Instantes inicias do Big Bang

É fundamental o estudo da astronomia em paralelo com a ufologia: evita-se enganos, e entende-se melhor o substrato das teorias. Este setor do fórum é aberto a questões puramente astronômicas. Debate dentro da metodologia científica - e sem choro.

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hsette
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Instantes inicias do Big Bang

Mensagem por hsette »

Notícias Terra: http://www.noticias.terra.com.br/cienci ... 02,00.html
16/03/2006
A sonda WMAP - sigla em inglês para Sonda de Anisotropia de Microondas de Wilkinson -, da Nasa conseguiu flagrar um instante imediatamente inferior - menos de um trilionésimo de trilionésimo de segundo - após o Big Bang, disseram astrônomos na quinta-feira.
O Big Bang, segundo os cientistas, foi a grande explosão de um ponto que acumulava toda a energia do universo, há 13,7 bilhões de anos, e deu origem às estrelas, planetas e demais corpos. Observando enormes distâncias, a sonda conseguiu ver com detalhes inéditos esses primeiros instantes do cosmo.
"Relatamos hoje as medidas mais precisas já feitas sobre o nosso universo quando na primeira infância", disse Charles Benett, principal pesquisador da sonda WMAP.
"Temos novas evidências de que o universo de repente cresceu de um tamanho submicroscópico para um astronômico, em menos de um piscar de olhos", disse o cientista em entrevista coletiva por telefone. "Esta tremenda inflação do universo aconteceu em muito menos de um trilionésimo de segundo."
Vista na forma de tênues microondas, essa luz primitiva observada ajudou os astrônomos a perceberem pequenas variações naquilo que Bennett descreveu como "um assustador mar vazio de nada".
As observações da sonda mostram, nos termos mais básicos, o conteúdo do universo. Apenas 4 % é de matéria comum, 22 % é da chamada matéria negra - que não é constituída por átomos, não emite nem absorve luz e só é detectável por sua gravidade -, e 74 % é uma misteriosa energia escura, que, segundo os cientistas, ainda provoca a expansão do universo.
"A energia escura está provocando mais um jorro de crescimento atualmente", disse Bennett. "Felizmente, é mais branda do que há 13,7 bilhões de anos."
Abaixo, uma linha do tempo de nosso Universo:
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Britan
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Mensagem por Britan »

Isso pode levar a pensar que estamos mesmo sozinhos não?
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hsette
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Mensagem por hsette »

ricardo_britan escreveu:Isso pode levar a pensar que estamos mesmo sozinhos não?
Não, Britan.
Não há, definitivamente, relação entre uma coisa e outra.

Esses dados vêm dar forte suporte ao Modelo Inflacionário, segundo o qual o Universo passou, em seus instantes iniciais, por uma expansão exponencial.

A energia (chamada escura, e ainda incompreendida) seria a responsável por isso, e estaria agindo até hoje, sendo responsável por observamos um Universo em expansão acelerada.
Britan
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Mensagem por Britan »

Por isso mesmo a existencia de vida pode ser uma casualidade
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hsette
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Mensagem por hsette »

ricardo_britan escreveu:Por isso mesmo a existencia de vida pode ser uma casualidade
Não estou compreendendo a relação que você está querendo estabelecer.
:?: :?: :?:
lulu
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Mensagem por lulu »

8) Isso me lembra os ensinamentos de uma religião antiga, da Índia ou Tibet, acho que o Budismo, que o universo é a respiração de Deus e que ele expira e depois inspira e cada período dura 20 bilhões de anos.

Então, se pegarmos a explosão inicial do nada é a expiração, depois vem os buracos negros que aos poucos vão consumindo tudo e voltando ao nada inicial, a inspiração.

E os ets, como ficam nessa?
O futuro está no desenvolvimento da ciência!
Britan
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Mensagem por Britan »

Eu ainda nao me consegui explicar, mas o queria dizer é que num espaço de tempo tão curto ( sim longo para nós) é uma coincidencia existirem civilizações que se possam desenvolver tao rapidamente e adaptarem-se a estas constantes transformações
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hsette
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Mensagem por hsette »

ricardo_britan escreveu:Eu ainda nao me consegui explicar, mas o queria dizer é que num espaço de tempo tão curto ( sim longo para nós) é uma coincidencia existirem civilizações que se possam desenvolver tao rapidamente e adaptarem-se a estas constantes transformações
Eu não vejo problemas nesse sentido.

Em primeiro lugar, as transformações parecem se dar conforme leis naturais constantes.

Em segundo lugar, sobre a atividade biológica:
- o sistema solar surgiu a cerca de 5 bilhões de anos;
- a Terra se formou a cerca de 4,5 bilhões de anos;
- há indícios de que a atividade biológica surgiu por aqui ainda durante os primeiros 500 milhões de anos da existência da Terra. Restariam 4 bilhões de anos para sua evolução.

Sendo assim, o que seria surpreendente para mim é que esse roteiro não tenha se repetido, concomitantemente, em diversos (e bota diversos nisso) outros sistemas espalhados pelo Universo.
Alexandre
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Mensagem por Alexandre »

lulu escreveu:8) Isso me lembra os ensinamentos de uma religião antiga, da Índia ou Tibet, acho que o Budismo, que o universo é a respiração de Deus e que ele expira e depois inspira e cada período dura 20 bilhões de anos.

Então, se pegarmos a explosão inicial do nada é a expiração, depois vem os buracos negros que aos poucos vão consumindo tudo e voltando ao nada inicial, a inspiração.

E os ets, como ficam nessa?
Engraçado isso :P Eu nunca havia escutado/estudado sobre esta religião e mesmo assim sempre me punha a pensar que nós e tudo o que há no Universo estaria "dentro do"corpo de Deus. Já que sabemos que Ele está em todo o lugar, em todas as coisas que vemos :shock: Quanto aos ets ,estes fariam parte do mesmo fluído no qual estaríamos mergulhados. :roll: Dá pra entender?
hsette
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Mensagem por hsette »

Fiz um apanhado do tópico sobre a Cosmologia na Antiguidade de um Curso de Cosmologia que estou fazendo no Site do Observatório Nacional.
Está um pouco grandinho, mas acho que vale a pena. Nos mostra que esta questão está presente desde os alvores da humanidade, e é tida como talvez a mais importante.


A cosmologia na Mesopotâmia era muito mais sofisticada do que, por exemplo, a do Egito. Os babilônios acreditavam em um universo de seis níveis com três firmamentos e três terras: dois firmamentos acima do céu, o firmamento das estrelas, a terra, o submundo do Apsu, e o submundo dos mortos.
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A Terra era um enorme plano que tinha uma forma circular. Ela repousava sobre uma câmara de água, um rio que a circunda totalmente. Em volta da Terra havia uma parede que sustentava uma cúpula onde todos os corpos celestes estavam localizados.
A Terra foi criada pelo deus Marduk como uma jangada que flutua sobre o Apsu. Os deuses estavam divididos em dois panteons, um ocupando os firmamentos e o outro no submundo.


O desenvolvimento da cosmologia no antigo Egito seguiu linhas práticas. Sua cosmologia refletia as suas crenças religiosas.
Uma vez que o deus Sol, Ra, era o mais importante dos deuses, o movimento solar anual era uma observação astronômica chave. A lenda egípcia declara que a deusa do céu Nut dá a luz Ra uma vez por ano.
Nut é representada como uma fêmea nua que se estica através do céu. O Sol, o deus Ra, é mostrado entrando em sua boca, passando através de seu corpo salpicado de estrelas e emergindo de seu "canal de nascimento" nove meses mais tarde (do equinócio da primavera ao solstício de inverno no hemisfério norte). Assim Ra se torna um deus que cria a si mesmo isto é, o universo é auto-criante e eterno.
A imagem abaixo, extraida do Livro dos Mortos, Deir el-Bahri, do século 10 a.C., mostra a deusa Nut, com o seu corpo suspenso pelo deus do ar Shu. O deus da terra Geb reclina-se a seus pés.
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Na Índia, a literatura dos Vedas e a arqueologia indianas nos fornecem bastante evidências relacionadas com o desenvolvimento da ciência pelos povos que habitavam este país. Existem registros que nos permitem acompanhar estes desenvolvimentos recuando no tempo até o ano 8000 a.C.
A mais antiga fonte textual destas narrativas históricas está no Rig Veda, o livro sagrado dos Hindus. De acordo com a história tradicional o Rig Veda é anterior a 3100 a.C.
O Universo é visto como três regiões, terra, espaço e céu, que no ser humano estão espelhadas no corpo físico, a respiração (prana) e mente. Os processos que ocorrem no céu, sobre a terra e dentro da mente são tomados como estando conectados. O universo também está conectado com a mente humana conduzindo à idéia de que a introspecção pode produzir conhecimento. O universo passa por ciclos de vida e morte.
As características mais notáveis da visão Védica do universo eram:
• o Universo é grande, cíclico e extremamente velho: Os Vedas falam de um universo infinito. A visão Védica exige que o universo passe por ciclos de criação e destruição, com ciclos muito longos, de bilhões de anos. Os Puranas falam de ciclos de criação e destruição de 8,4 bilhões de anos embora também existam ciclos mais longos.
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• relatividade do espaço e do tempo: Descrições mostrando que nem o espaço nem o tempo precisam fluir à mesma taxa para observadores diferentes é encontrada nas histórias de Brahmana e Purana assim como no Yoga Vasistha.
• números binários e infinito: Parece que um sistema de números binários foi usado por Pingala por volta do ano 450 a.C. A estrutura deste sistema numérico pode ter ajudado na invenção do sinal para o zero, feita pelos indianos possivelmente entre os anos 50 a.C a 50 d.C.
A idéia do infinito é encontrada nos próprios Vedas. Ele foi corretamente compreendido como aquilo que permanece inalterado se adicionarmos ou subtrairmos dele o próprio infinito.
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A imagem abaixo mostra um dos conceitos hindús do Universo. A Terra, chamada por eles de Monte Meru, e as regiões infernais eram transportadas por uma tartaruga, símbolo da força e poder creativo. Por sua vez, a tartaruga repousava sobre a grande serpente, que era o emblema da eternidade. Existiam três mundos. A região superior era a residência dos deuses. A região intermediária era a Terra e a região inferior era a região infernal. Eles acreditavam que o Monte Meru cobria e unia os três mundos. No topo do Monte Meru estava o triângulo, o símbolo da criação. As estrelas giravam em volta da montanha cósmica Meru.
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A cosmologia da China antiga pode ser vista na arte, arquitetura e nos escritos mais antigos deste povo. Ela está fortemente impregnada com as religiões dominantes, o Taoismo e o Confucionismo.
Existe um mito que data do século 3 a.C. que estabelece que no começo, o céu e a terra estavam unidos sob a forma de uma vasta nebulosidade na forma de um ovo. O primeiro homem sobre a Terra foi Pangu, e foi ele que separou o céu e a terra. A porção mais leve deslocou-se para cima, tornando-se o firmamento enquanto a porção mais pesada acomodou-se na parte de baixo e se tornou a terra.
Quando Pangu morreu sua cabeça se tornou as montanhas, seus olhos o Sol e a Lua, suas artérias e veias os mares e rios e seu cabelo e pele as plantas e os vegetais.
Sabemos que os chineses distinguiam entre estrelas e planetas e que eles já tinham notado o comportamento errático de vários corpos celestes. Existiam inicialmente três modelos de orientação celeste:
• Gai Tian era a teoria do firmamento em forma de domo. Ele colocava o que hoje chamamos de Ursa Maior no centro do domo celeste e a China ficava no centro da Terra.
• Hun Tian era a escola que previa um firmamento esférico com uma forma muito semelhante a um ovo de galinha onde a terra é como a gema. O firmamento era mantido suspenso por um vapor chamado "qi".
• Xuan Ye era a teoria que nos dizia que o universo era infinito e os corpos celestes estavam suspensos nele.
Em quase todas estas interpretações do firmamento, um vento ou vapor celestial sustentava os corpos celestiais.
Os chineses percebiam o céu como sendo arredondado. Ele tinha nove níveis cada um dos quais separado por um portão e guardado por um animal particular. O nível mais alto era o "Palácio da Tenuidade Púrpura". Era ai que o Imperador do Céu vivia, na constelação que hoje chamamos de Ursa Maior.
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Eles acreditavam que o coração da civilização estava situado no centro da Terra e à medida que a Terra se espalhava para fora deste centro as terras e seus habitantes se tornavam cada vez mais selvagens.