras, sanguinários. Parecem ser a representação de tudo o que é abominável na natureza humana. E seu ponto fraco está exatamente num dos piores pecados capitais: a soberba. Apesar de não contar com armas tão avançadas para conter o avanço alienígena, por conta da astúcia, da inteligência ou mesmo da intuição, o homem sempre consegue derrotar o invasor. O alien, cego em sua sede de poder, incapaz de pensar além da animalidade de seu pensamento, é derrotado, expulso, destruído. Quando não é capturado para estudos e enfiado em algum lugar bem fundo da Área 51.

Mas se o alien carrega em si tudo o que é negativo no homem, os seres do espaço não parecem ser tão mais temidos quanto o foram/são os estrangeiros de regimes políticos exploratórios, como imperialistas e, mais recentemente, capitalistas. O significado original da palavra latina alienígena designa todo aquele que é natural de outro país, um estrangeiro ou forasteiro. Foi em virtude do freqüente uso no cinema e na literatura de um sentido figurado que se tornou popularmente um designador para seres de outro planeta. Há de se perguntar se o alien monstruoso não seria uma alegoria para o monstruoso do próprio homem, que se bestializou, transformando-se numa entidade medonha em vista do desejo dominador de sua ciência e de sua política. Se considerarmos que o alien é uma alegoria para o homem, devemos compreender sua diferenciação do resto dos homens não como um lugar de origem, e, sim, como um lugar de poder. O centro de um poder ditatorial seria o lugar privilegiado para que um forte instinto primitivo e animal se desenvolvesse, mesmo que balizado por um enorme apelo à razão. A uma razão bastante questionável, diga-se de passagem.

Nesse sentido, políticas autoritárias e predatórias operam dentro de uma espécie de ditadura invisível. E o poderio no qual se sustentam muitos governos ainda hoje, definitivamente encena a presença exploratória alienígena. Em Predador, o exército americano, em missão por uma selva da América Central, mais especificamente mexicana, se depara com um alienígena destruidor. O que significaria isso? O que pertence à América Latina, principalmente no âmbito dos bens naturais, precisa ser controlado por outro país? O exótico e o intocado latino-americanos representam perigo a outros governos? Em matéria de recursos naturais, determinadas superpotências mundiais se comportam como protetores ou predadores do planeta? E o que dizer do caso das relações econômicas perpetradas pelas empresas multinacionais e transnacionais espalhadas pelo globo, sobretudo nos países do chamado Terceiro Mundo, e que são uma forma de domínio à parte dos sistemas políticos? Na senda das apologias alienígenas para o medo de invasões bárbaras, ocupações geográficas, disputas por recursos minerais e poderio econômico, podemos citar um dos piores conflitos do Oriente Médio, a Guerra do Golfo, ocorrida em 1991, envolvendo Iraque e Kuwait. No quesito invasão, destruição e ocupação, Saddam Hussein chega bem perto de um chupa-cabras. Creditando ao Kuwait a responsabilidade pela queda no preço do petróleo, o ditador iraquiano, depois de invadir o país vizinho, chegou a considerar o Kuwait uma província do seu estado, fazendo uso de um problema político-econômico para reavivar antigas disputas geográficas. Na época, liderados pelo governo de George Bush, os americanos intervieram na disputa, lutando ao lado do Kuwait, a fim de libertar os poços petrolíferos das mãos dos iraquianos. É a cegueira alienígena pelo controle.

É público e notório que governos como esses não agem por princípios altruístas. Querem apenas defender seus próprios interesses. Lutar a favor de alguma nação significa estabelecer um dever moral que, mais tarde, pode significar uma troca de bens. Se no mito alienígena, muitos deles vêm a Terra por conta do esgotamento de recursos naturais, neste aspecto não parece que estamos muito distantes de nos equiparar a eles. Tais nações parecem estar criando uma rede de futuros “parceiros” para quando seus próprios recursos estiverem perigando de acabar. E não somente aqui. No espaço também. Por que será que sondas espaciais andam a procura de vida em outros planetas e, principalmente, em busca de um lugar com condições climáticas semelhantes às da Terra? Por que virou manchete em jornais e revistas no mundo todo a descoberta do planeta GL 581c que nada tem a ver com o simpático asteróide B 612 de O pequeno Príncipe? Não estariam procurando uma possível saída para o futuro autodestrutivo do homem? Os relatórios a respeito das condições do clima para o futuro não parecem favorecer muito a condição de vida na Terra, fato confirmado pela obstinação em procurar planetas como esse tal GL 581c referido como a “A segunda Terra”. A importância de tal planeta é explicada sem meias palavras pelo astrônomo americano Carl Sagan: “É hora de recolocar o pé na estrada e partir rumo aos planetas. A longo prazo, ou colonizamos os planetas, ou seremos uma espécie extinta.”. Ou seja: os filmes falam do homem sendo colonizado por alienígenas, quando, a essa altura do campeonato, é o próprio homem que quer assumir esse papel no universo. E se o cinema já foi bastante precursor em temas em que o homem faz de outros planetas suas colônias, onde é possível viver sob condições criadas artificialmente, que dizer da experiência americana do Biosfera II? Iniciado em 1991, o projeto fracassou depois de reproduzir um mundo natural isolado por uma cápsula, na primeira tentativa de um possível modelo de colonização do espaço sideral. O insucesso da experiência contribuiu para manter o sonhado processo de terraformação apenas na teoria. Ou na ficção.

Os centros de poder e os ícones culturais de uma nação são os representantes materiais de sua imponência. A destruição de qualquer um deles é uma ferida no centro nevrálgico da nação e do próprio poder. Por isso qualquer forma de invasão é bastante delicada. É como mexer num vespeiro. Em Independence Day, de 1996, dirigido por Roland Emmerich, uma raça alienígena invade o planeta destruindo as principais cidades do mundo. Inúmeros símbolos da democracia, como a Casa Branca e até a vizinha Casa Rosada, simplesmente explodem pelos ares. Mas o governo americano, como sempre, aliado e, de algum modo, à frente das outras nações, derrota os inimigos e o faz justamente no dia em que comemoram sua independência. É de se pensar muito nesses símbolos. Quando afirma que a partir daquele dia o Independence Day seria lembrado não apenas por americanos, mas pelo mundo todo, o filme quer dizer que esse país é tão poderoso que possui até mesmo supremacia intergaláctica? São representações de poder que vamos engolindo pelo cinema sem nem mesmo questionar, como mais uma das tantas mensagens subliminares de afirmação de soberania de algumas potências internacionais sobre o futuro do mundo.

Todavia, passando das telas do cinema para as dos telejornais, não foi exatamente soberania o que vimos após a destruição das Torres Gêmeas, no fatídico 11 de setembro de 2001. Depois do incidente, o governo de George W. Bush iniciou uma nova caçada contra os alienígenas do terrorismo. E o Oriente Médio se tornou novamente o espaço sideral das forças hostis. E se de um lado há o poder, do outro estão as espécies. O cinema sempre trata do maniqueísmo espécie humana versus alienígena. O segundo acredita seguramente em sua supremacia e por isso não pode conviver mutuamente com o homem num mesmo planeta. Soa muito como algo que nossos ouvidos já captaram há algum tempo: o anti-semitismo de governos como o nazista. A supremacia das raças pregada pela ideologia ariana seria uma forma predatória alienígena? Ora, o maior temor que temos pela presença de um ser alienígena é o de lidar com o desconhecido, com uma entidade que não nos permite antever qualquer limite. Estaríamos diante do imensurável e do inominável, entre fronteiras que têm a ver com a capacidade para o mal.

Na história da civilização já foi possível presenciar até onde vai a maldade humana, revelando o ser monstruoso que o homem pode ter, como convém lembrar a cerca dos campos de concentração, criados no fim do século XIX nos EUA, potencializados na Alemanha nazista e difundidos por muitos outros países; e dos campos de refugiados, onde homens e mulheres são abandonados a própria sorte, como ocorreu em Kosovo na última década e ainda é manchete freqüente, sobretudo no Oriente Médio. Sentimos desconforto ao lidar com o inexplicável e o desconhecido, principalmente se estes perturbam o que é racional e civilizado. Sentimos horror ao constatar que milhares de imigrantes, sejam japoneses, sejam judeus ou sejam albaneses, foram obrigados a fugir como uma presa indefesa frente a uma criatura irreconhecível – o próprio homem. Hitler, Saddam Hussein, Mao Tse-Tung e Milosevic assomam-se à galeria das piores criaturas alienígenas que se colocaram entre nós.

E se pessoas foram dizimadas em nome da “raça” e de outras formas de preconceito, também o foram em função das terras. Se olharmos para o passado explorador do homem, podemos nos recordar de quantas tribos indígenas foram dizimadas por exploradores portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, belgas, italianos. Aliens do Velho Mundo que queriam conquistar um território e explorar suas riquezas. Com certeza, para os tupiniquins os portugueses eram os seres monstruosos, vindos do outro lado do mundo, que vieram para destruir, ocupar, dizimar e explorar. Qualquer semelhança com a mitologia alien nem parece mera coincidência. Por isso, apesar do homem ainda não ter sido invadido por nenhuma raça alienígena, como na história de H. G. Welles, ao menos já prepara um imaginário invasor como auto-justificativa para atos passados ou futuros. Ou pelo menos cria um superego alienígena a fim de alertar e, de algum modo reprimir, nossos impulsos destrutivos, como se dá no clássico filme O Dia em que a Terra parou (The Day The Earth Stood Still, 1951, Robert Wise). Seja como for, sem nenhum Superman salvador a olhar por nós, hoje estamos todos, brasileiros, latino-americanos, terráqueos de um modo geral, na pele do inocente E.T. de Spielberg. Perdidos no mundo, indefesos omo uma criança, frente ao imenso perigo do universo afora. Ou seria adentro?
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Latorre
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Mensagem por Latorre »

A literatura de ficção científica, nesse sentido, parece estar muito mais voltada para a exploração de sociedades futuristas, tecnocratas, povoadas por andróides e naves espaciais do que propriamente com o mundo alienígena. Exploram ao máximo a tecnologia conhecida, apontando para o futuro.
Muito bom. Não havia pensado nisso.
A mais usual marca alien, no entanto, é a do invasor.
Senao nao vende, oras...
Fazendo um panorama geral, a despeito desses casos, o que prevalece é uma realidade alienígena representada como própria de seres superiores, aos menos no que diz respeito à tecnologia.
...superio porque viajam de um jeito que não podemos. É lógica.
de um modo geral, na pele do inocente E.T. de Spielberg. Perdidos no mundo, indefesos
Depende do ponto de vista.
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flasht
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Mensagem por flasht »

Muito bom, Britan
Gostei.

E por experiencia própria como vc avalia os portugueses hoje em dia em relação ao Brasil?Tão Mais p/ orgulhosos ou p/ vergonhosos?

Pq na minha infancia se ensinava: os portugueses descobriram o Brasil.Porém com o passar do tempo passou se a repudiar isso visto que aqui já tinha gente
Britan
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Mensagem por Britan »

Há um sentimento de ambiguidade em relação ao Brasil em Portugal.

Por lado como é lógico os Brasileiros que aqui vêm parar, muitas vezes não são bem vistos, porque ora são jogadores de futebol ( até aqui tranquilo) ou são imigrantes desesperados que fazem de tudo, por exemplo posso dizer que os roubos feitos de forma bastante violenta começou aqui com brasileiros, esse sentimento eu entendo porque os Brasileiros também devem levar com Portugas que foram daqui para ai sem formação e devem ser autênticos parolos (caipiras suponho) dos aqui já não não há. Há também o caso das Brasileiras que estão cá "ao ataque", pessoalmente conheço Brasileiros cá de muito valor e acrescem em qualidade coisas ao País, um dos meus directores é Brasileiro e eu adoro trabalhar com ele.

O outro lado do sentimento é da "paternidade" ou seja nós vivemos ainda muito o que se passa no Brasil, saímos para a rua a festejar quando o Brasil ganha a copa como se fossemos nós, os católicos rezam quando há grandes acidentes como foi o caso daquela cratera salvo erro em s.paulo, é discutida na tv a situação politica e económica do Brasil por especialistas etc, ou seja olhamos para o Brasil como o filho que saiu de casa cedo para ir trabalhar e viver sozinho para fora. Claro que também não somos exemplo mas a situação de "desgovernação" do Lula é muito falada aqui.
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Latorre
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Mensagem por Latorre »

O outro lado do sentimento é da "paternidade" ou seja nós vivemos ainda muito o que se passa no Brasil, saímos para a rua a festejar quando o Brasil ganha a copa como se fossemos nós, os católicos rezam quando há grandes acidentes como foi o caso daquela cratera salvo erro em s.paulo, é discutida na tv a situação politica e económica do Brasil por especialistas etc, ou seja olhamos para o Brasil como o filho que saiu de casa cedo para ir trabalhar e viver sozinho para fora. Claro que também não somos exemplo mas a situação de "desgovernação" do Lula é muito falada aqui.
Ora, ora... mas juro que jamais imaginaria isso! Curioso!
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Petrovski
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Mensagem por Petrovski »

Há algum tempo atrás, estava jogando com meus amigos, e chegaram alguns portugueses na mesma sala que nós (isso tudo virtualmente, claro), e eles começaram a falar que nós éramos um bando de negrinhos que só sabiam fazer pornografia, e que nós devíamos à eles por sermos uma ex-colônia, entre outras coisas... Eu creio que essa seja uma minúscula minoria dos portugueses, mas me deixaram com a cara no chão :(
Britan
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Mensagem por Britan »

Da mesma maneira que os Brasileiros implicam com os "murrugas" execpções a regra somente.
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Diego
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Mensagem por Diego »

Petrovski escreveu:Há algum tempo atrás, estava jogando com meus amigos, e chegaram alguns portugueses na mesma sala que nós (isso tudo virtualmente, claro), e eles começaram a falar que nós éramos um bando de negrinhos que só sabiam fazer pornografia, e que nós devíamos à eles por sermos uma ex-colônia, entre outras coisas... Eu creio que essa seja uma minúscula minoria dos portugueses, mas me deixaram com a cara no chão :(
Não são só os portugas que nos xingam, nos tratam como a escória da internet, tinha um texto circulando na net falando sobre isso.
I'm Diego, and I'm coming to get the rest of you alien bastards.
eDDy
Moderador
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Registrado em: 26 Dez 2005, 12:01

Mensagem por eDDy »

[quote="Diego'']nos tratam como a escória da internet...[/quote]

LOL
Alexandre
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Registrado em: 07 Ago 2005, 18:10
Localização: Mogi das Cruzes SP

Mensagem por Alexandre »

...


Quem vai ligar para o que essa minoria ridícula diz :?
Vejam bem, ninguém bate em cachorro morto.
A ausência da evidência não significa evidência da ausência.
Carl Sagan
Bem-aventurados os que não viram e creram.
Jesus Cristo