CoRoT: em busca de exoplanetas

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hsette
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CoRoT: em busca de exoplanetas

Mensagem por hsette »

Está previsto para o próximo dia 27 de Dezembro de 2006 o lançamento a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão, do satélite CoRoT a bordo de um veículo do tipo Soyuz 2-1B. Durante os próximos três anos, o satélite CoRoT irá monitorar cerca de uma centena de estrelas e observar milhares de outras, em busca de planetas extra-solares.

O CoRoT 'Convection Rotation and planetary Transits' é uma missão espacial liderada pelo Centre National d’Etudes Spatiales (CNES) em associação com diversos parceiros internacionais, incluindo a Agência Espacial Europeia.

Imagem

A missão tem como principais objetivos científicos a descoberta de planetas extra-solares, através da observação de um fenômeno designado por trânsito, e o estudo do interior das estrelas, e da sua evolução, através de uma técnica conhecida por asterossismologia.

Para cumprir com os seus objectivos, o instrumento a bordo do CoRoT deverá ser capaz de detectar pequenas variações periódicas no brilho das estrelas sob observação. Para tal, o satélite transporta um telescópio afocal de 27 cm de diâmetro, equipado com uma câmara com 4 detectores CCD, e irá observar 5 regiões diferentes do céu, cada uma por um período de 150 dias consecutivos.

• Peso: 630 Kg
• Altura: 4,2 m
• Envergadura (painéis solares abertos): 9,6 m
• Precisão: 0,5 seg. arc
• Peso (instrumento): 300 Kg
• Comprimento (instrumento): 3,2 m
• Altitude: 896 Km
• Órbita: Polar
• Duração da missão: 2,5 anos (mínimo)
• Telescópio afocal de 27 cm;
• Câmara de grande campo (consegue observar cerca de 10º de raio, no céu);
• 4 detectores CCD de 2048 x 2048 pixels;
• Electrónica: Sistemas de controlo, de processamento e transmissão de dados.

As estrelas são um dos principais constituintes do Universo e reúnem as condições necessárias para a produção da grande maioria dos elementos químicos existentes. Além disso, compreender as estrelas é um passo essencial para compreender fenômenos relacionados com as mesmas, como, por exemplo, a formação de sistemas planetários e, particularmente, de planetas semelhantes a terra.
O que se busca são planetas telúricos isto é, corpos celestes com características semelhantes aos planetas rochosos como a Terra em volta de outras estrelas.
A existência de sistemas planetários para além do nosso sistema solar tem vindo a ser repetidamente comprovada, ao longo da última década. De fato, mais de 200 planetas extra-solares foram descobertos até hoje a orbitar em torno de outras estrelas. A maioria destes planetas são gigantes gasosos, algo semelhantes a Júpiter. A sua descoberta foi possível através da analise da perturbação que os mesmos causam no movimento da estrela em torno da qual descrevem a sua órbita. Pelo contrário, a detecção de pequenos planetas rochosos constitui, ainda hoje, um enorme desafio para a astronomia.
Quando um planeta semelhante a Júpiter passa em frente da estrela em torno da qual orbita, cerca de 1% da luz emitida pela estrela é bloqueada. Do ponto de vista do observador, o brilho da estrela aparece reduzido, voltando ao seu valor normal quando o trânsito termina. No caso de se tratar do trânsito de um planeta semelhante à Terra, a luz da estrela é reduzida apenas cerca de uma parte em dez mil., daí a necessidade de altíssima precisão.
Fonte: ESA


Quem quer fazer uma apostinha: garanto que até meados de 2008 teremos observado um planeta com características geofísicas bastante semelhantes à nossa Terra (composição, proximidade relativa à sua estrela central, etc.). :bball:
lulu
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Mensagem por lulu »

Será que esse equipamento tem precisão suficiente para detectar planetas do tamanho da Terra? Pelo que já li sobre o assunto, somente o interferometro teria capacidade para isso, previsto para 2020.
O futuro está no desenvolvimento da ciência!
hsette
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Mensagem por hsette »

Antes de mais nada, Feliz Natal, Lulu, e para todos demais.

E uma observação: cientistas brasileiros, através da Agência Espacial Brasileira, foram convidados a se engajar nessa missão espacial pelos responsáveis científicos franceses no final de 1999. Um comitê COROT-Brasil foi então criado, reunindo astrônomos de diversos centros de pesquisa do país interessados no projeto. Membros desse comitê participaram desde então das principais reuniões científicas envolvendo o satélite.

Eis o número: 10[sup]-4[/sup], ou um décimo de milésimo.
Essa cifra aparentemente insignificante corresponde, grosso modo, ao enfraquecimento da luz de uma estrela como o nosso Sol quando um planeta do tamanho da Terra passa na frente dela.

Tudo indica que o Corot terá muito mais facilidade para detectar trânsitos de planetas com raios bastante próximos ao da Terra. Além de contar com a clareza do ambiente espacial, sem fenômenos atmosféricos ou luz diurna para atrapalhar, o satélite estará equipado com um espelho de 27 cm, que servirá como coletor de luz, e quatro CCDs (sigla inglesa para dispositivos de carga acoplada).
São basicamente os chips sensíveis à luz utilizados nas câmeras digitais, mas com capacidade muito maior. Eles conseguirão perceber variações luminosas da ordem de até [sup]10-6[/sup].

O fato é que, enquanto o satélite não for lançado, é difícil saber o que esperar de seus achados. As projeções da equipe do Corot sugerem que, com certa folga, ele poderá detectar algumas centenas de gigantes gasosos e algumas dezenas de planetas rochosos, ou telúricos, com raio 1,5 vez maior que o da Terra. Alguns poderão ser mais quentes que o nosso, por estarem mais próximos de sua estrela e serem, portanto, de detecção menos complicada.


Gontes:
SCIAM: http://www2.uol.com.br/sciam/conteudo/m ... ia_58.html
Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Telesc%C3% ... cial_CoRoT


E então, topa minha aposta?
lulu
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Mensagem por lulu »

Feliz Natal a você também e a todos os amigos do forum!

Legal, pelo menos teremos alguma coisa a mais, mas o interferometro sim trará emoções sem precedentes, quando quatro ou cinco telescópios colocados a uma distância de 200 km um do outro, formarem uma rede para procurar diretamente os planetas telúricos, sem ter que analisar a luz das estrelas. Até lá poderemos nos divertir com esse pé-de-bode.
O futuro está no desenvolvimento da ciência!
hsette
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Mensagem por hsette »

Até lá poderemos nos divertir com esse pé-de-bode.
:lol: :lol: :lol:

Pois é.

Mas dizem que os menores frascos têm melhores perfumes.
Quem sabe o patinho feio pode acabar fazendo bonito?

Seria um achado e tanto. 8)
hsette
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Mensagem por hsette »

O lançamento foi um sucesso! :D

Imagem

Abaixo, uma ilustração da órbita do CoRoT (sigla que em português podemos traduzir como Convecção, Rotação e Trânsitos planetários).

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Trata-se de uma órbita do tipo polar (com inclinação de 90o em relação ao plano na órbita da Terra), e fica a cerca de 830 km de altitude. Essa conformação permite que se faça observações do céu por 150 dias ininterruptos sem quase nenhuma interferência de luz refletida pela Terra.

A participação brasileira insere-se no seguinte:
1. Utilização da estação terrena do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em Alcântara, elevando de 70 mil para 100 mil o número de estrelas observadas, em relação ao anteriormente programado.
2. Participação de cinco engenheiros/cientistas brasileiros na elaboração de software do calibração, correção instrumental e redução de dados;
3. Participação de cientistas brasileiros nos grupos de trabalho para definição, observação e análise preparatória das estrelas que serão observadas na missão.

Site do CoRoT no Brasil:
www.astro.iag.usp.br/~corot/index.html
hsette
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Mensagem por hsette »

O COROT obteve suas primeiras imagens do espaço. Durante as noites de 17 e 18 de janeiro passadas, os controladores ordenaram a abertura da coberta protetora de seu telescópio.

A primeira fotografia pertence à constelação do Unicórnio, próxima a Orión. Servirá para que os engenheiros possam calibrar os instrumentos.

Acho que vale o registro:

Imagem

Quando estiver no ponto, o COROT começará, espera-se que já em fevereiro próximo, seu labor de observação de estrelas, em busca de planetas extra-solares.
Até abril, o veículo manterá uma orientação contrária ao centro da Galáxia, até que o Sol deixe de interferir nas observações. Depois, girará sobre si mesmo 180 graus e começará a explorar a zona oposta.
Latorre
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Mensagem por Latorre »

...nao abriu... :(
NÃO HÁ DEUS. NEM DESTINO. NEM LIMITE.Imagem SEM FÉ, SOU LIVRE.
Se um Homem começar em certezas / ele terminará em dúvidas.
Mas se ele se contentar em começar com dúvidas / ele deve terminar em acertos (Francis Bacon)
hsette
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Mensagem por hsette »

Latorre, aqui consigo ver.

O jeito é seguir o link. É uma imagem simples, mas como disse, acho que vale o registro.

http://lh6.google.com/_qh2BBTkgMrY/RbiM ... mage_L.jpg
hsette
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Mensagem por hsette »

03 de maio/2007
E o Corot fez sua primeira descoberta de um exoplaneta gigante.

Pela acurácia demonstrada, tudo indica que ele será capaz de detectar planetas rochosos tipo Terra.

Abaixo o esquema de detecção, com a curva de luz durante o trânsito do planeta diante de sua estrela central.

Imagem

Mais informações:
ESA: http://www.esa.int/esaCP/SEMCKNU681F_index_0.html