“Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.” (Mateus. 17:5)
“Enquanto assim falava, veio uma nuvem e os envolveu; e encheram-se de medo ao entrarem na nuvem.” (Lucas. 9:28-36)
Merece interesse especial o caso do desaparecimento de todo um regimento britânico, durante a Primeira Guerra Mundial, bem atestado pelo testemunho de numerosos indivíduos durante a malfadada campanha de Gallipoli, na Turquia, em 28 de agosto de 1915. A menção de um nevoeiro que a tudo envolvia faz lembrar algo. Apesar da confusão e da incerteza de um noticiário de combate, os relatos das testemunhas do desaparecimento do First Fourth Norfolk, nas imediações do Morro 60, na Baía Sulva, são precisos, claros - e desnorteantes.
Embora todo o regimento fosse dado como desaparecido, testemunhas do ANZAC (Corpo Militar da Austrália e da Nova Zelândia) e também as forças turcas alegaram que o regimento britânico em avanço jamais estabeleceu contato com os turcos. De acordo com os observadores da Seção NQ 3 da Companhia de Campo Número Um da Nova Zelândia, das Forças Expedicionárias Neozelandesas, o regimento britânico, o First Fourth Norfolk, caminhou para um terreno estranho perto do Morro 60, na Baía Sulva, e jamais reapareceu. Testemunhas do incidente notaram que o tempo, na manhã de 28 de agosto, estava excelente. Uma declaração conjunta assinada por Sappers F. Reichart (4/165), R. Newnes (13/416) e J. L. Newman (número não mencionado) descreve o que viram:
... O dia amanheceu claro, sem uma só nuvem à vista... a não ser seis a oito nuvens em forma de "floco de algodão" - todas exatamente iguais - pairando sobre o Morro 60. Apesar da brisa que soprava a seis ou oito quilômetros por hora, vinda do sul, essas nuvens não alteraram sua posição nem mudaram de formato, tampouco sendo impulsionadas pela brisa. Pairavam numa altura de 60 graus, vistas do nosso ponto de observação, cerca de 180 metros acima. Também parada, e repousando no chão, logo embaixo desse grupo de nuvens, encontrava-se uma outra, de forma parecida, mas medindo cerca de 250 metros de comprimento e com uns sete metros de altura e sete de largura. Essa nuvem era absolutamente densa, de estrutura com aparência quase sólida, e ficava a uma distância de cerca de 14 a 18 cadeias da luta, no território ocupado pelos britânicos. Tudo isso foi observado por vinte e dois homens da Seção no. 3 da Companhia de Campo no.1, NZE, a partir das nossas trincheiras, no Contraforte Rhododendron, aproximadamente dois quilômetros e meio da nuvem que se encontrava no chão. Tínhamos a vantagem de observar o Morro 60 cerca de cem metros acima dele. Como se verificou mais tarde, a nuvem singular passava por cima do leito seco de um regato, ou uma estrada afundada (Kaiajik Dere) e tínhamos uma visão perfeita dos lados e da ponta dessa nuvem em repouso no chão. Sua cor era cinza claro, como a das outras nuvens.
Um regimento britânico, o First Fourth Norfolk, com várias centenas de homens, foi visto, então, marchando em direção da estrada afundada, ou regato, a caminho do Morro 60. Parece que eles iam reforçar as tropas no Morro 60. Entretanto, quando chegaram à nuvem, marcharam em sua direção, sem a menor hesitação - e ninguém saiu dali jamais para desenvolver-se e combater no Morro 60. Cerca de uma hora mais tarde, quando o último da fila tinha desaparecido dentro dela, a nuvem, muito discretamente, elevou-se do solo e, como aconteceria com qualquer outra nuvem, ou nevoeiro, subiu lentamente, até se juntar às outras nuvens parecidas, que foram mencionadas no começo deste relato. Todo esse tempo, o grupo de nuvens tinha pairado no mesmo lugar, mas logo que a singular nuvem terrestre se ergueu até o seu nível, todas se afastaram para o norte, isto é, na direção da Trácia (Bulgária). Em questão de três quartos de hora, todas desapareceram de vista.
O Regimento mencionado foi dado como "desaparecido" ou "aniquilado" e, na rendição da Turquia, em 1918, a primeira coisa que a Grã-Bretanha pediu aos turcos foi a sua devolução. A Turquia respondeu que jamais capturara esse regimento, nem entrara em contato com ele, e não sabia, sequer, que existia. Um regimento britânico, em 1914-18, consistia num número de homens entre 800 e 4.000. Nós, que observamos esse incidente, atestamos o fato de que a Turquia jamais capturou aquele regimento, nem entrou em contato com ele...
Embora o desaparecimento de muitos soldados em combate possa ser, com freqüência, explicado por um simples desejo de sobrevivência, é também igualmente notável que nenhum desses soldados tenha jamais reaparecido. Caso os homens do Regimento First Fourth Norfolk marchassem para outra dimensão, só podemos esperar que o seu novo continuum tenha sido menos ameaçador do que o anterior, pois, como indicaram as baixas na Campanha de Gallipoli, havia muito poucas alternativas fora da calamidade e da morte. Talvez a alternativa desconhecida não fosse completamente desagradável. (Charles Berlitz – Sem Deixar Verstígios – ed. Nova Fronteira)
