fbpx
Notícias

Programa de busca por extraterrestres reavaliará 150 sinais

Compartilhe:

BERKELEY – Após mais do que o equivalente a um milhão de anos de computação (Nota do Editor: comparado ao atual poder de processamento dos programas SETI convencionais), por mais de 4 milhões de computadores espalhados pelo mundo, o protetor-de-tela SETI@home, que processa dados em busca de sinais inteligentes vindos do espaço, produziu uma lista das fontes de sinais de rádio que merecem receber uma segunda olhada.
Três membros da equipe do SETI@home irão para Porto Rico este mês, para apontar o rádio telescópio de Arecibo em direção aos 150 pontos identificados como possíveis fontes de sinais produzidos por civilizações inteligentes.
SETI@home é um programa de computador disfarçado de protetor-de-tela, quando o computador está ocioso o programa entra em funcionamento e analisa dados obtidos com um rádio telescópio, em busca de sinais fortes ou incomuns vindos do espaço. Os candidatos para re-observação, através do rádio telescópio, são os sinais particularmente intensos ou aqueles que foram observados mais de uma vez no mesmo ponto, alguns deles mais do que cinco ou seis vezes.
Os usuários do SETI@home conhecerão os resultados das re-observações – o que a The Planetary Society, a fundadora e principal mantenedora do SETI@home, está chamando de “contagem regressiva estelar” – dentro de dois a três meses.
Embora excitado com a oportunidade de re-observar 150 sinais candidatos, Anderson é cauteloso em alimentar nas pessoas a expectativa de que eles irão identificar um sinal de uma civilização extraterrestre. “Se existe alguma possibilidade de encontrarmos um sinal extraterrestre, ela é provavelmente muito menor do que 1%”, diz ele.
O físico Dan Werthimer da Universidade de Berkeley (Califórnia), o cientista chefe do SETI@home, também não está muito esperançoso. Ele tem conduzido a Busca por Inteligência Extraterrestre ( SETI, Search for Extraterrestrial Intelligence) por 24 anos – 11 dos quais usando o radio-telescópio de Arecibo, que possui uma antena parabólica com 1000 pés de diâmetro – e por diversas vezes re-observou pontos promissores e faixas de frequência de rádio para determinar se um forte sinal poderia ser algo mais do que ruído aleatório, um erro de leitura ou um satélite passando. Ele se desapontou todas as vezes.
Por outro lado, SETI@home mobilizou uma capacidade computacional tão superior a já utilizada antes na análise de sinais de rádio, que a equipe tem sido capaz de executar computações muito mais detalhadas e complexas na análise dos dados do que é possível agora no atual projeto de Werthimers no SETI, chamado SERENDIP IV (Search for Extraterrestrial Radio Emissions from Nearby Develope Intelligent Populations). “Eu estimo uma chance em 10.000 que um de nossos candidatos se mostre proveniente de uma inteligência extraterrestre”,diz Werthimer, que irá para Porto Rico no dia 16 de março.
“Independente do SETI@home ser bem sucedido ou não em encontrar evidências de inteligência extraterrestre, nesta fase inicial, este projeto já entrou para a história”, disse Bruce Murray, coordenador da junta diretora da The Planetary Society’s. “ O SETI@home fez a mais sensível e detalhada análise de dados do SETI até hoje, demonstrou o poder da Internet para executar tarefas científicas através da computação distribuída, e permitiu a participação do público em geral em um excitante projeto de pesquisa”, avaliou.
Para agradecer aos 4.287.000 usuários que analisaram os dados de rádio, a equipe do SETI@home irá colocar em sua página na Web os nomes dos participantes que apontaram os sinais candidatos, como resultado da análise de dados feita em seus computadores pessoais. Cada sinal candidato foi analisado por diversas pessoas, já que o SETI@home manda o mesmo conjunto de dados para mais de uma pessoa para aumentar a confiabilidade dos resultados.
A lista de candidatos é muito maior do que 150, mas Werthimer estima que este é o máximo que ele e seus dois colegas vão conseguir observar durante o total de 24 horas, entre os dias 18 e 20 de março, em que o Observatório de Arecibo estará à sua disposição. Os critérios para a inclusão na lista de pontos a serem observados envolvem não apenas a intensidade do sinal ou o número de vezes em que um sinal foi observado no mesmo ponto e radio-frequência, mas também a proximidade do sinal de uma estrela conhecida e a possibilidade desta estrela possuir planetas.
“Estes fatores nos permitem estimar a probabilidade do sinal candidato ser apenas ruído”, Anderson diz. “Nós estamos interessados nos candidatos menos prováveis de serem ruído”.
Uma análise parcial dos sinais será feita enquanto a equipe coleta os dados, assim as observações podem ser paradas e repetidas se um sinal muito forte aparecer. Werthimer será auxiliado pelo estudante Paul Demorest e o cientista Eric Korpela.
Uma análise mais detalhada será feita mais tarde, segundo Anderson, de preferência com a nova versão do protetor-de tela SETI@home, agora baseado na nova plataforma de processamento distribuído chamada BOINC (Berkeley Open Infrastructure for Network Computing).
SETI@home ofereceu seu protetor-de-tela ao mundo em maio de 1999, como o primeiro exemplo de processamento distribuído em larga escala – conectando através da Internet computadores ociosos para atacar problemas computacionais de grande porte. A chave do seu sucesso foi uma produtiva colaboração entre Anderson, um cientista computacional e um dos principais desenvolvedores do conceito do processamento distribuído, e Werthimer, um físico com duas décadas de experiência coletando e triando sinais de rádio em busca de sinais incomuns vindos do espaço.
Juntos eles atingiram não somente fãs de ficção científica e aficcionados em computadores, mas também muitos outros interessados em oferecer o uso de suas máquinas pessoais para ajudar projetos importantes. SETI@home originou numerosos outros projetos de processamento distribuído, incluindo o Folding@home para calcular a estrutura tridimensional de proteínas e o climateprediction.net para melhorar as previsões científicas sobre o clima do século 21.
Entretanto, cientistas interessados em lançar projetos similares têm sido desencorajados pelo tempo e dinheiro necessários para criar este tipo de software. Para resolver este problema, Anderson desenvolveu o BOINC, o qual é financiado pela National Science Foundation. Além de ser uma plataforma de uso geral, ele permite aos usuários repartir o uso do computador entre diferentes projetos de processamento distribuído.
“BOINC simplificará para os cientistas a implementação e a atualização de seus aplicativos sem parar o funcionamento dos mesmos”, diz ele. “Cada modificação no SETI@home exigia que todos os nossos usuários baixassem e instalassem a nova versão do programa, BOINC ira administrar este processo sem necessitar da intervenção do usuário”, destaca.
BOINC também tem a capacidade de armazenar dados no espaço disponível em disco, da mesma forma como o Napster, Gnutella e Kazaa utilizam o disco rígido do PC para armazenar arquivos MP3.
“O total de espaço livre em disco é espantoso”, diz Anderson. “BOINC irá nos permitir fazer experiências com novas formas de manipulação de dados, como mandá-los através de conexões de alta velocidade na Internet direto dos telescópios para os PCs, arquivando-os redundantemente nos discos rígidos. Isto irá expandir muito o âmbito do projeto SETI”, esclarece.
O teste para BOINC será o projeto Astropulse, o qual foi desenhado especificamente para reexaminar os dados do SETI@home em busca de pulsos curtos de rádio, algo que nem o SETI@home nem nenhum outro projeto SETI pode atualmente fazer muito bem. De acordo com Werthimer, Astropulse pode detectar pulsares, os quais piscam em períodos de milisegundos ou mais; buracos negros em processo de desaparecimento, que deveriam emitir um breve pulso de ondas de rádio enquanto saem da existência; assim como mensagens de extraterrestres.
“Astropulse será o primeiro grande teste para o BOINC”, que também fornece gráficos tridimensionais melhorados e mais realísticos, segundo Anderson. “Se tivéssemos 1.000 pessoas participando na primeira experiência com o BOINC, nós poderíamos analisar os dados da re-observação em apenas poucos dias”, completa. “É uma forma inteiramente nova de procurar por ET”, diz Werthimer.
Ele e Anderson enfatizam que, enquanto que as re-observações são a conclusão de aproximadamente 4 anos de análise de dados, SETI@home não está chegando ao fim. Werthimer espera lançar um programa SETI no hemisfério sul, no Observatório Parkes na Austrália, cujos dados seriam processados pelo SETI@home. E ainda existem dados vindo dos instrumentos do SERENDIP IV, na antena de Arecibo, os quais logo irão usar receptores melhorados, capazes de registrar os dados de mais de uma área do céu de uma vez. Segundo Anderson, “isto é um marco, mas o SETI@home irá continuar”.
Além da The Planetary Society (Nota do Editor: Sociedade Planetária, da qual um dos fundadores foi Carl Sagan), outros grandes financiadores do projeto são a Sun Microsystems, a Universidade da California, Quantum Corp., Fujifilm Computer Products e Network Appliance.


*Centro de Mídia da Universidade de Berkeley (Califórnia). Tradução e adaptação por Jorge H. Petretski

----publicidade----
Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

As esferas voadoras na história da Ufologia Aviões e óvnis O que caiu em Caieiras na noite de 13 de junho de 2022? Extraterrestres: é a ciência quem diz! As etapas da pressão sobre o governo dos EUA em relação aos óvnis/UAP
×