Galáxias entram em colisão

[Britan]

A observação de uma gigantesca colisão entre dois grupos de galáxias permitiu aos astrónomos constatar directamente, pela primeira vez, a presença de matéria escura, anunciou esta terça-feira a NASA.

Esta observação «forneceu a primeira prova directa de que a matéria escura deve existir e deve constituir a maior parte da matéria no universo», declarou numa conferência de imprensa Douglas Clowe, investigador da Universidade do Arizona.

Clowe e os seus colegas publicam os resultados destas observações numa próxima edição da revista «Astrophysical Journal Letters».

O conceito de «matéria escura» remonta aos anos 60, quando os astrónomos constataram que as galáxias como a Via Láctea giravam sobre si próprias muito mais depressa do que a sua massa conhecida o permitiria.

Alguns cientistas consideraram que isso punha em causa as leis da gravidade, mas outros imaginaram a existência de uma massa ainda desconhecida existente nas galáxias, chamada «matéria escura».

Agora, graças aos dados fornecidos essencialmente pelo telescópio espacial de raios-X Chandra e pelos telescópios Hubble e Magalhães, foi possível descobrir e estudar um enorme grupo de galáxias pouco depois de ter colidido com outro, mais pequeno.

O acontecimento, apresentado como o mais poderoso conhecido no universo desde o Big Bang, ocorreu há 100 milhões de anos e provocou uma explosão completa dos dois sistemas de galáxias.

Ao medirem a distribuição da gravidade no novo sistema, que deverá evoluir para uma fusão dos dois grupos de galáxias, os investigadores mostraram que não coincidia com a das partículas conhecidas, essencialmente gases.

A colisão separou a matéria «normal» conhecida da matéria «escura», que, segundo concluíram os investigadores, constitui a maior parte da massa e controla a gravidade.

Falta responder à questão seguinte, ou seja, saber em que consiste essa matéria «escura», que não emite nem reflecte luz suficiente para ser vista mas representa 25 por cento do universo, comparado com cinco por cento da matéria comum, sendo os restantes 75 por cento formados por energia escura.